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Brasileira Mombak, de créditos de carbono, atrai o CPP Investments

Startup de reflorestamento na Amazônia levanta US$ 30 milhões com o fundo de pensão canadense, e mais US$ 5 milhões com a Rockefeller Foundation

Na Mombak, áreas de pastagens degradadas são restauradas para gerar créditos 'premium' (Mombak/Divulgação)
Na Mombak, áreas de pastagens degradadas são restauradas para gerar créditos 'premium' (Mombak/Divulgação)
Natalia Viri

Natalia Viri

21 de agosto de 2023 às 22:32

A Mombak, startup brasileira que gera créditos de carbono a partir do reflorestamento, acaba de levantar US$ 30 milhões com o CPP Investments, braço de investimentos do fundo de pensão canadense, para investir nos seus projetos na Amazônia. Outros US$ 5 milhões virão da The Rockefeller Foundation.

Os recursos serão voltados para o The Amazon Restauration Fund, veículo da Mombak que já levantou cerca de US$ 100 milhões para restaurar pastagens degradadas na Amazônia.

O fundo já contava com investidores como a Bain Capital, de private equity, e a seguradora Axa, que havia anunciado um aporte de US$ 49 milhões nos projetos geridos pela Mombak há pouco mais de um mês.

Assim como a Axa, a CPP Investments também entrará na base acionária da Mombak – nesse caso, com um aporte relativamente pequeno, de US$ 500 mil. No cap table, o fundo de pensão se une a investidores como Kaszek Ventures, Union Square e a Conservação Internacional.

Fundada em 2021, a Mombak compra terras com pastagens degradadas ou se associa a proprietários na região amazônica e faz a restauração da vegetação nativa, gerando créditos de carbono que podem ser comprados por empresas que precisam compensar suas emissões de gases de efeito-estufa.

Esses créditos, de projetos que removem dióxido de carbono da atmosfera durante o crescimento da vegetação, normalmente contam com ágio em relação a outros tipos de offsets, de desmatamento evitado ou energias renováveis, por exemplo.

Num mercado ainda marcado por problemas de integridade – com projetos que nem sempre conseguem entregar os benefícios ambientais que prometem –, a restauração da biodiversidade é considerada um atrativo adicional.

“Queremos levantar a barra na indústria”, afirma o CEO e fundador Peter Fernandez. “Dedicamos mais de um ano para atingir as especificações e requerimentos mais demandantes com respeito à remoção de carbono, biodiversidade, uso sustentável dos recursos e interação com comunidades locais.”

Americano radicado no Brasil há mais de pouco 10 anos, Fernandez já foi CEO da 99 e head do YouTube na América Latina, e fundou a Mombak ao lado de Gabriel Silva, ex-CFO do Nubank. Eles trouxeram executivos especializados na área florestal de empresas como a Suzano, além de acadêmicos focados na restauração na Amazônia.

Antes relegada a uma atividade filantrópica, o reflorestamento vem ganhando escala e investidores de olho no potencial de retorno financeiro.

“A economia global de transição [climática] está bem encaminhada, e esperamos que o valor de créditos de alta qualidade, verificáveis e de soluções baseadas na natureza continuem a aumentar” , disse Bill Rogers, head da divisão de Energias Sustentáveis da CPP Investments.

Nos últimos anos, diversas empresas surgiram para desbravar esse mercado no Brasil, como a re.green, que conta com investidores como a Lanx Capital, Armínio Fraga e João Moreira Salles, e a Biomas, formada por Marfrig, Suzano, Vale, Rabobank, Itaú e Santander.

A Votorantim também está de olho neste mercado, com seu braço de ativos ambientais, a Reservas Votorantim.

Atualmente, a Mombak está desenvolvendo seu primeiro projeto, numa área própria de 3 mil hectares em Mãe do Rio, a quatro horas de Belém, onde pretende remover 1 milhão de toneladas de carbono da atmosfera a partir de 2030.

A empresa está negociando parcerias com outras duas fazendas na mesma região, num modelo mais asset light, em que se associa com os donos das propriedades e desenvolve os serviços de reflorestamento e venda de créditos de carbono, ficando com uma fatia da receita.

Normalmente, as áreas degradadas são ocupadas por pastagens para gado de baixa produtividade. Nesse caso, os créditos de carbono, vendidos no mercado spot ou em contratos de offtake, conseguem dar uma rentabilidade maior para o produtor – se superada a barreira dos investimentos necessários para tirá-los do papel.

Numa indústria ainda nascente, ainda há grandes desafios de execução, como o desenvolvimento de cadeias de suprimento voltadas para o reflorestamento biodiverso – com técnicas de plantio e até mesmo viveiros especializados. Outra dificuldade é mais comezinha: com o caos de titularidade de terras na Amazônia brasileiras, desenvolvedores costumam relatar dificuldade de encontrar propriedades devidamente regularizadas para investir.

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Natalia Viri

Natalia Viri

Editora do EXAME IN

Jornalista com mais de 15 anos de experiência na cobertura de negócios e finanças. Passou pelas redações de Valor, Veja e Brazil Journal e foi cofundadora do Reset, um portal dedicado a ESG e à nova economia.