4 de abril de 2024 às 17:52
Tal como terremotos, nevascas e prêmios Nobel, disputas territoriais parecem distantes da realidade brasileira. Até que uma disputa entre dois países vizinhos ao Brasil ganhou o noticiário.
Em dezembro de 2023, a Venezuela realizou um referendo sobre a anexação da região de Essequibo, rica em petróleo e correspondente a 74% do território da Guiana.
O referendo, segundo o governo da Venezuela, deu 95% de votos favoráveis à anexação. E na última quarta-feira, 3, o presidente Nicolás Maduro promulgou uma lei que cria uma província da Venezuela na região.
A região de Essequibo é alvo de interesse histórico da Venezuela, numa série de investidas que já mudou até o mapa do Brasil.
Desde pelo menos 1844 Venezuela e Grã-Bretanha disputam o controle da região, se valendo de registros históricos dos impérios que Espanha e Holanda consolidaram na região.
A queda de braço chegou a um tribunal em 1899. O Laudo de Paris deu a vitória aos britânicos, mas pouco tempo depois a área passou a ser contestada pela Venezuela.
Uma nova negociação começou, desta vez para delimitar as fronteiras britânicas com o Brasil naquela área parcamente povoada.
Em 1904, uma arbitragem italiana definiu que, dos 33 mil km2 do Essequibo em disputa, pouco mais de 13 mil ficariam com o Brasil e cerca de 19 mil ficariam com a Grã-Bretanha.
A área britânica foi integrada à Guiana após a independência do país, em 1966, e hoje faz parte do território contestado pela Venezuela.
O país hoje governado por Nicolás Maduro reivindica a região do Essequibo oficialmente desde 1963.
A área que há 119 anos pertence ao Brasil, parte do estado de Roraima, não está sendo contestada por Maduro.