1 de novembro de 2024 às 10:41
Na COP do ano que vem em Belém, os olhos do mundo estarão todos no Brasil e será um grande momento para apresentar toda agenda positiva do país, disse à EXAME Rodrigo Rollemberg, secretário de Economia Verde, Descarbonização e Bioindústria do Ministério do Desenvolvimento.
O Brasil tem um potencial único de ser o primeiro do mundo a alcançar a neutralidade em carbono, seja pela sua riqueza em florestas tropicais e enorme biodiversidade, matriz energética predominantemente renovável ou pela agricultura sustentável e moderna.
Na COP29 em Baku, no Azerbaijão, o secretário diz estar confiante que o Brasil apresente avanços significativos. Há uma expectativa de conclusão da regulação do mercado de carbono, a aprovação das eólicas offshore e o regulamento do uso de bioinsumos na agricultura.
"Estes três projetos são muito importantes para o país chegar mostrando que aprovou a pauta regulatória e tem toda a capacidade de atrair investimentos internacionais de empresas e países que precisam acelerar os seus processos de descarbonização", destacou Rollemberg.
Enquanto o de bioinsumos está bem avançado e maduro, o das eólicas offshore parece mais complexo e o mercado de carbono segue em tramitação no Senado.
Além disso, o governo brasileiro deve apresentar sua nova Contribuição Nacionalmente Determinada (NDCs), com metas para redução de emissões até 2035 alinhadas com o Acordo de Paris.
O Plano Clima, que servirá como guia da política climática brasileira neste período, é uma construção absolutamente necessária, acredita Rollemberg, e o MDIC está responsável pela estratégia de redução das emissões e adaptação da indústria.
Outro tema que ele considera muito importante para países tropicais como o Brasil, é a implementação de um instrumento global vinculante de pagamento pelos serviços ecossistêmicos da floresta em pé.
Em um Brasil em que a maior parte das emissões vem do uso da terra, o secretário destaca que eliminar o desmatamento ilegal e fazer um programa de reflorestamento e de restauração pode transformar um setor que hoje é o que mais emite, em um que mais remove carbono.
"Temos cases fantásticos e olhando para outros países, até do Norte Global, nosso problema para resolver é outro. Eles ainda estão falando de energia, enquanto nós lideramos a transição energética. Eu acredito que o 'pulo do gato' está na agricultura", disse.
Entre os maiores desafios da COP no Brasil, Rollemberg acredita que é preciso mudar alguns preconceitos relacionados ao agronegócio, que tem avançado e evoluído de forma mais sustentável do que em qualquer outro país.