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Inovação

Agtech Gavea recebe aporte de R$ 23 milhões para ganhar o mundo

Plataforma permite negociação de commodities agrícolas via blockchain, garantindo rastreabilidade aos produtos

Vitor Nunes: em menos de um ano de operação, bolsa digital já recebeu R$ 8,5 bilhões em ordens de compra e venda (Gavea/Divulgação)
Vitor Nunes: em menos de um ano de operação, bolsa digital já recebeu R$ 8,5 bilhões em ordens de compra e venda (Gavea/Divulgação)

Publicado em 12 de janeiro de 2022 às 07:01.

Última atualização em 13 de janeiro de 2022 às 09:50.

Com menos de um ano de operação, a Gavea Marketplace, uma agtech que atua como uma bolsa digital de commodities baseada em inteligência artificial e tecnologia blockchain, fechou uma captação de R$ 23 milhões. Os recursos darão fôlego para a empresa fortalecer a plataforma e buscar uma atuação internacional.

A tecnologia desenvolvida pela Gavea tem particularidades que tornam o projeto único e com capacidade de ganhar o mundo. A rodada de capital semente foi liderada pela gestora de Astella. Também participam a 2TM, holding do Mercado Bitcoin, um family office e dois investidores individuais do mercado financeiro. A Domo Invest, que esteve à frente de uma capitalização pré-seed no início de 2020, no valor de R$ 2,4 milhões, acompanhou a nova emissão.

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A agtech foi criada por Vitor Uchôa Nunes, ex-diretor executivo do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da Exame), e conta com outros dois sócios: Diogo Iafelice, diretor comercial, e Bruno Holtz, à frente da área de tecnologia. Desde que iniciou suas atividades, em fevereiro do ano passado, compradores e vendedores de grãos de nove estados do país já colocaram o equivalente a US$ 1,5 bilhão em ordens ou R$ 8,5 bilhões. Esse volume financeiro corresponde a mais de 4 milhões de toneladas dos produtos.

Além da facilidade da negociação da produção física, a plataforma da Gavea soluciona um dos maiores dramas da atualidade do mercado agrícola: a rastreabilidade de ponta a ponta, em todas as etapas. “Quando um vendedor coloca sua produção à venda, conseguimos mapear todas as bases públicas de registros ambientais e verificar se aquela fazenda está em ordem com todas as licenças e até mesmo se já teve problemas com mão de obra”, conta Nunes, em entrevista ao EXAME IN.

A partir do momento em que o token de uma produção é gerado, para a negociação via blockchain, aquele produto específico pode ser acompanhado até seu destino final. O comprador vai saber exatamente de onde veio aquela soja adquirida.

O empreendedor e seus sócios vêm sustentando o desenvolvimento da Gavea até o momento, com todo o desenvolvimento tecnológico e a expansão de time, que hoje já conta com 25 pessoas. Com o aporte, ganham fôlego para acelerar a operação. A ideia agora é oferecer as commodities brasileiras na Europa e na Ásia e ampliar os times comercial, de tecnologia e marketing.

Apesar de funcionar como uma bolsa, o produtor escolhe com quem quer fechar a transação. “Não é um mercado de liquidação automática de ofertas, como uma bolsa de ações”, explica. No BTG Pactual, Nunes trabalhou em diversas áreas, mas foi quando chegou em commodities agrícolas que viu oportunidade de empreender. “Esse setor é totalmente analógico nos contratos físicos e tem muita coisa que ainda é fechada pelo telefone.”

Na plataforma, as negociações são feitas à vista ou a prazo, com pagamento em reais ou em dólares e geração de contratos 100% digitais sob medida, assinados com certificado ICP-Brasil — o que resulta em menores custos transacionais e operacionais e em maior margem de lucro aos participantes.

O vendedor não paga nada para ofertar sua produção. Quem paga os emolumentos — 0,15% do contrato — são os compradores. O fundador explica que, dessa forma, a ponta mais vulnerável, o produtor, fica mais protegido. Como consequência, quem compra sabe que não está pagando nenhum custo de corretagem embutido e, se for um intermediário que vai repassar o produto, não vai pagar o custo quando assumir o papel de vendedor.

Com a rastreabilidade assegurada, o market-place da Gavea já resolve um dos maiores desafios que o setor terá de enfrentar nos próximos anos. “Na COP26, diversas empresas e países assinaram termos e compromissos para suspender a compra de produtos oriundos de áreas desmatadas. Com a nossa plataforma, o comprador sempre saberá a procedência do produto e se foi produzido de maneira consciente e legal”, comenta Nunes.

O mercado potencial da agtech vai muito além dos quase US$ 100 bilhões da produção agrícola brasileira. Considerando todas as etapas comerciais, essa cadeia é capaz de movimentar US$ 400 bilhões, com as intermediações. “O Brasil é referência mundial quando o assunto é agro, e estamos mostrando que também no quesito tecnologia temos esse mesmo protagonismo. Criamos a primeira bolsa baseada em blockchain para o Agronegócio, e isso é só o começo.”

 

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