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Marfrig entra na ceia de Natal da BRF

Dona da Sadia inclui bovinos no portfólio de fim de ano – num sinal de como as sinergias entre as duas empresas devem ficar cada vez mais evidentes

Natal: BRF espera crescer 5% a 6% o faturamento do portfólio de Natal, com direito a produto de carne bovina (Foto/Getty Images)
Natal: BRF espera crescer 5% a 6% o faturamento do portfólio de Natal, com direito a produto de carne bovina (Foto/Getty Images)
Raquel Brandão

Raquel Brandão

2 de outubro de 2023 às 16:11

A Marfrig foi convidada para a ceia de Natal da BRF. Depois de muitos anos sem nenhum produto de proteína bovina no portfólio de fim de ano, a dona de Sadia e da Perdigão vai chegar ao mercado com 31 itens para as celebrações, sendo um deles o cupim temperado -- um lançamento que dá sinais de como as sinergias entre as duas empresas vão ficar cada vez mais evidentes.  

Na semana passada, a Marfrig chegou a 40% do capital da BRF. “Teremos cada vez mais bovino no portfólio de fim de ano se o consumidor quiser. Estamos alavancando todas as sinergias possíveis que as duas empresas têm”, disse Marcel Sacco, Vice-Presidente de Marketing da BRF. “A Marfrig está mais perto da gente do que nunca.” 

Hoje, a BRF tem alguns produtos de bovinos no portfólio tradicional, com destaque para os hamburgueres, mas a maior parte da receita vem da operação de frango e suínos.  

O avanço sobre a BRF vem num momento em que a companhia de Marcos Molina vem se posicionando para colocar cada vez mais os pés nos processados e diminuir a relevância nos produtos in natura – um movimento que ficou claro com a venda da sua operação de frigoríficos na América Latina para a Minerva, há pouco mais de um mês. 

A porteira da BRF se abriu para a Marfrig pouco antes de um follow-on em que a BRF levantou R$ 5,4 bilhões, em julho. Para a operação a dona da Sadia convocou assembleia para aprovar a poison pill que estabelecia o teto de 33% de participação para um acionista individual.  

A Marfrig subscreveu R$1,8 bilhão em ações da oferta subsequente, chegando a 33% do capital. A operação trouxe consigo o fundo soberano da Arábia Saudita Salic, que passou a deter 11% da BRF (por acordo, a fatia do fundo árabe não pode passar de 25%).  

Com a barreira derrubada, a empresa vem aumentando a fatia e a expectativa é que em algum momento chegue à posição de controle. Mesmo com uma valorização de 28% no ano, as ações da BRF ainda estão negociadas a R$ 10,27, bem abaixo dos cerca de R$ 20 de quando passou a deter um terço da fabricante de proteínas processadas.  

Enquanto isso, a BRF se prepara para o Natal e o Ano Novo com um “otimismo cauteloso”, nas palavras de Sacco.  Mas há “vários sinais” para acreditar que esse será “o melhor Natal desde a pandemia”: inflação está sob controle e o desemprego em queda.  

A expectativa da BRF é um crescimento de 5% a 6% no faturamento do portfólio de fim de ano. Os preços vão se manter os mesmos de 2022, mas o objetivo é de que o mix de produtos traga mais margem para o negócio.  

No quarto trimestre de 2022, a receita das vendas da BRF no mercado nacional cresceu 7,7%, para R$ 7,76 bilhões na comparação com o mesmo período do ano anterior. Na comparação com o terceiro trimestre, a receita cresceu 13,9%, com os volumes subindo 8,7% na esteira das vendas de fim de ano.  

Ao fim da campanha, Sadia e Perdigão ficaram com 58% do market share de Natal e Ano Novo. “Nosso trabalho é para crescer mais 2 ou 3 pontos”, diz Sacco.  

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Raquel Brandão

Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Jornalista há mais de uma década, foi do Estadão, passando pela coluna do comentarista Celso Ming. Também foi repórter de empresas e bens de consumo no Valor Econômico. Na Exame desde 2022, cobre companhias abertas e bastidores do mercado