26 de agosto de 2024 às 15:10
Em agosto de 2012 arquiteta Juliana Padilha Riekki, de 38 anos, decidiu deixar a capital do Rio de Janeiro para viver em Tampere, cidade mais popular da Finlândia. O casamento com um finlandês não foi o único motivo que a levou mudar de país, as condições de trabalho também.
“Dentro da minha área, na época em que sai do Brasil, era comum contratar arquitetos como MEI. Isso gerava uma sensação de insegurança muito grande, já que dessa forma todas as conquistas trabalhistas que todos deveríamos usufruir eram descartadas”, afirma a brasileira.
O publicitário André Moreira Forni, de 39 anos, tomou a mesma decisão. Trocou São Paulo por Helsinki, cidade no sul da Finlândia, em 2021.
“Existe um real respeito pelo balanço entre trabalho e vida pessoal aqui na Finlândia. No trabalho, se é cobrado produtividade e ação, mas a partir das 16h30 todos começam a sair, todos entendem a importância de se ter uma vida pessoal funcional.”
Em entrevista à Exame, os dois brasileiros compartilham os benefícios que a cultura de trabalho na Finlândia pode trazer para o Brasil.
Na Finlândia, é comum as empresas investirem na qualidade de vida dos profissionais para que eles não queiram ou precisem sair das empresas. Na Supercell, onde o publicitário Forni trabalha, suas duas filhas estudam em uma creche que fica no mesmo prédio da empresa.
“Consigo tomar um café vendo minhas filhas brincando no parquinho. Eu recebo um bom salário, mas o que me faz gostar mesmo da minha empresa é sentir que ela se importa. Com isso eu crio uma pressão em mim mesmo de fazer um excelente trabalho para retribuir o carinho", diz Forni.
Antes de se mudar para o país europeu, a brasileira Riekki estudou as oportunidades de trabalho e levou em consideração o respeito que os finlandeses tem com a carreira profissional.
“Por exemplo, antes de você ser dispensado, seu líder tem que demonstrar que tentou te manter por outras vias, como investimento em treinamento ou mudança de área. Aqui as ferramentas de proteção ao trabalhador são de fato praticadas”, diz a brasileira.
Para o publicitário brasileiro foi difícil reduzir os passos e dar prioridade para outras áreas da vida que não seja o trabalho.
“No Brasil eu estava acostumado a trabalhar das 09h às 20h, enquanto aqui eu trabalho das 09h00 às 16h30. Aprender a focar e se programar para sair no horário sem levar trabalho no pensamento, para me adaptar levou um tempo”, afirma Forni.
O estilo “work-life balance” é algo comum no país considerado o mais feliz do mundo; veja mais iniciativas que existem neste país europeu e que poderiam ser praticadas no Brasil nesta matéria à EXAME:<br />