Logo Exame.com
Via Varejo

O plano da nova gestão da Via para voltar a crescer

Dona das casas Bahia prevê fechar de 50 a 100 lojas e quer mudar modelo de funding do crediário

Via: empresa anuncia plano de transformação de “crescimento sustentável” pós-2025 (Alexandre Battibugli/Exame)
Via: empresa anuncia plano de transformação de “crescimento sustentável” pós-2025 (Alexandre Battibugli/Exame)
Raquel Brandão

Raquel Brandão

10 de agosto de 2023 às 20:25

Ao completar 100 dias como CEO da Via, Renato Franklin está olhando para 2025. No balanço do segundo trimestre divulgado há pouco, 10, a varejista reverteu o lucro de R$ 6 milhões e reportou um prejuízo de R$ 492 milhões, em linha com o esperado pelo mercado.

Mas a grande novidade foi mesmo o anúncio de um plano de transformação de “crescimento sustentável” pós-2025.

A empresa prevê fechar de 50 a 100 lojas, com uma “redução significativa de despesa com o pessoal”, liberando R$ 370 milhões para o lucro operacional.

Com a readequação de estoques e foco na venda própria em categorias como linha branca e marrom, de mais porte, o plano é liberar até R$ 1 bi para o caixa.

Já do lado financeiro, a ideia é diversificar as alternativas de funding para o crediário, passando a depender menos de financiamento bancário e acessando outros bolsos – uma das possibilidades em estudo é um modelo de captação via FDICs.

“O driver era crescimento, mas mudou para rentabilidade”, diz Franklin, que veio da locadora de veículos Movida, acrescentando que os investimentos anuais estimados em R$ 1 bilhão anteriormente passarão a ser de R$ 600 milhões. No segundo trimestre, a queima de caixa foi na ordem de R$ 600 milhões.

Uma das iniciativas para virar o jogo é sair de vez de categorias de margem baixa no 1P, que são as vendas diretas no e-commerce.

A ideia é de que a dona da Casas Bahia e da Ponto se concentre no seu core, ou seja, em produtos de linha branca (geladeiras e fogões, por exemplo), linha marrom (áudio e vídeo) e celulares. E deixe para os sellers (vendedores do marketplace também chamados de 3P) as categorias de cauda longa, como bebidas, fraldas e outros produtos de consumo recorrente, menos rentáveis.

A definição desse mix de produtos entre 1P e 3P é algo que está no radar do mercado e uma melhoria que mesmo a gestão anterior, de Roberto Fulcherberguer, já havia identificado.

No segundo trimestre a empresa reduziu em R$ 895 milhões os estoques em relação ao mesmo período do ano passado. Além disso, 23 categorias já migraram totalmente para o 3P, reproduzindo um modelo que já se provou mais assertivo em concorrentes como o Magazine Luiza e o Mercado Livre.

O GMV (valor total movimentado por produtos vendidos na Via) ficou estável, em R$ 11 bilhões, enquanto a receita líquida caiu 2,1%, para R$ 7,48 bilhões.

Com a redução de estoques, a empresa estima que o GMV vá cair de 2% a 3%. A margem bruta, explica Franklin, também vai sofrer pressão no primeiro momento, mas a redução de custos vai deixar a operação mais rentável. A ideia do executivo é aproveitar a proximidade da Black Friday para fazer as remarcações de preço.

Nas operações, a empresa também prevê fechar de 50 a 100 lojas e reduzir o quadro de funcionários,

Para conseguir alcançar esse ganho de rentabilidade, a empresa também está buscando soluções para sua estrutura de capital, explica Elcio Mitsuhiro Ito, que chegou como CFO em junho – completando a onda de mudanças na direção executiva.

Pelo menos R$ 2,5 bilhões de créditos fiscais devem ser monetizados esse ano, diz Ito, que tem passagens pela BRF e pela Iochpe-Maxion.

Uma das possibilidades estudadas pela empresa é a criação de FDICs como funding para as operações de crediário. Isso liberaria R$ 5 bilhões de linhas de financiamento da empresa junto aos bancos e ajudaria a reforçar o serviço de crédito ao cliente, que tanto ajuda nas vendas, de acordo com o diretor financeiro.

“Hoje trabalhamos com número limitado de bancos e não acessamos outros bolsos que trabalham com prazo maior”, explica. O modelo final de captação ainda está sendo estudado.

Para quem decide. Por quem decide.

Saiba antes. Receba o Insight no seu email

Li e concordo com os Termos de Uso e Política de Privacidade

Raquel Brandão

Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Jornalista há mais de uma década, foi do Estadão, passando pela coluna do comentarista Celso Ming. Também foi repórter de empresas e bens de consumo no Valor Econômico. Na Exame desde 2022, cobre companhias abertas e bastidores do mercado