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Oi: entenda o papel da Highline e que o jogo da móvel está só no começo

O jogo de venda da Oi Móvel não terminou: interessados poderão apresentar proposta no leilão da empresa

Loja da Oi: interesse surpresa da Highline exigirá mais agressividade do trio Vivo, TIM e Claro (Marcelo Corrêa/Exame)
Loja da Oi: interesse surpresa da Highline exigirá mais agressividade do trio Vivo, TIM e Claro (Marcelo Corrêa/Exame)
GV

Graziella Valenti

23 de julho de 2020 às 13:16

A até então quase desconhecida do público Highline do Brasil ganhou as manchetes como a preferida para dois dos principais ativos à venda pela Oi, que está em processo de recuperação judicial e em fase de atualização do plano. Muitos entenderam, com o comunicado da tele desta madrugada, que os demais interessados — com destaque para o trio formado por Telefônica Vivo, TIM e Claro — são carta fora do baralho. Calma lá, pessoal!

O processo de venda dos ativos da Oi é diferente das fusões e aquisições tradicionais e está usando um modelo conhecido fora do Brasil como “stalking horse” — um cavalo perseguidor, em uma tradução livre. Esse ainda não é o leilão da venda da Oi Móvel. Ele somente poderá acontecer depois que o plano atualizado de recuperação da tele for aprovado em (AGC), ainda sem data, mas estimada para ocorrer em agosto. E no leilão todos os interessados conhecidos, e até eventuais novos, poderão participar.

O papel da Highline como ‘stalking horse’ é oferecer uma proposta base vinculante. Se ninguém no leilão oferecer um conjunto de condições melhor, aí sim ela será compradora. O prazo de exclusividade anunciado, até 3 de agosto, é para a documentação da companhia americana como líder do processo de venda — não para a venda propriamente. Os contratos, contudo, também já vão prever as condições do negócio. Mas a Oi não pode vender nada antes da assembleia de credores. Como contrapartida de sua garantia de compra, a Highline tem sempre o direito de cobrir uma oferta concorrente que aparecer.

Dentro de processos de recuperação judicial, a venda de ativos, organizados na forma de Unidade Produtiva Isolada (UPI), sempre pressupõe um leilão.

A companhia de infraestrutura, criada pela gestora de recursos Pátria Investimentos e hoje pertencente ao fundo americano Digital Colony, não atua no mercado de atendimento ao cliente e, mesmo assim, conseguiu se eleger para liderar a compra da empresa de telefonia móvel da Oi, cujo preço mínimo é de 15 bilhões de reais, e também das torres de telefonia, que tem valor mínimo de 1 bilhão de reais. A expectativa é que a própria Highline tenha um plano para a base de clientes da Oi depois da transação. A companhia não é nova no Brasil e praticamente todas teles já são clientes de sua infraestrutura.

Embora obter recursos seja o principal objetivo da tele brasileira, sua escolha pode levar em consideração outras questões, como prazo e condicionantes, por exemplo. É certo que uma venda para o trio de teles nacionais demandaria muito mais tempo de análise pelos órgãos reguladores — Anatel, do setor de telecomunicações, e Cade, da concorrência. Portanto, muito mais riscos.

A escolha da Highline pela Oi foi estratégica e colocou pressão sobre Telefônica Vivo, TIM e Claro. Vai exigir mais habilidade na proposta, para lidar com os riscos regulatórios, e mais preço. Em relatório desta quinta-feira, o Santander estima que as sinergias para o trio sejam de 10 bilhões de reais a 12 bilhões de reais – uma folga e tanto para quem quer competir pelo ativo.

 

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