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Farmácias

OAZ: a nova marca da Eurofarma que deve faturar, no mínimo, R$ 18 milhões em 2023

Divisão, que marca a estreia da farmacêutica em higiene e beleza, começa o ano com 14 produtos e deve terminar com 67

Marca própria: em período de testes, produtos venderam o triplo do que companhia esperava (Eurofarma/Divulgação)
Marca própria: em período de testes, produtos venderam o triplo do que companhia esperava (Eurofarma/Divulgação)
Karina Souza

Karina Souza

25 de abril de 2023 às 19:14

A Eurofarma entrou de vez no segmento de consumo com a marca OAZ. A divisão de higiene e beleza nasce com 14 produtos, divididos em três linhas: Oral (com enxaguante bucal), Da praia ao campo (com protetor solar e pós-sol) e Todo Dia (hidratante e sabonete). Até o fim do ano, deve contar com mais de 60 produtos, incluindo também outras categorias, como protetor solar e repelente. Ao aumentar a quantidade de produtos vendidos e de pontos de venda ao longo do ano hoje, a empresa ainda não fechou contratos com todas as grandes redes farmacêuticas a Eurofarma estima que esse conjunto de produtos gere um faturamento de, no mínimo, R$ 18 milhões em 2023. A cifra deve quadruplicar nos próximos cinco anos. 

O lançamento é o passo mais recente de uma estratégia conduzida desde 2021 para ganhar espaço no segmento Over The Counter (ou OTC, no jargão de mercado, sigla que define produtos comprados sem prescrição médica, resumidamente). Antes, a Eurofarma atuava somente com medicamentos, com destaques para genéricos, oncologia, prescrição médica e hospitalar. 

É um mercado em ascensão. Dados da IQVIA apontam que a categoria de OTC movimentou, nos 12 meses até outubro de 2022, R$ 88,1 bilhões em vendas, aumento de 16,9% em relação ao período anterior. E, é claro, a Eurofarma não foi a única empresa a querer surfar essa onda. Outras farmacêuticas, como a Cimed, investiram no último ano em lançamentos de consumo: a companhia investiu em parcerias que vão de Anitta a Fini, e em uma alta presença digital. Em higiene e consumo, a companhia afirma que se tornou o segundo maior laboratório do mercado, projetando assumir a liderança em 2023. Hoje, a companhia atua em 11 categorias, estando no "top 3" de sete delas, de acordo com os dados do relatório anual de 2022.

Ainda no setor, mas sem uma comparação direta de indústria, também se destaca ao longo do tempo o crescimento da Needs, da RD (antiga RaiaDrogasil). Em 2022, 12 anos depois do surgimento da marca própria, a companhia chegou R$ 1 bilhão em vendas nessa categoria.

Para a Eurofarma, a virada de chave veio depois da fase inicial da pandemia, diante da mudança de comportamento do consumidor, mais focado em autocuidado e em fortalecer a saúde em meio à profusão da covid-19. De olho em dar os primeiros passos nesse setor, a companhia começou a direcionar alguns produtos da divisão de prescrição médica como multivitamínicos anteriormente trabalhados somente com médicos, para passar a oferecê-los nas farmácias. 

Toda essa trajetória fomentou o caminho para que a companhia conseguisse começar a testar o desenvolvimento de produtos próprios no início de 2022. O primeiro veio no início do ano, um enxaguante bucal de 250 ml, que teve uma receptividade de mercado muito acima do que a companhia esperava. "Começamos pelo menor mercado, com concorrentes consolidados, e vendemos o triplo do que esperávamos", afirma Donino Scherer, diretor da unidade de negócios responsável pela marca OAZ, ao EXAME In. Os ganhos vieram, na visão da companhia, por um mix de preço baixo e qualidade.

Para atender a esses critérios, a empresa investe continuamente em inovação. Em 2022, os investimentos totais em P&D somaram R$ 590,6 milhões, montante 63% maior do que o registrado em 2021. A maior parte desse dinheiro, vale lembrar, ainda é dedicada a medicamentos.

"OTC e, especificamente, a OAZ, exigem inovação constante. Não é nem para lançar algo 'revolucionário', mas para oferecer opções ao consumidor. Por exemplo, em vez de trazer um enxaguante bucal sabor menta, ter também a opção de menta com gengibre. Estamos começando a trabalhar nisso e em parcerias. Recentemente fechamos uma com a Viacom, para produzir produtos licenciados, apresentamos em uma feira do setor e foi um sucesso", diz Scherer. Com todos esses fatores na mesa, na ponta mais otimista, a companhia espera que a marca OAZ, no fim de 2023, gere um faturamento de R$ 50 milhões.

O montante vem para completar a divisão de OTC que faturou cerca de R$ 160 milhões em 2022 , um reflexo tanto de expansão orgânica quanto de movimentos inorgânicos. Antes da OAZ, a empresa reforçou a divisão de produtos de balcão com a aquisição de 12 ativos da Hypera na América Latina por US$ 161 milhões. Em 2022, comprou a marca Valda e de outros ativos do Laboratório Canonne, por R$ 725 milhões.

Ampliando ainda mais a perspectiva, os R$ 160 milhões gerados pela divisão de OTC representaram 3% da receita total da Eurofarma. Apesar de tímido, o percentual já triplicou de tamanho desde o início dos trabalhos da divisão, em 2021, quando respondeu por 1% do faturamento da companhia.

A divisão contribui não só com faturamento mas também com rentabilidade. De acordo com os dados do relatório anual da Eurofarma, a margem bruta da companhia avançou 1,3 ponto percentual, para 66%, devido ao mix favorável de produtos vendidos, "com maior representatividade de produtos de prescrição e OTC". Os ganhos só não foram maiores, no período, por causa do aumento de custos de material e insumos uma herança que perdura desde 2020. No ano passado, o lucro bruto da Eurofarma foi de R$ 5,3 bilhões, 16% maior do que o de 2021.

Apesar da contribuição para a margem da companhia, Donino afirma que não se trata de um jogo ganho. "Temos concorrentes de altíssimo nível e temos de nos ajustar às oscilações de preços que o mercado apresenta, mesmo não sendo um ambiente regulado. Trabalhamos tanto na produção, interna e terceirizada, quanto na aquisição de matéria-prima pelo melhor preço, para conseguirmos ganhos ao longo do tempo", afirma o executivo.

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Karina Souza

Karina Souza

Repórter Exame IN

Formada pela Universidade Anhembi Morumbi e pós-graduada pela Saint Paul, é repórter do Exame IN desde abril de 2022 e está na Exame desde 2020. Antes disso, passou por grandes agências de comunicação.