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Burger King

Na dona do Burger King, o Mubadala está de volta ao jogo

Fundo árabe se torna maior acionista, com 17,4%, um ano depois de tentativa frustrada de comprar o controle da Zamp

 (Bloomberg/Getty Images)
(Bloomberg/Getty Images)

23 de agosto de 2023 às 10:11

Cerca de um ano depois de uma tentativa frustrada de assumir o controle da Zamp, dona das redes de fast-food Burger King e Popeyes, o Mubadala está de volta ao jogo, confirmando as suspeitas que pairavam o mercado nos últimos dias.

Após um leilão movimentado ontem na B3 que fez o papel girar mais de 20 vezes seu volume médio diário, o fundo de Abu Dhabi anunciou que atingiu uma participação de 17,4% no capital da companhia, tornando-se seu maior acionista.

Até então, o Mubadala voava abaixo do radar, com uma participação inferior a 5% da empresa.

Ainda não está clara qual será a estratégia, mas o fundo sinalizou que segue com apetite. Em documento enviado à CVM, disse que “avalia eventuais aquisições de participações adicionais”, embora afirme não visar uma participação-alvo pré-definida e nem alteração do controle da companhia.

E ressaltou que quer influência da empresa – nas suas próprias palavras, com “objetivo de ativamente junto à companhia e contribuir no desenvolvimento e na execução de suas estratégias de crescimento de longo prazo”.

O timing é, no mínimo, curioso. A movimentação vem uma semana antes de uma assembleia que quer colocar uma poison pill no estatuto da companhia, fazendo com que qualquer acionista que atinja o percentual de 25% seja obrigado a realizar uma oferta para todo o capital da companhia.  

A proposta foi apresentada pela gestora Mar Asset, que tem pouco mais de 5% do capital.

O mercado já especulava que o Mubadala tinha voltado a olhar para o Burger King desde a semana passada, quando a corretora do JP Morgan marcou para ontem um leilão de compra de 4,9% das ações da Zamp.

A demanda foi muito além e, em termos de volume, a Zamp teve seu dia de Petrobras. No pregão de ontem, a dona do BK negociou mais de 45 milhões de ações, muito acima do volume médio diário, que gira em torno de 1 milhão a 2 milhões de ações.

O papel fechou o dia a R$ 5,21, alta de 20% frente ao pregão anterior, com volume de mais de R$ 250 milhões, entre os maiores do Bolsa.

A Vinci Partners, uma das maiores acionistas da Zamp na época do IPO, foi uma das principais vendedoras e reduziu sua participação de 5,2% para 3,1%, segundo comunicado divulgado a CVM.

Desde que o Mubadala tentou assumir o controle em setembro de 2022, as ações da Zamp implodiram, passando de pouco mais de R$ 8 para cerca de R$ 4 logo antes do leilão de ontem.

No ano passado, o fundo árabe fez uma oferta para comprar 45% do capital (o que somado a sua participação lhe daria controle), a R$ 8,31 por ação, mas acionistas com mais de 22% do capital se negaram a vender. A Zamp sempre foi uma corporation, com capital disperso na Bolsa.

Na mesma época, a Restaurants Brand International (RBI), acionista da companhia e detentora do direito das marcas, afirmou que a formação de um bloco de controle poderia disparar a rescisão dos contratos de uso de marca.

Desde então, a base acionária girou bastante e casas como Atmos e Indie, que se opuseram à oferta, já saíram da companhia. Mas a FitPart, family office de ex-sócios do Garantia, que era uma das principais opositoras, era até o começo da semana a maior acionista, com 12% do capital, seguida pela RBI, com 10%, e pela Mar Asset, com 5,7%.

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Natalia Viri

Natalia Viri

Editora do EXAME IN

Jornalista com mais de 15 anos de experiência na cobertura de negócios e finanças. Passou pelas redações de Valor, Veja e Brazil Journal e foi cofundadora do Reset, um portal dedicado a ESG e à nova economia.

Raquel Brandão

Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Jornalista há mais de uma década, foi do Estadão, passando pela coluna do comentarista Celso Ming. Também foi repórter de empresas e bens de consumo no Valor Econômico. Na Exame desde 2022, cobre companhias abertas e bastidores do mercado