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A nova proposta da Americanas aos credores

Trio do 3G se compromete a aportar R$ 12 bi na empresa, contra proposta anterior de R$ 10 bi

Americanas: Novos números vêm onze meses depois do estouro de um maiores escândalos corporativos do país (Leandro Fonseca/Exame)
Americanas: Novos números vêm onze meses depois do estouro de um maiores escândalos corporativos do país (Leandro Fonseca/Exame)

10 de outubro de 2023 às 21:00

A Americanas apresentou hoje uma nova proposta aos bancos dentro da sua recuperação judicial, em que trio Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles se compromete a colocar mais dinheiro na mesa em troca de uma conversão maior das dívidas em ações da companhia.

Na prática, o novo plano adiciona R$ 4 bilhões à capitalização prevista na companhia – e, se aprovada, reduz o saldo remanescente de dívida de R$ 42,5 bilhões para R$ 1,87 bilhão.

No novo desenho, o trio fundador da 3G Capital faria um aporte de R$ 12 bilhões já no curto prazo. Anteriormente, a proposta era de uma injeção de R$ 10 bilhões, com mais R$ 2 bi a serem pagos em 2027 e 2028, atrelados a métricas de desempenho.

Tanto na proposta mais recente quanto na mais antiga, o valor total inclui os R$ 2 bilhões na modalidade DIP (debtor-in-possesion) que foi aprovado em fevereiro garantido pelos acionistas de referência, e do qual a empresa já acessou pouco mais de R$1,5 bilhão para manter o curso das suas operações.

Em contrapartida a esse reforço de caixa imediato, os bancos credores converteriam também R$ 12 bilhões de dívida em ações da Americanas. Na proposta anterior, a conversão seria de R$ 10 bilhões.

Da dívida total da Americanas, R$ 35 bilhões estão nas mãos dos bancos, que, após a conversão das dívidas, ficam com um saldo de R$ 23 bilhões a receber.

A empresa pretende fazer uma emissão de R$ 1,87 bilhão em nova dívida para alongar os passivos. A proposta anterior contemplava uma emissão maior, de R$ 5,7 bilhões, que deixaria a companhia mais endividada ao fim do processo.

A Americanas pretende usar ainda R$ 8,7 bilhões dos recursos que vão entrar em caixa com a capitalização para recompra antecipada do saldo remanescente da dívida, com desconto.

Nesse valor, estão tanto R$ 2 bilhões voltados a um leilão reverso com desconto mínimo de 70% -- que, amortiza, portanto, R$ 6,7 bilhões. Outros R$ 6,7 bilhões serão usados para fazer um pagamento antecipado dos poucos mais de R$14 bilhões restantes, o que implica um haircut de pouco mais de 50%.

Os passivos trabalhistas e com micro e pequenas empresas tem previsão de pagamento integral (sem desconto) e há “alternativas de pagamento diferenciadas para os fornecedores”, que somam uma dívida de R$ 5,5 bilhões, disse a varejista em fato relevante divulgado na noite desta terça-feira.

“A companhia segue empenhada nas negociações destes termos com seus credores financeiros, em busca de uma solução sustentada que permita a continuidade de suas atividades”, reforçou a Americanas no documento.

Enquanto isso, a varejista segue sem êxito na tentativa de venda de ativos. No último dia 3, a empresa informou que suspendeu o processo de venda da Uni.Co, dona da Pucket, Imaginarium e Lovebrand. Esse era um dos ativos  listados como potenciais alienações para levantar recursos, o que incluía também o avião da companhia e o Hortifruti Natural da Terra. De acordo com o plano apresentado em março, R$ 2 bilhões provenientes dessas alienações seriam usados para reduzir a dívida da Americanas.

A companhia está sendo assessorada pelo banco Rothschild&Co.

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Raquel Brandão

Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Jornalista há mais de uma década, foi do Estadão, passando pela coluna do comentarista Celso Ming. Também foi repórter de empresas e bens de consumo no Valor Econômico. Na Exame desde 2022, cobre companhias abertas e bastidores do mercado

Natalia Viri

Natalia Viri

Editora do EXAME IN

Jornalista com mais de 15 anos de experiência na cobertura de negócios e finanças. Passou pelas redações de Valor, Veja e Brazil Journal e foi cofundadora do Reset, um portal dedicado a ESG e à nova economia.