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Energia

Isa Cteep: lucro líquido regulatório mais do que triplica e atinge R$ 261,2 milhões

Avanço vem principalmente a partir do ganho de receita no período, resultado do mix de investimento da empresa em novos projetos e em reforços e melhorias dos atuais

Isa Cteep: ambiente para crescimento nunca foi tão grande (Isa Cteep/Divulgação)
Isa Cteep: ambiente para crescimento nunca foi tão grande (Isa Cteep/Divulgação)
Karina Souza

Karina Souza

31 de julho de 2023 às 21:53

A Isa Cteep, maior empresa de transmissão de energia do Brasil, mais do que triplicou o lucro líquido regulatório no segundo trimestre. A última linha do balanço registrou R$ 261,2 milhões, um aumento de 252% em relação ao mesmo período do ano anterior. O resultado reflete principalmente os ganhos de receita da companhia no período, com novos projetos em operação e revisões tarifárias. Para Rui Chammas, CEO da companhia, a trajetória rumo ao crescimento futuro está apoiada em dois caminhos: novas concessões e aumento de capacidade dos projetos atuais. "Nós temos a sorte de estar no centro da transição energética. Conectar renováveis com centros de carga e garantir que o sistema atual continua operando com excelência", afirma o executivo, ao EXAME IN.

A estratégia diversificada de crescimento mostra seus resultados. A receita líquida operacional no trimestre foi de R$ 891,7 milhões, aumento de 21,7% em relação ao mesmo período do ano anterior. Dentro desse número, está contemplada a RBSE (em termos simples, uma 'indenização' por ativos não totalmente depreciados no momento de renovação das concessões, em 2011). Portanto, a receita que decorre da operação atual tem de excluir esse fator da conta. Ao fazer essa conta, a receita líquida ex-RBSE subiu 16,1% na comparação anual, para R$ 512 milhões, nos três meses encerrados em junho.

O aumento da receita operacional decorre de uma conjunção de fatores. A entrada em operação de novos projetos greenfield (que decorrem de licitações) é um deles: no período, a companhia capturou os efeitos positivos da Receita Anual Permitida (RAP) integral de dois projetos (Biguaçu e Itaúnas) e pelo início de operação de três projetos controlados em parceria com outras empresas: Aimorés, Paraguaçu e Ivaí.

Além disso, também entraram em operação 81 novos projetos de reforços e melhorias nos últimos doze meses (que, como o nome sugere, podem ser entendidos como expansões ou manutenções das concessões vigentes), trazendo impactos positivos para o resultado. E, por fim, também entra na conta o reajuste da inflação no período, incluído no reajuste do ciclo tarifário. A companhia desenhou uma estratégia de crescimento ao longo dos últimos anos apoiada em novas licitações, e olho em trazer maior diversificação para o crescimento futuro com novas geografias e, junto com isso, multiplicou por dez o investimento em reforços e melhorias nos projetos em que já está presente.

Com os novos projetos em operação, o PMSO gerenciável (métrica para custos e despesas operacionais) cresceu, mas não acompanhou o mesmo patamar do ganho de receita. No trimestre, o gasto foi de R$ 168,3 milhões, avanço de 14,7% em relação ao mesmo período do ano passado.

Ambos os fatores, combinados, ajudaram a impulsionar o Ebitda da companhia, que avançou 23,8%, para R$ 686,8 milhões -- a cifra inclui o impacto da RBSE dentro da receita, mencionado acima. O descompasso entre ganho de receita e crescimento de custos ajudou a aumentar a geração de caixa no período. Em julho deste ano, acaba o reperfilamento de RBSE feito pela Aneel durante a pandemia, o que deve trazer ainda mais caixa para a Isa Cteep ao longo dos próximos doze meses. De julho de 2023 a julho de 2024, a companhia estima receber R$ 770 milhões, como reflexo dessa 'volta ao normal' aos pagamentos relacionados à RBSE depois da covid-19.

No período, a dívida líquida ficou em R$ 7,7 bilhões, aumento de 8,8% em relação ao mesmo período do ano passado. O aumento decorre principalmente da emissão de debêntures de R$ 550 milhões realizada pela companhia para reforçar caixa e investimentos. A alavancagem da companhia está em 2,65 vezes -- com covenants de 3,5 vezes. "Com nosso pipeline de crescimento de RAP e de investimento essa equação vai continuar razoável", diz Carisa Portela Cristal, CFO da Isa Cteep.

Entrando nos indicadores financeiros, o resultado do período ficou negativo em R$ 258 milhões, com uma melhora de R$ 43 milhões em relação ao mesmo período do ano anterior. O resultado é explicado pelo crescimento da receita financeira e redução da inflação (principal indexador da dívida da companhia). Hoje, pouco mais de 50% dos encargos da Isa Cteep estão atrelados ao IPCA, enquanto os demais estão ligados a indicadores que se aproximam mais da Selic.

Futuro

No segundo trimestre, a companhia fez investimentos de R$ 377,4 milhões, queda de 32,4% em relação ao mesmo período do ano passado. De acordo com a empresa, a redução é explicada pela composição de projetos greenfield (havia maior quantidade deles em construção no ano passado). Essa queda foi compensada, em parte, com maior volume de projetos de reforços e melhorias no período.

No último mês, a companhia arrematou dois lotes no leilão de transmissão promovido pela Aneel. A companhia venceu os lotes 7 e 9, que vão demandar investimentos de R$ 2,4 bilhões e vão adicionar R$ 226,3 milhões em RAP. Essa é apenas a ponta da estratégia de crescimento ao longo dos próximos anos. Ao todo, a Isa Cteep deve aplicar ao longo dos próximos anos R$ 7,6 bilhões em sete projetos em construção. Esses investimentos devem trazer R$ 730 milhões em receita até 2027, gradativamente. "Vamos continuar trazendo retorno de dois dígitos também com esses novos projetos", diz o CEO.

Além dos investimentos em novos projetos, a companhia vai investir R$ 5 bilhões em reforços e melhorias entre 2023 e 2027. Esse investimento deve gerar R$ 680 milhões em receita quando os ativos ficarem prontos, sendo que 60% desse valor entra em 2028 e os demais, um pouco antes, de forma gradativa até 2026. A relação entra RAP e Capex fica entre 15% e 17%, consolidando essa avenida de crescimento para a companhia ao longo dos próximos anos.

"A meta é ficar em torno de R$ 1,1 bilhão por ano. É um bom número. Não fazemos mais porque há limitações operacionais. Cada vez que coloco uma obra dessas tenho que parar a operação para fazer troca de equipamentos, por exemplo, e isso tem de ser muito bem pensado com as possibilidades da rede", diz Chammas.

De acordo com o Plano Decenal da EPE, os próximos leilões, previstos para este ano e o próximo, devem visar principalmente linhas de transmissão que sejam capazes de cruzar norte e sul do país. Para março do ano que vem, estão previstos 11 lotes nesse formato. A lógica é simples: quanto mais interconectado o sistema for, menor se torna o risco gerado pela intermitência.

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Karina Souza

Karina Souza

Repórter Exame IN

Formada pela Universidade Anhembi Morumbi e pós-graduada pela Saint Paul, é repórter do Exame IN desde abril de 2022 e está na Exame desde 2020. Antes disso, passou por grandes agências de comunicação.

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