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Flexpag: "Cielo" do setor elétrico cresce 200% ao ano e já processa R$ 2 bilhões

No aniversário de dez anos, empresa tem mercado consolidado em utilities, mas vê espaço para avançar em pagamentos digitais para o setor de saneamento e de gás

Flexpag: companhia de tecnologia desenvolve serviços customizados de pagamento para empresas de energia em formato "white-label" (Leandro Fonseca/Exame)
Flexpag: companhia de tecnologia desenvolve serviços customizados de pagamento para empresas de energia em formato "white-label" (Leandro Fonseca/Exame)
KS

Karina Souza

6 de setembro de 2022 às 18:21

Pagar uma conta de luz pela internet já é um processo relativamente comum na rotina dos brasileiros, especialmente depois da pandemia. Acessar o site, baixar o boleto e escolher a forma de pagamento. Pronto, tudo certo. Nessa sequência de passos tão automatizada, o que pode ter passado despercebido é que o débito aparece, no extrato do banco, com o nome da distribuidora acrescido do termo “Flexpag”. A palavra não é sinônimo de nenhum termo técnico, mas designa o nome de uma empresa fundada há dez anos e especializada em processar pagamentos para o setor elétrico. Principalmente em fazer toda a ponte necessária para que as empresas de energia consigam aceitar pagamentos de forma online, muitas vezes construindo processos do zero. Com uma média de crescimento de 200% ao ano desde 2017, a companhia atende 63 empresas nos segmentos de energia, água e saneamento e gás, e tem um volume de pagamentos processados (TPV) anual de R$ 2 bilhões. 

Por ser uma empresa de nicho, o patamar atual de transações processadas é bem menor do que o dos gigantes do setor. Para comparação, só no último trimestre, o TPV da Cielo foi de R$ 221 bilhões e, o da Stone, de R$ 91 bilhões. Mas a Flexpag não pretende concorrer diretamente com empresas desse porte. A trajetória da companhia mostrou que há espaço de sobra para se fortalecer ao longo do tempo atendendo às necessidades de um nicho específico.

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A empresa começou a crescer no patamar atual (de três dígitos) cinco anos após sua fundação por um motivo. Nesse intervalo, não era focada em oferecer processamento de transações para um nicho. Na verdade, tinha uma missão bem maior: oferecer a oportunidade de microempresários conseguirem processar pagamentos feitos com cartão de crédito. Uma missão que, mais tarde, seria cumprida por players como PagSeguro e Stone. “Quando esse mercado se tornou mais competitivo e com muito investimento de mídia, um fator muito relevante para popularizar uma empresa ou outra, nós ‘pivotamos’ e fomos fazer projetos de pagamentos white-label para diferentes segmentos. Em 2017, surgiu a oportunidade de trabalhar com a Celpe, hoje Neoenergia Pernambuco, e não paramos mais”, diz Luis Filipe Cavalcanti, diretor de operações da Flexpag, ao EXAME IN.

Para chegar onde está, a companhia — que já tinha um forte DNA de tecnologia desde o começo — focou em oferecer todas as soluções necessárias para que as empresas de energia conseguissem processar pagamentos de forma digital. De forma prática: em vez de contratarem um adquirente, um gateway e uma empresa para criar um chatbot separadamente, elas só têm de contratar a Flexpag. Ela se encarrega de tudo, funcionando, como diz o jargão gringo, como uma ‘one stop shop’. Além de fornecer a infraestrutura digital, a empresa também integra os sistemas de pagamentos com os de gerenciamento das empresas (os ERPs) garantindo que, a cada boleto pago, a baixa seja dada no sistema da distribuidora. Além dos pagamentos digitais, a tecnologia da empresa também pode ser usada em POS (maquininhas) de lojas físicas das concessionárias. 

"Hoje se fala muito de guerra das maquininhas, porque de fato virou uma commodity. Mas, mesmo assim, há setores em que a adaptabilidade das soluções de pagamento por meio da tecnologia é fundamental. Grandes players nos setores que atendemos têm dificuldade a recorrer a empresas tradicionais do setor especialmente por isso. Foi nessa onda que a Flexpag se posicionou. Trazemos soluções customizadas, em que  a tecnologia é um componente essencial e o pagamento é o meio. É a nossa capacidade de adaptação rápida que faz a diferença no relacionamento e nos serviços", diz Cavalcanti.

O boom de crescimento para a empresa veio na pandemia. Com a restrição social, quem pagava conta em um banco ou correspondente deixou de ter essa oportunidade. O que aumentou a inadimplência, em um primeiro momento. De olho em resolver esse problema, diferentes empresas contataram a Flexpag, em busca de uma solução. Além de estruturar a parte digital de pagamentos para clientes, a companhia também ofereceu um serviço que permite, em linhas gerais, que uma maquininha consiga aceitar vários cartões para quitar um débito — o que é especialmente útil em caso de corte de energia, como um último recurso de pagamento. Além disso, a companhia foi a primeira no setor a permitir o pagamento de conta de luz com auxílio emergencial. 

Perspectivas de futuro

Neste mês, a Flexpag vai colocar mais uma oferta na rua. Pensando principalmente nos clientes que ainda pagam suas contas em lojas físicas — o que acarreta uma despesa maior por parte das distribuidoras — a empresa desenvolveu uma nova tecnologia que permitirá a qualquer estabelecimento comercial se tornar conveniado a uma distribuidora e receber pagamentos de conta de luz. Serão pontos fixos, que visam principalmente substituir a existência das lojas físicas das concessionárias ou do pagamento em outros estabelecimentos, como lotéricas. 

“A gente vai fazer toda a arrecadação e a gestão de todo o comissionamento do ponto de venda. Também vamos integrar a arrecadação com vários outros serviços que aquele ponto pode oferecer para os clientes, como recarga de celular, gift card de Netflix etc. Na verdade, vira um ponto de prestação de serviços em que o estabelecimento comercial é remunerado. Além do pagamento de contas, o consumidor poderá pedir emissão de segunda via, religação, ou até mesmo corte e poda de árvore. Tudo que se faz no app da distribuidora, poderá ser feito por lá”, diz Cavalcanti.

É mais uma alternativa para explorar um mercado em que a companhia já tem ampla presença. Hoje, a Flexpag atende 63 empresas, em 24 estados brasileiros e no Distrito Federal. Em relação ao tempo de implantação das novas soluções, em média, é de 60 dias. Mas, é claro, tudo varia em relação à quantidade de soluções pelas quais cada empresa opta. Em cinco dias, por exemplo, é possível colocar uma série de canais no ar.

Hoje, além do upsell — afinal, há clientes com apenas um serviço contratado e clientes em que toda a parte digital de pagamentos foi criada pela empresa —, a Flexpag vê com bons olhos possíveis mudanças regulatórias no setor. 

De olho no desenvolvimento do mercado de geração distribuída, a companhia já mantém conversas frequentes com comercializadoras de energia. O papo, no fim das contas, é muito direcionado ao fato de que consumidores que optam por esse tipo de fonte acabam tendo duas contas de luz — a da distribuidora e a de GD — e a Flexpag quer ajudar a unificar isso."É uma inovação. Mas vai manter a infraestrutura atual de serviços, porque a distribuidora continuará existindo, a conta também. Só terá mais complexidade nesse mercado, que podemos ajudar a resolver”, diz Cavalcanti. 

Em relação a outros mercados, a empresa mira o setor de água e saneamento, tendo recentemente fechado um contrato com a BRK para estruturar a parte de pagamentos dos consumidores tanto no ambiente online quanto no físico. O mercado de gás também está nos planos da empresa como um dos alvos para ganhar mais presença no futuro e continuar crescendo no patamar atual. 

Espaço, existe, na visão do executivo. "Temos uma grande quantidade de gerações convivendo hoje. Tem gente que acha mais seguro dar o número do cartão para o call-center do que fazer uma transação pela internet, por exemplo. Nós precisamos estar preparado para atender essa miríade de necessidades que existem no mercado. É claro que o digital vai ser cada vez mais relevante e tecnologia segue sendo nosso core, mas entendemos que ter uma solução única que atende a vários canais é uma vantagem competitiva que só a Flexpag tem”, diz Cavalcanti. 

 

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