3 de julho de 2024 às 15:22
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, concedeu entrevista exclusiva à EXAME como parte do projeto que celebra os 30 anos do Plano Real.
Para ele, o Plano Real e a adoção do regime de metas para a inflação foram grandes marcos que estabilizaram a economia brasileira e permitiram que muitas coisas boas pudessem acontecer no país
"O que era escassez se tornou abundância", diz o presidente do Banco Central (BC).
Apesar dos diversos avanços econômicos e sociais conquistados com o Plano Real, Campos Neto disse que a ausência de uma âncora fiscal de longo prazo é o principal desafio para que o Brasil alcance crescimento e desenvolvimento sustentável.
Segundo ele, essa batalha é comum em todos os governos e não é tarefa de um único governante. "Aos longos dos últimos 20 anos, onde tivemos mais dificuldade, de fato, foi em produzir uma âncora fiscal que tivesse credibilidade por um período mais prolongado", diz
A âncora fiscal é importante, diz Campos Neto, para garantir credibilidade de longo prazo, o que atrairá investimentos para o país e criará um ambiente estável para que empresários desenvolvam os negócios com geração de emprego e mais renda.
"Hoje estamos, de novo, em uma situação em que o mercado questiona a credibilidade da âncora fiscal. Estamos vendo isso no nosso dia a dia", disse.
Outro desdobramento institucional que merece ser comemorado e aprimorado, para Campos Neto, é a autonomia do BC. Segundo ele, a autonomia é positiva porque o ciclo de política monetária tem duração e visibilidade diferentes do ciclo político.
"Meu avô, quando desenhou o Banco Central, com autonomia, tinha uma proposta de autonomia muito maior. Temos autonomia operacional. A autonomia se divide em três partes. Operacional, administrativa e financeira", disse, em referência a Roberto Campos, economista e ex-deputado.