26 de novembro de 2024 às 10:59
Pouco antes do nascer do sol do domingo (24), em Baku, surgiu também uma luz no que parecia ser o fim do túnel das negociações por um consenso para o acordo final da COP29.
As intensas tratativas foram concluídas, confirmando rumores que circulavam desde a manhã de sábado, dando conta que países ricos estavam dispostos a firmar um compromisso de US$ 300 bilhões anuais até 2035 para ações climáticas.
As horas que antecederam a formalização do documento foram de tensão crescente. Parte do bloco de países em desenvolvimento e pequenos estados insulares chegou a abandonar a sala de negociações.
Logo, não é de se surpreender que as reações ao acordo tenha agradado a poucos e seja vista com ressalvas, também pela Organização das Nações Unidas.
Enquanto alguns delegados presentes à plenária reagiram com muitos aplausos, outras representações oficiais, como a da Índia - que chegou a acusar os anfitriões azerbaijanos de manipularem o processo -, manifestaram imediatamente a insatisfação com a meta ser insuficiente.
Em nota, Antônio Guterres, secretário-geral da ONU, manteve o tom crítico que vinha adotando nos últimos dias, ao afirmar que esperava um resultado mais ambicioso, tanto para financiamento quanto em relação a mitigação.
O Secretário executivo de Mudanças Climáticas da ONU, Simon Stiell declarou: "Foi uma jornada difícil, mas entregamos um acordo. Esta nova meta financeira é uma apólice de seguro para a humanidade, em meio ao agravamento dos impactos climáticos que atingem todos os países".
A particular insatisfação dos países mais vulneráveis não diz respeito apenas aos valores de aporte estipulados. Observadores lembraram que metas anteriores de financiamento, como os US$ 100 bilhões previstos anteriormente, não foram cumpridas pelas nações.
Na plenária final que antecedeu o acordo, Marina Silva, Ministra do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas do Brasil, discursou sobre a vivência em Baku e as expectativas brasileiras para o resultado da Conferência. Para ela, a COP29 será lembrada como uma "experiência difícil".
Marina também chamou atenção para a responsabilidade na COP30, que acontece em 2025 em Belém do Pará, e cujo trabalho no Brasil "será construído sobre décadas de negociações e compromissos climáticos, como o Acordo de Paris, a COP28, em Dubai, e a própria COP29, em Baku".