Exame logo 55 anos
Remy Sharp
Acompanhe:
seloRevista Exame

Fundo Pitanga, capital de risco de grife

Concebido com capital pessoal de grandes empresários brasileiros, o fundo Pitanga traz um novo perfil ao cenário de capital de risco do país

Modo escuro

Fundo Pitanga: chega ao país um dos primeiros fundos de capital de risco formado apenas por aportes de indivíduos (Daniela Toviansky/EXAME.com)

Fundo Pitanga: chega ao país um dos primeiros fundos de capital de risco formado apenas por aportes de indivíduos (Daniela Toviansky/EXAME.com)

A
André Faust

Publicado em 8 de junho de 2011, 06h00.

Alguém que hoje observe o panorama da produção científica do Brasil pode se deparar com dados um tanto animadores. Com cerca de 30 000 artigos por ano, os cientistas brasileiros bateram os russos, e o país caminha para alcançar o segundo lugar entre os Brics em trabalhos científicos publicados.

Segundo a Unesco, o número de pesquisadores em atividade no Brasil cresceu 73% em seis anos — no total, já são mais de 125 000 profissionais, o equivalente aos pesquisadores de Argentina, México e Turquia combinados. O problema é o que se consegue (ou o que não se consegue) a partir disso.

Nos mesmos seis anos, o número de patentes internacionais registradas por brasileiros recuou 7%. Diferentemente do cenário de países desenvolvidos, o grosso do corpo de pesquisa nacional ainda está concentrado em universidades. Contas reavaliadas, o resultado é conhecido.

O Brasil ainda patina no que talvez seja o mais importante indicador de progressos na área: a capacidade de transformar descobertas científicas em tecnologia — e de transformar tecnologia em empresas lucrativas.

Um grupo de nomes conhecidos do empresariado brasileiro está convencido de que essa história pode mudar — e de que, no caminho, também é possível lucrar com isso.

Inspirado na experiência dos primeiros fundos de capital de risco americanos, o recém-criado fundo Pitanga, com sede em São Paulo, nasce com um perfil pouco comum no cenário brasileiro.

À se­melhança de um clube de investimento, o fundo não possui cotistas além dos próprios fundadores. Também não há dinheiro do governo ou de empresas envolvido no negócio: os investimentos, 100 milhões de reais no total, vêm exclusivamente de porções de fortunas pessoais de seus sócios.

Fernando Reinach, ex-diretor executivo da Votorantim Novos Negócios, e Eduar­do Vassimon, conselheiro do Itaú BBA, são os sócios-gestores do novo fun­do.


Do lado dos sócios-investidores estão Pedro Moreira Salles, do Itaú Unibanco, Fernão Bracher e Cândido Bracher, do Itaú BBA, e os três fundadores da Natura, Luiz Seabra, Guilherme Leal e Pedro Passos.

Experiência

Fundos de capital de risco não são novidade no país. Segundo a Fundação Getulio Vargas, há hoje em atividade no Brasil pelo menos 140 gestores de venture capital e private equity. Apenas nos últimos 12 meses, o mercado brasileiro viu a chegada de alguns dos maiores fundos de capital de risco do mundo, como o Benchmark.

Dinheiro, para uma empresa jovem, pode ser essencial. Mas não é o único componente importante na arte de transformar avanços científicos em empresas lucrativas.

Mais do que capital, a história do desenvolvimento de empresas de tecnologia em regiões como o Vale do Silício é recheada de casos em que o empenho pessoal e a experiência dos investidores foram essenciais no êxito de companhias investidas. “Queremos participar ativamente do dia a dia das empresas”, diz Fernando Reinach, um dos gestores do Pitanga.

A mira, como é comum entre fundos de venture capital, são empresas em estágio embrionário com potencial de crescimento rápido e fortes características de inovação. Tipicamente, fundos de capital de risco ficam de três a se­te anos em uma empresa. No estatuto do recém-criado Pitanga, porém, há poucas regras.

“Em muitos casos, apenas uma ideia de negócio poderá bastar”, diz Reinach. O fundo não focará determinados setores da economia, tampouco regiões geográficas.

“Nada impede que possamos investir em companhias de fora do país”, diz Vassimon. A despei­to do clima de vale-tudo, há pistas sobre preferências em relação aos investimen­tos.

Áreas em que o Brasil tem hoje destaque em tecnologia, como açúcar e álcool e mineração, estão entre as principais candidatas. A estimativa é que, por empresa, o investimento seja de 15 milhões de reais, em média — quantia suficiente, espera-se, para transformar o árduo esforço dos cientistas brasileiros em inovações no mundo real.

Últimas Notícias

ver mais
seloRevista Exame

Pré-candidato à reeleição, prefeito de SP se define como 'verdadeiramente de centro'

Há uma semana
Brilho artificial: como diamantes criados em laboratório ganharam espaço no mercado de luxo
seloRevista Exame

Brilho artificial: como diamantes criados em laboratório ganharam espaço no mercado de luxo

Há uma semana
SLC: a empresa que alimenta o mundo
seloRevista Exame

SLC: a empresa que alimenta o mundo

Há uma semana
Quer ser um bom vendedor? Livro ensina melhores técnicas de venda para conquistar clientes
seloRevista Exame

Quer ser um bom vendedor? Livro ensina melhores técnicas de venda para conquistar clientes

Há uma semana
icon

Branded contents

ver mais

Conteúdos de marca produzidos pelo time de EXAME Solutions

Exame.com

Acompanhe as últimas notícias e atualizações, aqui na Exame.

leia mais