9 de setembro de 2024 às 16:07
Uma dose de otimismo e outra de preocupação: é assim que Luiza Demôro, chefe global de Transição Energética na BloombergNEF, se sente em relação ao momento do Brasil frente à descarbonização do setor energético.
Em entrevista exclusiva à EXAME, a executiva contou suas “ansiedades específicas” em relação ao país, ao mesmo tempo em que entende seu potencial para liderar a agenda de renováveis e ser um provedor de soluções e tecnologias verdes a nível global.
“O mundo está mirando em Belém e o Brasil é a menina de ouro”, disse na entrevista exclusiva, referindo-se à COP30 de 2025.
Embora quase 90% da energia brasileira já seja renovável, desafios persistem na escalabilidade de novas tecnologias -- como é o caso das voltadas a produção de hidrogênio verde.
“Não temos que colocar a COP como a esperança de tudo. Mas é o momento em que teremos o mundo inteiro olhando para nós. Em poucos países há essa oportunidade única, como aqui, de ser líder em energia limpa, hidrogênio, combustível de aviação e biodiversidade", disse Demôro.
A preocupação é que expectativas altas na COP30 no Brasil atrapalhem avanços necessários que já deveriam estar no cerne da COP29, realizada neste ano no Azerbaijão.
A meta global de limitar o aquecimento a 1,5ºC não é mais viável, segundo as projeções da BloombergNEF. O foco mundial agora é em 1,75ºC até 2050.
O Brasil é peça-chave para a descarbonização mundial e sua transição energética depende especialmente de avanços em hidrogênio verde e biomassa, apesar dos desafios geopolíticos.