Sofia Schuck
18 de março de 2025 às 11:17
Uma mulher de muitas paixões, curiosa, determinada e que ama conversas profundas. Essa é Paula Azevedo para além do trabalho: cheia de hobbies, ela conta que adora dançar, é apreciadora de tudo que envolve as artes e se considera bastante transparente.
"Tem uma frase que me define bem, e também muitas de nós: você vende o que fala, mas entrega quem você é", disse em entrevista à EXAME, para a série especial de trajetórias femininas, lançada neste mês da mulher.
Paulista e mãe de três filhos, ela é hoje presidente do Instituto Inhotim, dirigindo o maior museu a céu aberto da América Latina, localizado em Brumadinho (MG), em meio aos biomas da Mata Atlântica e Cerrado.<br />
Segundo a executiva, sua conexão com a arte começou cedo e é elemento central em sua vida. Profundamente ligada ao universo artístico desde pequena, ela sempre conviveu entre intelectuais e artistas. O motivo? Acompanhar a mãe, que era modelo.
Sua trajetória em direção à alta liderança sempre foi marcada pelo grande desejo de contribuir para a melhora da governança e gestão dos lugares por onde passou. Paula começou a carreira no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM) e depois foi convidada a integrar a diretoria.
Mais tarde, atuou no Instituto de Arte Contemporânea (IAC), de Raquel Arnaud, e em seguida assumiu a diretoria de Relações Institucionais e Governança no Instituto Tomie Ohtake
Até que em 2022, foi convidada pelo idealizador do Inhotim, Bernardo Paz, para assumir a vice-presidência. Um ano depois, tornou-se a primeira mulher a presidir a instituição. Paula assumiu o cargo com a árdua missão de fortalecer a governança, dando continuidade ao legado.
A resiliente Inhotim está situada em um terreno de cerca de 140 hectares, cuja biodiversidade fora degradada pela mineração e por fazendas, sendo restaurada posteriormente em meados dos anos 1980. Décadas mais tarde, testemunhou a tragédia de Brumadinho.
Embora o complexo museológico não tenha sido fisicamente atingido pela onda de rejeitos, o impacto humano foi devastador para a instituição, que empregava cerca de 600 colaboradores – 80% deles residentes na região.
"Agora é dar continuidade a um trabalho grandioso e fazer a instituição se consolidar não apenas como um museu, mas como um espaço vivo de reflexão e conexão com o território e a natureza. Não falamos apenas de arte, mas também de regeneração", disse Paula.
Para Paula, buscar o equilíbrio é essencial e é um norte para outras mulheres com duplas e triplas jornadas. "Temos muitos papéis e precisamos entender nossos limites e até onde é saudável ser multitarefa".