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Alea, divisão de casas pré-fabricadas da Tenda, dá os primeiros passos para fora de São Paulo

Startup da construtora vai vender unidades em Minas Gerais e no Paraná, regiões que representam, juntas, um mercado adicional de 47 mil casas por ano

Alea: projeto em Santa Bárbara d'Oeste foi entregue há cerca de um mês (Alea/Divulgação)
Alea: projeto em Santa Bárbara d'Oeste foi entregue há cerca de um mês (Alea/Divulgação)
Karina Souza

Karina Souza

19 de maio de 2023 às 13:09

A Alea, divisão de casas pré-fabricadas da Tenda, vai passar a atuar em Minas Gerais e Paraná, em sua primeira expansão para fora de São Paulo. A novidade é o passo mais recente da estratégia de crescimento da divisão, colocada em prática neste ano, após três de estudos sobre a própria cadeia de fornecedores e o melhor modelo para levar a construção de casas para dentro de uma fábrica.

“Fizemos um estudo em que analisamos o potencial de mercado dessas regiões e avaliamos que será possível atender a esses novos mercados com uma boa eficiência. A distância da fábrica, em Jaguariúna (SP), para as cidades escolhidas é a equivalente de sair de lá para o oeste de São Paulo”, diz Luis Martini, COO da Alea ao EXAME IN.

Hoje, a Alea já inaugurou empreendimentos nas cidades paulistas de Leme, Mococa, Mogi das Cruzes, Santa Bárbara d'Oeste, Iperó, Araraquara, Itapetininga, Cerquilho e Boituva. Agora, a companhia mira 37 cidades de Minas Gerais e outras sete no Paraná. As novas localizações no raio de atuação da empresa, somadas, representam um mercado adicional de 47 mil casas por ano, cerca de R$ 8,2 bilhões. O mercado 'original', do estado paulista é de 150 mil unidades, ou R$ 27,5 bilhões.

O cálculo de residências parte de uma metodologia própria da empresa, que não considera demanda represada, mas a formação de novas famílias nessas regiões, dentro da faixa de renda almejada pela Alea (que segue o direcionamento estratégico da Tenda), de até R$ 7 mil.

A novidade da vez é o passo mais recente de uma estratégia que já tinha outros dois passos anunciados no último Tenda Day: o potencial de explorar a pré-construção de casas em cidades acima de 20 mil habitantes (um escopo muito mais amplo do que o projeto inicial, de cidades acima de 100 mil habitantes) e o lançamento de uma nova marca sob o guarda-chuva da divisão, chamada Casapatio, dedicada à construção de casas em lotes prontos. Resumidamente: o plano inicial da Alea previa apenas condomínios e, com a nova marca, a companhia passou a conversar com grandes loteadoras, adquirindo esses terrenos ‘no atacado’ e começando a construir casas em lotes abertos.

Os três pontos — a expansão para fora de São Paulo, a visão de cidades menores e a nova marca — têm em comum o mesmo objetivo: manter a fábrica da companhia ocupada. Hoje, a Alea tem capacidade de fabricar 10 mil casas por ano, uma capacidade que deve ser plenamente atingida em 2026, conforme o guidance divulgado pela empresa no primeiro trimestre deste ano. Quando chegar lá, a divisão deve faturar de R$ 1,7 bilhão a R$ 2 bilhões por ano , tomando como base o preço médio dos dois modelos de casas pré-fabricadas vendidas pela companhia, de 44 metros quadrados e de 47 metros quadrados (variam entre R$ 175 mil e R$ 200 mil). 

É um mercado bem diferente do almejado pela Brasil ao Cubo, startup de construção modular acelerada pela Gerdau. A construtech mira principalmente projetos ligados a empresas e, neste ano, deve lançar o primeiro edifício residencial -- voltado à alta renda. Em 2023, a empresa deve faturar R$ 650 milhões, uma cifra ainda distante do que a Alea fatura hoje: em 2022, ainda como parte da estratégia inicial de testes, a companhia fabricou apenas 200 casas (vendeu 400, ao todo), faturando R$ 30,4 milhões, um aumento de 59,4% sobre o ano anterior.

Os resultados alcançados pela empresa, mesmo em um nicho diferente, dão uma ideia do potencial que a Alea pode alcançar. Nesse processo de crescimento, a startup da Tenda aponta como diferencial a percepção de qualidade das casas de wood frame já entregues pela companhia. Nesse modelo de construção, a técnica utilizada é a de usar perfis de madeira de reflorestamento junto com placas estruturais de diferentes materiais para montar as residências.

“A casa não tem paredes tortas, um ponto muito comum em construções do tipo tradicional. Além disso, há um conforto térmico superior, já que cada parede tem várias ‘camadas’, inclusive camadas de ar, que diminuem a sensação de calor dentro de casa, um ponto muito comum no interior de São Paulo, que tem temperaturas mais altas”, diz Martini. 

Além disso, entra em jogo a educação do consumidor a respeito do novo modelo de casa. De acordo com dados da Alea (que concentra todas as vendas de casas feitas pela divisão até hoje, apenas 3% dos clientes que chegam a um estande deixam de comprar a casa por desconfianças com o modo de construção . Todos os projetos do conceito de moradia de Alea tiveram uma Venda Sobre Oferta (VSO) média de 56% por trimestre.

Para coroar tudo isso, a divisão se vale de um movimento de hábito dos brasileiros. O COO cita um estudo da Deloitte, publicado em 2019, chamado “Comportamento do consumidor de imóveis em 2040”, que aponta que 70% dos brasileiros preferem morar em casa do que em apartamento — seja uma de rua, de condomínio ou de vila — já levando em consideração a própria situação financeira. 

O interesse pela casa própria e o acesso às famílias na faixa de renda coberta pelos programas do governo são um ponto de extrema relevância para Martini. O executivo, que assumiu recentemente o cargo, já atuou na Embraer, Natura, Wine e Amazon, antes de chegar à Tenda, há quatro anos, vê no propósito um fio condutor essencial em toda a carreira -- que é, de forma clara, trazer acesso ao "sonho da casa própria" dentro da construtora, com sustentabilidade.

"As casas têm impacto ambiental negativo. O aço e o concreto são os que mais poluem, enquanto a madeira sequestra carbono enquanto a árvore está crescendo. Temos um impacto de carbono 15 toneladas menor do que o de uma construção tradicional, diz.

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Karina Souza

Karina Souza

Repórter Exame IN

Formada pela Universidade Anhembi Morumbi e pós-graduada pela Saint Paul, é repórter do Exame IN desde abril de 2022 e está na Exame desde 2020. Antes disso, passou por grandes agências de comunicação.