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Raízen: GIC coloca um pé no futuro descarbonizado e compra 5%

Companhia está dando vida e escala ao etanol de segunda geração, feito a partir do bagaço da cana

Raízen: além do GIC, empresa ostenta gestora Baillie Gifford entre seus acionistas (Meaghan Skinner Photography/Getty Images)
Raízen: além do GIC, empresa ostenta gestora Baillie Gifford entre seus acionistas (Meaghan Skinner Photography/Getty Images)
Graziella Valenti

Graziella Valenti

2 de abril de 2023 às 19:22

O fundo soberano de Singapura, o GIC, tornou-se um dos maiores acionistas da Raízen (RAIZ4), a companhia produtora de etanol e biogás e distribuidora de combustíveis que é uma joint-venture entre Cosan e Shell selada em 2010. Ontem à noite, dia 29, o fundo anunciou ter alcançado uma fatia de 5,09% das ações preferenciais. Com isso, o governo singapurense colocou um pé no futuro da descarbonização.

A companhia é negociada hoje por pouco mais de 1/3 da avaliação recebida para a oferta pública inicial (IPO) realizada em agosto de 2021. Na ocasião, foi avaliada em R$ 70 bilhões, e ontem encerrou o dia valendo R$ 28,5 bilhões, com a ação a R$ 2,75.

Não é toda empresa que pode se dar ao luxo de ter um fundo soberano como maior acionista “de mercado”. Já a Raízen ostenta, além do investimento do tesourou do governo daquele país, a gestora escocesa Baillie Gifford como uma das maiores acionistas de bolsa, com uma participação de 10% das ações preferenciais. A casa, considerada de longo prazo e fundamentalista, tem apenas duas apostas de destaque no Brasil, após muitos anos distante: a Raízen e a B3.

A fabricante de etanol, berço do grupo Cosan, de Rubens Ometto, é um caso de exceção. Não foi listada no Novo Mercado, onde somente são admitidas companhias com capital formado exclusivamente por ações ordinárias. A escolha por emitir ações preferenciais foi criticada. Mas, aos poucos, ficou compreendido que a Shell entende se tratar de ativo estratégico para seu projeto de transição energética e não quis diluir sua influência política.

A Raízen está dando vida e escala ao etanol de segunda geração, feito a partir do bagaço da cana, sobra da produção do etanol de primeira geração. O produto, quando a empresa foi listada na B3, era uma promessa que muitos ainda duvidavam. Agora, há diversas plantas em desenvolvimento, financiadas, principalmente, por contratos de abastecimento de longo prazo com grandes empresas internacionais.

Na época da oferta pública inicial (IPO), a companhia destacava ter potencial de dobrar sua produção sem ter de aumentar sequer um único hectare de área plantada. Aos poucos, o projeto ganha corpo. Com isso, a empresa se transforma, silenciosamente, em um ativo estratégico para um futuro descarbonizado. Trata-se, além disso, do maior player de bioenergia totalmente integrado e verticalizado do mundo. Além da produção de etanol de 1ª e 2ª geração, mais açúcar, a empresa é dona da rede de distribuição de combustíveis que opera com a bandeira Shell no Brasil.

No acumulado do ano safra 2022’23, a empresa teve receita líquida de R$ 190 bilhões, um crescimento de 34% na comparação anual.

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Graziella Valenti

Graziella Valenti

Editora Exame IN

Criadora do EXAME IN, espaço dedicado à cobertura de negócios, com foco em mercado de capitais. Na EXAME desde março de 2020, ficou 13 anos no Valor Econômico, oito como repórter especial, sete anos na Broadcast, do Grupo Estado.