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Flash: captação 'série C' de US$ 100 milhões para modelo de HRTech

Nova rodada de capitalização da companhia que nasceu com foco em benefícios flexíveis tem Battery Ventures, Tencent e Whalerock

Flash: novidades misteriosas no cruzamento de uma HRTech com uma fintech (Flash/Divulgação)
Flash: novidades misteriosas no cruzamento de uma HRTech com uma fintech (Flash/Divulgação)
GV

Graziella Valenti

9 de março de 2022 às 04:55

A Flash, a companhia de benefícios corporativos flexíveis do cartão rosa choque, cresceu e rápido. E os principais sintomas de que a maturidade está próxima são a discrição com suas próprias informações e a lista de investidores renomados que está acumulando. A companhia, que cada vez mais tem cara de uma HRTech, captou US$ 100 milhões em uma rodada série C liderada por um trio de investidores para fazer inveja a qualquer startup — Battery Ventures, Whalerock e Tencent. A capitalização também foi acompanhada pelos sócios anteriores: nomes como Global Founders Capital (GFC), Monashees e Tiger.

O negócio, fundado pelo trio Ricardo Salem e os irmãos Pedro e Guilherme Lane, tem pouco mais de 1.000 dias e já chegou na fase em que cuida dos dados porque o olho da concorrência sobre eles cresce dia após dia. Das poucas coisas que falam agora, está a informação que a receita aumentou 10 vezes na comparação entre 2021 e 2020 e que todos os indicadores utilizados pelos investidores para acompanhar a operação tiveram expansão entre 5 e 10 vezes. Todos.

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Não espanta, portanto, que o valor da rodada série C frente à série B subiu na mesma proporção. Antes dessa, fechada nos últimos dias de dezembro de 2021, a Flash atraiu US$ 22 milhões da Tiger em fevereiro do mesmo ano. Foi um salto de cinco vezes em dez meses, portanto. Agora, a companhia tem tamanho e capital para sustentar sua capacidade de expansão, inovação e agora mais uma estratégia que entrou na lista dos controladores: aquisições. "Sim, podemos olhar oportunidades", diz o CEO Ricardo Salem, em entrevista ao EXAME IN. 

“Uma informação que podemos contar, porque demonstra nossa saudabilidade financeira, é que mesmo com nosso crescimento, que deve fazer a empresa dobrar de 320 para cerca de 600 funcionários neste ano, temos condições de alcançar o breakeven no começo de 2023”, conta ele. “Não perdemos nem R$ 1 sequer com um único cliente”, completa Pedro Lane, CFO da empresa.

A Flash despertou atenção no mercado de benefícios — tanto na atração de clientes como de seus concorrentes incumbentes, como Alelo, Sodexo, VR, entre outras — porque além de conseguir colocar múltiplos benefícios num único cartão (um Mastercard) participou da liderança das discussões sobre a reforma do Programa de Amparo ao Trabalhador (PAT) que ocorreu no ano passado.

A companhia já vinha conquistando seu espaço no mercado rapidamente, pela versatilidade que a solução trouxe aos departamentos de recursos humanos na hora em que mais precisaram: a pandemia e o home office forçado. Mas ainda conseguiu contribuir no debate da nova regulamentação de forma a derrubar as principais barreiras de entrada do segmento, o rebate (a devolução de uma parte do contrato) e o prazo excessivamente alongado de pagamento que as incumbentes praticavam.

Resultado é que a Flash liberou caminho para conseguir entrar principalmente nas grandes companhias de forma mais aceleradas. Mas trouxe junto uma lista de empresas que decidiram tentar um lugar ao sol em benefícios de alimentação, um mercado que só nessa parte movimenta perto de R$ 180 bilhões ao ano, entre as quais iFood e MercadoPago. Todos buscam recorrência no uso de suas wallets digitais com essa frente.

Agora, o futuro da Flash, que já tem nos benefícios flexíveis um pilar reconhecido (vai de alimentação, passando por mobilidade, até auxílio home office e Netflix, é cada vez mais se aprofundar no cruzamento de soluções HRTech, no estilo de software as a service (SaaS), com as de uma fintech. Afinal, uma parte importante do fluxo financeiro entre empresa e colaboradores já está em suas mãos. No ano passado, um pé já foi colocado nessa frente com o Flash Point.

Por isso, a rota perseguida pelo trio de sócios deve ser bem diferente dos demais aplicativos, ainda que a chegada de grandes nomes nesse jogo signifique mais concorrência em alguns espaços do mercado. Só que enquanto iFood e MercadoPago buscam recorrência na relação com o consumidor, a Flash quer mais facilidade para o usuário, mas junto com um leque de soluções corporativas.

Mais uma vez, muito mistério. Salem e Lane, na entrevista concedida ao EXAME IN, não entram em detalhes sobre as novidades para os próximos meses de 2022. Apenas admitem que há mais soluções no forno. “Não tem ninguém aqui pivotando o negócio. Nosso propósito é ser a melhor companhia de benefício do país, mas vamos colocar soluções ‘on top of that’”, fala Salem, sobre o caminho do crescimento. Ou seja, os mesmos clientes — em ambas as pontas, a corporativa e a pessoa física usuária do benefício — poderão ter mais serviços e produtos disponíveis em breve.

Por isso, a previsão para 2022 é que a receita seja entre 5 e 10 vezes maior que a do ano passado. Além disso, a companhia conseguiu azeitar processos, ajustar time de vendas, investir em talentos e as margens estão maiores — na verdade, dobraram.

Outro indicador de que a infância do negócio ficou definitivamente para trás é a campanha de marketing que está no ar. Raridade entre startups tão jovens, a companhia, cujo símbolo é um Flamingo (o que justifica o rosa choque do cartão), conseguiu fazer uma exposição agressiva de mídia, do mundo digital até à TV, ainda um dos mais nobres espaços.

O resultado desse esforço, isso eles contam: “a velocidade de vendas dobrou no começo deste ano, mesmo com toda sazonalidade de janeiro e fevereiro, na comparação com o último trimestre de 2021”, afirma Salem.

Os recursos novos vão para a empresa acompanhar a expansão da operação que tem registrado: mais funcionários, lideranças mais sêniores e mais tecnologia para novas frentes (por enquanto, misteriosas) de negócios.

A Batterry Ventures vai ter assento no conselho de administração da empresa, que tem a participação dos três fundadores. O único outro investidor que também está no centro de decisão dos negócios é a Monashees. Os demais sócios, segundo o trio, são sempre convidados a serem observadores nas discussões, ainda que não sejam membros oficiais e não possam votar. “Afinal, esperamos que eles nos ajudem com boas decisões, especialmente as que tiverem relação com aquisições e lançamento de novos produtos”, afirma o CEO. Lane completa: “Eles nos trazem uma capacidade de fazer benchmark muito rapidamente e com uma visão global desse negócio.”

Agora, é aguardar as novidades misteriosas para entender onde mais o Flamingo cor-de-rosa vai aparecer.

 

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