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Presidente da JHSF fala para a “mãe entender” e atrai pequeno investidor

Base de acionistas da companhia mais que triplica em três meses e pessoa física já tem 1/3 do capital em circulação

Thiago Alonso de Oliveira, presidente da JSHF, foi ao Twitter: as pessoas não querem falar com um logotipo (Leandro Fonseca/Exame)
Thiago Alonso de Oliveira, presidente da JSHF, foi ao Twitter: as pessoas não querem falar com um logotipo (Leandro Fonseca/Exame)

Publicado em 4 de junho de 2020 às 11:32.

Última atualização em 4 de junho de 2020 às 15:39.

O aumento da participação da pessoa física na bolsa traz desafios, em especial, para as empresas, que precisam saber se comunicar de forma compreensível com esse público. Quem vem conquistando atenção nessa frente é a JHSF, companhia dedicada ao mercado de luxo que é dona, entre outros, dos shoppings Cidade Jardim e Catarina, do empreendimento imobiliário Fazenda Boa Vista, dos restaurantes e hotéis Fasano e do primeiro aeroporto privado do país, a cerca de 60 quilômetros da cidade de São Paulo.

Avaliada em 3,7 bilhões na B3, a JHSF tinha 30 mil investidores em sua base de acionistas no fim de dezembro e agora já tem mais de 100 mil. As pessoas físicas, contou o presidente, Thiago Alonso de Oliveira, à EXAME, têm agora uma fatia de quase 1/3 do capital da empresa em circulação na bolsa.

Oliveira é pioneiro nessa frente desde os tempos em que era relações com investidores da Lupatech. “Eu mesmo escrevo os fatos relevantes da empresa. Quero uma comunicação que minha mãe possa entender”, enfatizou ele. “Posso decidir se vou dizer que estou com cefaleia e vou tomar um parecetamol ou se tenho uma dor de cabeça que vou tratar com Tylenol.”

Outra ferramenta poderosa que o executivo decidiu utilizar é a comunicação direta. Tem uma conta no Twitter com mais de 11,7 mil seguidores. “Em agosto do ano passado, eram pouco mais de 200”, contou ele. O balanço do primeiro trimestre da JHSF estava disponível para os investidores, de forma quase simultânea, na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e na conta do executivo na rede social. “O meu papel não é vender a ação da empresa. É explicar o que está acontecendo e deixar a decisão para o investidor.”

Ele contou que a decisão de ir para o Twitter está relacionada ao fato de perceber que precisava falar diretamente com o investidor.  Por ser uma companhia de médio porte não tinha a mesma atenção dos intermediários, como analistas de investimentos, do que empresas de grande porte. “As pessoas não querem se comunicar com um logotipo. Por isso, assumi essa tarefa diretamente, da minha conta pessoal.” Deu resultado. Oliveira tem se tornado um exemplo para diversos executivos.

Apesar de vanguardista no assunto, o presidente da JHSF se preocupa com o desenvolvimento do mercado e o avanço da pessoa física, tema da capa da edição de hoje da Revista EXAME. Para ele, que começou a investir no mercado de ações com onze anos de idade, pelas mãos do avô, a questão central é a educação do investidor.

“Eu gostaria de saber se todos esses investidores que ingressaram no mercado fizeram algum tipo de curso. Isso é muito importante”, enfatizou. “Para que possamos dirigir um carro, precisamos de uma certificação, que é a carteira de habilitação. Pilotar nossa vida financeira não é muito diferente: precisamos saber o que estamos fazendo”, afirmou, entusiasta da ideia de que educação financeira deveria ser grade curricular desde o ensino fundamental.

Na casa dele, já é. Oliveira repete os passos aprendidos com o avô e ensina os filhos, de 14 e 11 anos, que possuem uma carteira conjunta de ações, na qual aplicam após discutirem entre eles quais as melhores oportunidades.

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