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NFT: herdeiro da Multiplan cria marketplace global de criptoarte, a Tropix

Nova plataforma nasce em parceria com Mercado Bitcoin e tem como sócios grupo de notáveis do universo cripto

Daniel Peres Chor: primeiro lançamento da Tropix será leilão de obra do brasileiro Vini Naso
Daniel Peres Chor: primeiro lançamento da Tropix será leilão de obra do brasileiro Vini Naso
GV

5 de agosto de 2021 às 08:11

Se o universo digital revolucionou todas as indústrias e até o ativo mais básico que é o dinheiro, com as criptomoedas, não haveria razão para a arte escapar desse movimento. Nessa esteira de transformação, o blockchain está se consagrando como a porta para um novo universo artístico-criativo.

Liderado pelo herdeiro e diretor de inovação do grupo de shopping centers Multiplan, Daniel Peres Chor, um grupo de notáveis se uniu para fundar a Tropix, uma plataforma que se propõe a ser um marketplace de obras de arte digitais e, ao mesmo tempo, um grande cartório para registro de NFTs (sigla para token não-fungíveis) dessas criações.

O projeto nasce em parceria com o Mercado Bitcoin, o primeiro unicórnio brasileiro cripto e maior corretora de negociação de criptomoedas da América Latina, que será a exchange para integrar a plataforma da Tropix e seus usuários.

“Os NFTs movimentaram US$ 2,5 bilhões no primeiro semestre deste ano, 43% disso em criptoarte. O volume dos seis primeiros meses é dez vezes os US$ 250 milhões movimentados durante todo ano passado”, comenta Peres em entrevista exclusiva ao EXAME IN. "Temos um pipeline de 150 lançamentos só neste ano, com obras de grandes artistas brasileiros e parcerias com galerias importantes, já nos coloca como player global desse mercado. Já estamos programando a participação em diversas feiras internacionais", conta, ao explicar que os grandes mercados compradores são China, Estados Unidos e Europa.

A arte digital e os NFTs ganharam as manchetes recentes do mundo todo depois que um coletivo artístico decidiu queimar um rascunho de Picasso para “eternizá-lo” no blockchain e leiloar sua posse, ou seja, seu NFT. O movimento gerou dois certificados, registrados na Unique One Market Place — do rascunho original e da sua versão queimada (que curiosamente manteve o desenho).

Em 25 de fevereiro, a casa de leilões Christie’s leiloou a criação Everydays: The First 5000 Days, e marcou a primeira vez que uma das maiores casas de leilões do mundo vendeu uma obra digital baseada em criptomoedas. Os lances começaram em US$ 100 dólares, mas o preço subiu para US$ 1 milhão em apenas uma hora e terminou com o valor de US$ 69,34 milhões, ainda um recorde para obras registradas em NFT e um dos maiores valores pagos a um artista vivo.

Peres vê espaço para uma profunda mudança em todo o mundo da arte. “Nesse momento, os NFTs, que são uma espécie de certificado de uma escritura digital, estão quase sempre atrelados às artes eletrônicas, mas não há razão para não evoluírem também para registro de obras físicas e outras propriedades como música. O céu é o limite para esse mercado.”

Na visão do empresário e seus sócios, o NFT será o protocolo de registro de qualquer propriedade no futuro, como carros, imóveis e tudo mais. Questionado se a Tropix será um marketplace exclusivo de arte, Peres resume: "Nesse primeiro momento, sim. A gente sabe onde começa, mas não sabe onde termina.”

A criação da plataforma conta com capital e desenvolvimento de grandes estrelas do mundo de criptoativos. No berço da empreitada, ao lado de Peres, está ninguém menos que Bernardo Schucman, o cientista de dados e empresário que foi o maior minerador de bitcoin do Brasil, veterano da tecnologia de blockchain e um dos criadores do protocolo no qual se baseia a plataforma de comunicação Google Meeting,  e ainda  Guilherme Nigri, colecionador e investidor em mais de 15 projetos no Vale do Silício, e Zé Lima, especialista em marketing digital, com diversas startups lançadas. O grupo tem ainda como investidores e consultores, Alexandre Icaza, venture builder com experiência no mercado de private equity, e Marcelo Sampaio, fundador da Hashdex, gestora carioca que foi a primeira do mundo a lançar um ETF de cripto na Nasdaq. O valor do investimento, porém, é sigiloso por enquanto. Os fundadores estão concluindo uma rodada de capital semente nesse momento.

A Tropix já nasce com planejamento para crescer conforme a evolução desse mercado. Na primeira fase, o foco está no marketplace de artes. Em seguida, o objetivo é desenvolver mercados adjacentes e, depois, inspirados na trajetória de ninguém menos do que a Amazon, os sócios acreditam que há como “produtizar" a tecnologia de base   como um serviço de infraestrutura para outros participantes do mercado de NFTs.

Estreia

O primeiro lançamento da Tropix é uma obra do artista 100% digital Vini Naso, brasileiro baseado em Toronto, vencedor do Beautiful Bizarre Art Prize de 2020 e autor de experiências virtuais para Microsoft, Facebook, Zoom e Nike, entre outros.  Os lançamentos são colocações primárias que serão leiloadas. Uma vez registradas e vendidas, os NFTs das obras ficam abertos para serem negociados no mercado secundário, no ambiente da casa. O valor de referência, como ocorre em outras plataformas, será em ethereum.

Para quem tem dúvida se arte digital é arte ou se veio para ficar, Peres conta “Bill Gates tem mais de dez monitores exibindo obras digitais em sua casa.” (Sim, leitores, existem inclusive monitores específicos para isso de grandes fabricantes internacionais!)

Peres é enfático quanto ao diferencial da Tropix: curadoria. “Não existe razão para a curadoria não ser aplicada também às artes digitais. Por isso, buscamos as parcerias de galerias. O nosso objetivo é empoderar artistas e galerias. Nosso objetivo é sermos um grande prestador de serviço para esse ecossistema.” Por isso, a plataforma terá a chancela de galerias especializadas no mercado de arte contemporânea. Leme, Metaspark, Wickbold, Verve e Zipper são as primeiras a aderir.

Valorização do artista

Peres explica que os NFTs e os marketplaces vão revolucionar também a remuneração dos artistas e das galerias e tornar viável algo que, apesar de um direito já existente, não se concretiza na prática.

O artigo 38 da Lei de Direitos Autorais prevê o chamado direito de sequência, que é o recebimento, pelo artista, de 5% da valorização de sua obra a cada transação no mercado secundário. Como não existe uma central de registro de artes e nem um ambiente público de negociação de obras, é muito difícil que esse direito se concretize na prática. “Mas no blockchain tudo fica registrado e esses pagamentos, essas repartições, serão automáticas e naturais, sem fricção”, diz.

Tudo isso, na visão de Peres, vai mudar por completo o mundo das artes e da criação. "É muito disruptivo o que está acontecendo. Estamos na porta do metaverso."

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