23 de dezembro de 2024 às 11:33
“O estado da união é forte.” Desde 1983, quase todos os presidentes dos Estados Unidos disseram essa frase em seu pronunciamento anual ao Congresso. O próximo a fazer esse discurso será Donald Trump, que voltará a ser presidente em janeiro de 2025.
Ele terá a missão de resolver várias questões do país, que continua como a maior economia e maior potência militar do mundo, mas tem de resolver diversos problemas internos e externos
Veja os principais desafios do novo presidente:
1 → Descontrole fiscal
Na campanha, Trump prometeu cortar impostos de várias formas, desde as taxas sobre grandes corporações até impostos nas gorjetas recebidas por garçons. Reduzir a arrecadação sem aumentar as receitas, no entanto, piorará o déficit fiscal dos EUA
No ano fiscal de 2024, esse valor deve atingir 1,9 trilhão de dólares, segundo previsão do Escritório de Orçamento do Congresso. O governo americano tem hoje uma dívida pública total de 26,2 trilhões de dólares, ou 99% do PIB do país
Um estudo feito pela Penn Wharton Budget Model mostra que as promessas feitas por Trump, se implantadas, aumentariam a dívida do país em 5,8 trilhões de dólares em dez anos
2 → Recordes de imigração irregular
A cada dia, 8.000 estrangeiros são presos ao tentar entrar irregularmente nos Estados Unidos, mostram dados do governo americano. Essa foi a média registrada no ano fiscal de 2024, segundo dados do Departamento de Proteção de Fronteiras (CBP)
Na soma do ano, foram 2,9 milhões de detenções, quase o triplo do número de 2019 (1,1 milhão).
Trump promete usar medidas duras para conter esse fluxo, como fechar fronteiras e fazer uma deportação em massa.
O novo presidente afirma que expulsar imigrantes ajudará a aumentar a oferta de empregos para os americanos e a reduzir o custo de vida: com menos procura por casas, por exemplo, o preço da moradia cairia.
Por outro lado, analistas afirmam que a retirada abrupta de milhões de pessoas afetaria diversos setores, acostumados a depender de estrangeiros dispostos a trabalhar em funções repetitivas e de baixos salários, mas essenciais
3 → Guerras sem fim na Ucrânia e no Oriente Médio
Nos últimos dois anos, duas guerras de peso surgiram, ganharam força e parecem não ter fim: Rússia contra Ucrânia e Israel contra Hamas, Hezbollah e Irã.
Nas duas, os Estados Unidos, sob a gestão de Joe Biden, tomaram um lado, mas também tomaram distância: buscam fornecer apoio público a Israel e Ucrânia, além de equipamentos militares de ponta, mas sem enviar soldados
Na campanha, Trump prometeu resolver a guerra na Ucrânia “em um dia”, mas não detalhou como fará isso. Há uma expectativa de que ele tente acelerar algum tipo de acordo entre Moscou e Kiev, que possa forçar os ucranianos a ceder parte do território ocupado pela Rússia.
Ele poderá pressionar o presidente Volodymyr Zelensky a aceitar um acordo assim, pois, se os Estados Unidos reduzirem seu apoio financeiro, a Ucrânia terá dificuldade para continuar lutando
Desde o início da guerra, os americanos já enviaram 64 bilhões de dólares. No Oriente Médio, Israel tem grande capacidade militar para agir sozinho, mas Trump deverá aumentar a pressão sobre o Irã, como fez em seu primeiro mandato, e dar ainda mais apoio ao aliado.