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Inter + Linx: Revolução na Stone é gritante, mas mercado demora a ver

Companhia completa oferta de soluções para fornecer ao varejo e assim desviar de guerra de preços das maquinhas

Stone: base de usuários ativos de serviços de banking cresce 55%, com expansão de margem (Stone/Divulgação)
Stone: base de usuários ativos de serviços de banking cresce 55%, com expansão de margem (Stone/Divulgação)
GV

Graziella Valenti

24 de maio de 2021 às 10:39

Pedra que se muda não cria limo. A Stone leva o dito popular muito a sério. A companhia acaba de anunciar um aporte de R$ 2,5 bilhões no Banco Inter, o que vai lhe garantir uma participação da ordem de 5% na instituição da família Menin, dona da MRV e também do projeto da CNN Brasil, e alguns direitos.

O movimento é estratégico e está alinhado com o processo de transformação da companhia, que não quer mais ser vista apenas como uma empresa de meio de pagamentos. Até mesmo porque não é mais só isso mesmo, mesmo. Além de agregar soluções tanto para os clientes do InterShop como para os usuários da Stone, a parceria vai “alavancar recursos de financiamento do Inter para aumentar a eficiência nas ofertas de capital de giro da Stone”.

O racional principal é unir o público consumidor do Inter aos varejistas atendidos pela Stone. "Eles são focados no consumidor, nós no varejo", reforça uma fonte próxima à empresa, ao explicar como negócios são complementares.

A semana deve ser emblemática, pois se espera que o Cade também libere a aquisição da Linx. O assunto deve estar na pauta da próxima reunião de quarta-feira do órgão. Em março, a superintendência já havia recomendado a aprovação.

Na semana passada, enquanto finalizava o acordo com o Banco Inter, a empresa também anunciou um programa de US$ 200 milhões em recompra de ações, uma vez que o mercado parece não ter entendido ainda para onde a empresa caminha. O recado de que “eu estou barata” foi mais do que dado.

A Stone vem seguindo um roteiro no melhor estilo americano: mais recompra e menos dividendo. A recompra defende o valor com o caixa, enquanto o dividendo distribui riqueza do caixa do negócio. Todo sentido para uma empresa que cresce a taxa de 30% ao ano, em período de pandemia, e que recursos para crescer importam – orgânica e inorganicamente.

O programa anterior, que também investiu US$ 200 milhões, havia sido lançado em maio de 2019. Mas, para esse atual, a expectativa é que as aquisições ocorram ao longo dos próximos seis meses.

Em 2020, a empresa teve uma geração de caixa livre recorde, superior a R$ 653 milhões, um salto de quase 60% frente ao ano anterior. Em dezembro, a Stone tinha R$ 10,575 bilhões em caixa. Na euforia de fevereiro,  chegou a bater perto dos US$ 30 bilhões na Nasdaq e agora está  US$ 19 bilhões.

Com a empresa de software integrada e agora o movimento no Banco Inter, vai ficar mais fácil para a Stone fazer o mercado entender sua mudança. Aqui e ali, nos encontros com investidores, já tem rejeitado o discurso de guerra das maquininhas. Não quer se colocar nessa rota de pressão e concorrência até porque entende que não é isso — não apenas — seu negócio.

A Stone se entende como um negócio em transformação. O foco continua sendo a pequena e média empresa e o objetivo o mesmo desde sempre: ajudar o cliente a vender mais e isso inclui se digitalizar. Mas agora, conforme o presidente Thiago Piau, afirmou em entrevista ao EXAME IN no fim do ano passado, a companhia é uma plataforma com várias frentes para atender o varejo.

Tem infraestrutura, processamento, conta digital, serviços diversos de pagamento e gestão financeira  — ou seja, o pacote tem a maquininha, a frente digital, o software e ainda toda a gestão financeira. Trata-se de uma plataforma para os pequenos e médios escolherem o que precisam. Quando a pandemia chegou, menos de metade dos clientes tinha presença no varejo online. Com a parceria com o Inter, a empresa ainda vai encurtar o caminho do pequeno varejista até um market-place.

O controle das vendas eletrônicas exige mais inteligência dentro de casa também. A digitalização de estoques, além de agregar eficiência na gestão operacional e financeira, permite que qualquer varejista se plugue a um market-place.

Assim que puder chamar a Linx de sua, a Stone já reservou um caminhão de recursos para investir em tecnologia. Tem R$ 500 milhões aguardando o negócio. Piau já havia alardeado: os investimentos médios da empresa vão dobrar.

As sinergias não serão pequenas. Só de receita tem enorme potencial. Quando a aquisição foi aprovada, no ano passado, praticamente não havia sobreposição de clientes entre os negócios. Então, as oportunidades de negócio começam já na primeira linha do balanço das empresas. Ainda que a concorrência no setor seja brutal. Agora com o banco Inter e o Intershop, a mesma lógica. O Brasil é mesmo grande.

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