25 de outubro de 2024 às 12:42
O relatório anual divulgado nesta quinta-feira, 24, pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), não traz boas notícias: se as nações continuarem com as políticas atuais, o mundo irá enfrentar um aumento catastrófico da temperatura de até 3,1°C até 2030.
Caso cumpram de fato com as promessas climáticas, a alta seria limitada a 2,6-2,8°C. . O cenário traz impactos drásticos para as pessoas, para o planeta e para as economias, alerta a ONU.
Por outro lado, ainda há uma pequena janela de oportunidade: é tecnicamente possível atingir a meta de 1,5°C, mas apenas com uma mobilização global e ação rápida.
Segundo o relatório, os países precisariam se comprometer coletivamente a reduzir 42% das emissões anuais de gases de efeito estufa até 2030 e 57% até 2035, na próxima rodada de Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs, na sigla em inglês) submetidas em 2025.
Embora adicionar compromissos de neutralidade de carbono à implementação total das NDCs incondicionais e condicionais possa limitar o aquecimento global a 1,9°C, a ONU destaca que atualmente há baixa confiança na implementação.
“Chegou a hora decisiva para o clima. Precisamos de uma mobilização em uma escala e ritmo nunca vistos antes – começando agora, antes da próxima rodada de promessas climáticas – ou a meta de 1,5°C logo estará morta", disse Inger Andersen, Diretora Executiva do Pnuma.
Mas ao mesmo tempo que o relatório mostra a profundidade desse abismo e o tamanho da crise, também aponta o esforço que precisa ser feito — traçando algumas soluções e caminhos.
O aumento da implantação de tecnologias fotovoltaicas solares e energia eólica poderia fornecer 27% do potencial total de redução em 2030 e 38% em 2035.
Já a ação sobre florestas poderia fornecer cerca de 20% do potencial em ambos os anos. Outros caminhos incluem medidas de eficiência, eletrificação e substituição de combustíveis nos setores de edifícios, transportes e indústrias.
“É um ano trágico, que deixou muito claro para a humanidade o abismo para o qual estamos caminhando”, disse Alexandre Prado, líder em mudanças climáticas do WWF-Brasil, à EXAME. Para ele, é preciso ousadia política para alcançarmos a descabonização.