23 de dezembro de 2024 às 11:55
A visão do futuro molda o presente. Quem espera recompensas à frente tem motivação extra. Mas, quando se perde a esperança, as coisas ficam mais confusas, tanto para os indivíduos quanto para política e a economia de um país.
O estudo Ipsos Global Trends faz um mergulho interessante nas visões de futuro de mais de 50.000 pessoas, em 50 países, e traz algumas pistas de como as perspectivas estão ficando mais estreitas
“As pessoas estão mais céticas e inseguras em relação ao futuro”, diz Cintia Lin, head de Creative Excellence da Ipsos Brasil. “66% dos brasileiros dizem que viver o presente é mais importante, porque o futuro vai ser incerto. Na média global, 64% disseram isso"
O estudo mostrou ainda que 86% dos brasileiros acham que o mundo está mudando rápido demais e que as coisas devem piorar com a crise climática e um possível avanço desenfreado da tecnologia, que poderá cortar empregos e trazer ainda mais incerteza
Esse contexto leva ao desejo de volta ao passado, como um lugar idealizado no qual a vida teria sido melhor.
No Brasil, 56% dizem que gostariam de que o país fosse como antes — não há clareza, porém, do que seria esse antes. Na média global, 57% têm esse desejo.
Um ponto curioso é que muitos jovens da geração Z, que nasceram neste século, buscam se interessar mais pelo que não viveram. Isso se reflete no mercado: séries como Stranger Things, que se passa nos anos 1980, fizeram muito sucesso
Na política, essa busca se reflete no voto em candidatos que defendem o retorno a valores tradicionais, como um modelo único de família, ou a momentos em que era mais fácil arrumar um emprego bem remunerado e ter conforto material
O maior exemplo disso é Donald Trump, que venceu as eleições presidenciais de 2024 nos Estados Unidos repetindo a promessa de “tornar a América grande de novo”. Javier Milei venceu em 2023 ao prometer recolocar o país no rumo de sucesso perdido no século 20