ESG

Planta invasora gera renda extra para agricultores familiares na Bahia

Letícia Ozório

23 de agosto de 2024 às 09:54

Na comunidade de Miramar, em Eunápolis, ao sul da Bahia, agricultores familiares de fazendas de cacau, café e pimenta-do-reino lutavam há anos contra a invasão da erva-baleeira.

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A planta, nativa da Mata Atlântica, se espalha com muita facilidade, e ocupa as áreas destinadas a pastagens e cultivo. Agora, a erva pode se tornar uma fonte de renda para as famílias.

Reprodução/AFP

A planta tem valor medicinal: o óleo essencial extraído das suas folhas pode ser usado como um anti-inflamatório e analgésico natural. A venda de um quilo do óleo essencial gera aproximadamente R$ 2 mil, podendo chegar a até R$ 3 mil.

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Por isso, uma parceria da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) e da indústria de celulose Veracel busca capacitar os agricultores familiares para que possam obter uma renda extra a partir da extração do óleo essencial da baleeira.

Cristiano Mariz/Exame

🌱 O processo, no entanto, esbarra por mudar a mentalidade dos produtores, e tornar a planta, antes vista como uma ameaça, em uma oportunidade de negócios.

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O projeto começou com a identificação da ocorrência da espécie na região. A especialista em responsabilidade social da Veracel Celulose, Dra. Carolina Kffuri, conta que a quantidade de mudas da maria-preta surpreendeu os pesquisadores envolvidos no projeto.

Cristiano Mariz/Exame

A erva-baleeira era vista como uma praga na região. “Perguntamos ‘Quem aduba essa planta para ela crescer desse jeito?’ e os agricultores responderam ‘Adubo? Não, adubo de maria-preta é o facão’”, conta. A população também costumava atear fogo nas mudas para destruir a planta.

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Os alunos e pesquisadores envolvidos no projeto passaram a capacitar os agricultores e suas famílias sobre os usos e o potencial econômico da maria-preta, além dos métodos de colheita, armazenagem e extração do óleo.

“Nenhum agricultor conhecia o óleo da erva-baleeira ou sabia para que ele servia. Eles usavam como chá, mas na pele realmente é uma novidade. Há poucos grupos de agricultura familiar nesse mercado, pois ele é mais elitizado”, explica a professora de USFB, Dra. Gabriela Narezi.

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Uma das ações tomadas para engajar os agricultores foi a compra garantida: todo o óleo extraído seria adquirido pelo Instituto Fotossíntese, organização ambiental, que revende para a indústria. O plano deu certo. Atualmente, 12 famílias de agricultores participam da ação.

“Nós sabemos que a agricultura familiar enfrenta muitas dificuldades no Brasil. Mostrar para eles que a erva proporcionaria uma fonte de renda extra foi de grande valor”, explica Ryu Okada, diretor executivo do Instituto.

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O próximo passo é entender novas oportunidades de negócio. Em outra comunidade em que a Veracel e a UFSB atuam em Eunapólis, a Nova Vitória, o plantio da melaleuca tem sido alvo de testes: Conhecida como um antifúngico, a planta é utilizada no local como defendivo agrícola.

Para Kffuri, as novas oportunidades desbloqueiam o potencial econômico de soluções baseadas na natureza para a agricultura de base. “Imagino que vai ser uma virada de chave na vida dos agricultores. São pequenas ações, mas que são muito importantes para as famílias”, conta.

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