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Grafeno: R$ 12 bi de crédito ao mês e novo CEO para acelerar negócio

Plataforma que organiza relação entre credores e companhias registrou R$ 36 bi em operações no ano, até março - 70% de todo volume de 2021

Felipe Moreno, novo CEO da companhia: "Não somos mais uma startup. Momento é de ganhar escala." (Grafeno/Divulgação)
Felipe Moreno, novo CEO da companhia: "Não somos mais uma startup. Momento é de ganhar escala." (Grafeno/Divulgação)
GV

Graziella Valenti

4 de abril de 2022 às 00:05

A Grafeno, uma plataforma digital para o mercado de crédito fora do sistema bancário, nasceu outro dia e já virou negócio grande. Aliás, a companhia, com cerca de três anos de idade e dona de uma ferramenta que orquestra a relação entre credores e devedores, nem se considera mais uma startup. É nesse contexto, em busca de ganhos de escala, que Felipe Moreno chegou para assumir a posição de CEO.

O executivo, que construiu toda sua carreira no sistema financeiro, veio do Voiter, a versão reestruturada do antigo Indusval, e estreou na posição na segunda quinzena de março. “A Grafeno triplicou no ano passado. A solução está madura como produto e agora o momento é de trazer escala”, afirma ele, em entrevista ao EXAME IN. Em janeiro, a receita da empresa alcançou R$ 3 milhões.

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Para entender o porquê de um novo CEO para encorpar o negócio, os números são a resposta e falam quase sozinhos. Em 2021, passaram pela plataforma da Grafeno o equivalente a R$ 50 bilhões em operações de crédito, um ritmo médio de R$ 6 bilhões por mês. Nesses três primeiros meses de 2022, o volume acumulado está em R$ 36 bilhões, ou seja, o dobro da velocidade do ano passado. 

Esses bilhões ganham um brilho extra quando confrontados com o tamanho total do mercado de crédito para pequenas e grandes empresas dentro de instituições financeiras. Na fotografia de setembro de 2021, o estoque estava em R$ 300 bilhões, de acordo com dados do Banco Central.

No Brasil, por enquanto, menos de 10% do mercado de crédito para as médias empresas está fora dos bancos. Nos Estados Unidos, por exemplo, essa proporção é quase o oposto disso, com um intervalo entre 70% e 80% dos ativos fora das instituições financeiras.

A Grafeno tem como missão justamente impulsionar esse mercado de crédito para pequenas e, em especial médias companhias, fora dos bancos. Os fornecedores do capital nesse caso são fundos de direitos creditórios (FIDCs), fintechs, grandes companhias e factorings. Entre os usuários da solução, por exemplo, está a gestora de recursos Galápagos, que é também sócia da plataforma.

A ferramenta tem dois tipos de clientes: as companhias, que querem captar recursos, e os credores, em busca de ativos. A plataforma tem hoje cerca de 3.800 empresas plugadas e mais de 300 credores diversos. Mas o potencial a ser explorado é muito maior. O mercado de médias companhias, com receita anual entre R$ 20 milhões e R$ 200 milhões, tem cerca de 40 mil CNPJs, segundo estimativa da Grafeno.

Moreno chega justamente quando a expectativa é que a concentração bancária no Brasil comece a mudar em uma velocidade bem maior. Entre os motores dessa mudança estão o open banking e digitalização e a interoperabilidade dos serviços de cartório, segundo o executivo. “Em 2022 e 2023, o crescimento desse mercado ainda será em ritmo mais lento, porque essas novidades estarão no início, mas depois deve se acelerar.” A crença é que em 2025, entre 15% e 20% do estoque de crédito para pequenas e médias empresas esteja fora dos bancos.

Com o novo CEO, a Grafeno também organiza melhor as próximas novas frentes de crescimento. Além da operação principal e mais madura, a Grafeno Pagamentos, a companhia tem também uma joint-venture com o SPC (Serviço de Proteção de Crédito) para uma registradora de direitos creditórios mercantis, mas que não são provenientes de cartão de crédito. A expectativa é que o negócio, esse sim considerado como uma startup, comece a operar ao longo do segundo trimestre deste ano.

Para Moreno, sua chegada também foi o momento ideal para que a estrutura da companhia fosse ordenada de modo que outras atividades possam ser desenvolvidas, inovações que possuem sinergia com a plataforma, mas sem reduzir o foco do negócio principal. Entre as novidades mapeadas para serem exploradas no futuro estão a tokenização de recebíveis e também um serviço de monitoramente do portfólio de crédito. Com essa ferramenta, os credores poderão acompanhar mais de perto o desempenho das companhias (geradoras dos ativos de crédito) e desenvolver um ambiente de cobrança com maior inteligência.

“Existe um motivo para o crédito às pequenas e médias empresas estar concentrado nas mãos dos bancos. Essas instituições detêm algo muito importante: o histórico de desenvolvimento dessas empresas”, afirma. O papel da Grafeno é justamente permitir soluções para acelerar a evolução do ambiente, com facilidades para novos credores e companhias.

"Estamos inseridos em um mercado de muita revolução. Nossa estimativa é que temos um market-share da ordem de 30%, considerando os credores. A questão é que esses credores vão ganhar muito market-share no mercado de crédito nos próximos anos", afirma Moreno. A tese da Grafeno é aquilo que o brasileiro vive na pele todos os dias: a demanda por crédito é subatendida no país. O mercado real é muito maior do que o estoque bancário de dívidas para esse segmento da economia.

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