Revista Exame

O futuro chegou. O Brasil vai com ele?

Cada novo caso e cada nova morte por covid são lembretes de que precisamos, como país, deixar o jeitinho de lado para tomar as decisões corretas

Telemedicina no Hospital Albert Einstein: mudanças aceleradas pela pandemia | Germano Lüders (Germano Lüders/Exame)

Telemedicina no Hospital Albert Einstein: mudanças aceleradas pela pandemia | Germano Lüders (Germano Lüders/Exame)

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Da Redação

Publicado em 13 de agosto de 2020 às 05h00.

Última atualização em 12 de fevereiro de 2021 às 11h51.

Enquanto preparávamos esta edição da EXAME, o Mercado Livre, gigante do varejo online criado na Argentina e que tem no Brasil seu maior mercado, passou a Vale e a Petrobras, tornando-se a empresa com maior valor de mercado da América Latina. As ações do Mercado Livre, negociadas na bolsa de tecnologia americana Nasdaq, valorizaram 85% neste ano, impulsionadas pela digitalização acelerada pela pandemia de covid-19. A troca de liderança entre os gigantes latinos é simbólica de um momento de transição para a região — e para o Brasil, em particular. Competente exportador de commodities, o país é nascedouro de cada vez mais empresas ligadas à tecnologia e ao consumo. A produtora de games Wildlife, retratada em nossa reportagem de capa, é um exemplo dessa mudança. A companhia entrou para o seleto grupo dos unicórnios, as startups bilionárias, em outubro de 2019, ao ser avaliada em 1,3 bilhão de dólares. Dez meses e uma pandemia depois, a Wildlife já vale 3 bilhões de dólares. As empresas de varejo online, de games, de computação em nuvem, de inteligência artificial, de tecnologia em geral são as novas bambas das bolsas e os novos alvos preferidos dos grandes fundos de investimento — e é ótimo ver o Brasil e a América Latina despontando nessa frente.

Para criar cada vez mais grandes empresas de tecnologia, precisamos, porém, fazer nosso dever de casa com mais afinco (ou com algum afinco, em certos casos). Esta edição mostra como uma leva de projetos para modernizar nossa infraestrutura está avançando no Congresso. O mesmo país que cria unicórnios, afinal, ainda tem 100 milhões de pessoas sem tratamento de esgoto. Em outra reportagem, mostramos que uma revolução ambiental em nossas empresas poderia fazer a economia brasileira crescer 2,8 trilhões de reais na próxima década. Para isso, claro, seria preciso colocar o meio ambiente como aliado na reconstrução do país. Melhorar a infraestrutura, reduzir as emissões de carbono — e modernizar a legislação. Eis uma combinação de mudanças potencialmente transformadora. A pandemia mostrou também como a telemedicina traz enormes ganhos de produtividade e redução de custos para outra grande debilidade brasileira, a saúde. Atendimentos online têm seus riscos e precisam ser debatidos, mas não podemos deixar que a pressão de grupos de interesses trave a modernização da legislação de um país (e de uma região) que precisa desesperadamente se modernizar. A pandemia, infelizmente, continuará entre nós por muitos e muitos meses, com consequências trágicas. Cada novo caso e cada nova morte são lembretes de que precisamos, como país, deixar a demagogia e o jeitinho de lado para tomar as decisões corretas. Que as reportagens desta edição sirvam de alerta — e de inspiração.

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