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Remy Sharp
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As ações da Petrobras fecharam em alta de 2,49% (PETR4) e de 2,24% (PETR3) nesta terça-feira, após o anúncio da nova política de preços da companhia. A razão para o otimismo, segundo fontes que acompanham o papel ouvidas pelo EXAME In, tem a ver com o anúncio significar uma nova roupagem para a velha política adotada pela empresa. Ainda que muitas ressalvas tenham ficado em relação ao futuro da companhia. 

Nesta manhã, a Petrobras soltou uma nota ao mercado afirmando que, em vez de atrelar seu preço final somente ao preço de paridade de importação, a companhia vai manter o preço internacional como referência e vai acrescentar dois novos fatores a essa conta: o custo de produção da empresa e o chamado "custo de oportunidade" dos clientes. A companhia não foi além desses termos nem mesmo na coletiva de imprensa. Ou seja: a informação disponível até agora é a de que a conta ficou mais complexa, mas ainda sem saber exatamente o peso de cada critério no preço final.

Mesmo assim, o novo 'combo' animou os investidores, na medida em que foi visto por alguns como uma tentativa de a empresa ganhar market share praticando preços menores, o que implica alguma redução de margem — mas tira do radar, pelo menos por enquanto, a necessidade de subsídios.

O otimismo do dia com a mensagem se tornou mais completo a partir da coletiva realizada na hora do almoço, na qual Jean Paul Prates, CEO da Petrobras, apontou níveis de reajuste dos combustíveis em linha com o que já era esperado. Nas contas de quem acompanha o setor e o papel, a redução veio dentro do intervalo possível a partir da conta original — a de 100% de paridade de importação — o que reforçou o viés de busca de rentabilidade mesmo em meio à nova estrutura.

Uma fonte próxima à companhia, ouvida pelo EXAME In, afirmou que não se trata de coincidência. Mais do que isso: os reajustes ditos nesta terça-feira já haviam sido decididos pela companhia na semana passada, em discussões que não tinham a ver com a mudança na fórmula de precificação da companhia.

As dúvidas que permanecem

O movimento anunciado pelo governo nesta terça-feira vem em meio a um ambiente favorável, de queda, nos preços do petróleo internacional (medido pela Abicon) e de câmbio. O teste para valer virá mesmo quando a empresa precisar seguir um possível aumento de preços do petróleo daqui para a frente. "Se viesse algo mais elaborado, do tipo 'hoje a Petrobras está operando com X% de defasagem, vamos montar um fundo para que os preços acompanhem a paridade' seria uma coisa, mas não foi o que a gente viu", diz uma fonte que acompanha o papel.

Explicando melhor essa história, hoje, 70% da produção da Petrobras é feita de forma totalmente nacional e os demais 30% são atendidos via importação. Enquanto a companhia tem custos em reais para a maior parte da produção, eliminar a PPI do jogo coloca em risco o papel da companhia diante do mercado internacional. Leia-se: a Petrobras pode ter a maior parte da produção no Brasil, mas, se vender preços muito abaixo dos internacionais, nada impede que empresas locais comprem da Petrobras para exportarem com lucro -- ainda que esse seja um cenário extremo.

Isso sem falar no passado negativo sobre a era pré-paridade internacional de importação. Como o EXAME In mostrou em 2021, a política de contenção de preço dos combustíveis da era Dilma Rousseff (PT) acumulou R$ 100 bilhões em perdas, de acordo com dados divulgados em 2015. O cálculo inclui o que a companhia deixou de ganhar e o que gastou a mais em despesa financeira, fruto da ausência de paridade do combustível com os preços internacionais.

Por enquanto, diante da falta de uma fórmula clara e da frequência ainda não divulgada dos reajustes de preços — somada à falta de clareza sobre a nova política de dividendos — os analistas Pedro Soares, Thiago Duarte e Bruno Lima, do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME) mantiveram a recomendação neutra para os papéis.

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