Revista Exame

A voz dos líderes

Na terceira edição do State of It, a Salesforce ouviu 4.000 executivos de TI em todo o mundo para descobrir quais são as tendências, as prioridades e os desafios que moldam os negócios

Data center: no Brasil, 40% dos líderes de TI não estão satisfeitos com o grau de automatização (Erik Isakson/Getty Images)

Data center: no Brasil, 40% dos líderes de TI não estão satisfeitos com o grau de automatização (Erik Isakson/Getty Images)

Tarcisio Alves
Tarcisio Alves

Colaborador

Publicado em 12 de dezembro de 2023 às 06h00.

Última atualização em 18 de dezembro de 2023 às 10h54.

Não é de hoje que a evolução das demandas dos negócios (e dos clientes) vem sendo um desafio para profissionais da área de TI. E lidar com isso deve continuar prioridade. É o que comprova a terceira edição do relatório State of IT, da Salesforce. Líder em CRM, a empresa entrevistou cerca de 4.000 executivos do setor em todo o mundo, incluindo o Brasil, para descobrir quais são as tendências desse mercado e, principalmente, as dores desses profissionais.

Por aqui, segundo o estudo, 87% dos respondentes acreditam que a tecnologia desempenhará um papel relevante nas organizações nos próximos anos — taxa similar à média global, de 86%. Por outro lado, cerca de metade dos entrevistados brasileiros (48%) diz ter problemas para atender às demandas das empresas, enquanto a média global é de 62%.

Para Thais de Cássia Cabral Padilha, vice-presidente de Engenharia de Soluções da Salesforce, esses números revelam uma grande oportunidade para profissionais qualificados. “Embora medidas de redução de custos criem uma pressão adicional sobre os líderes de TI, aqueles que conseguirem demonstrar sua capacidade de impulsionar a inovação, melhorar a eficiência e fornecer valor tangível para o negócio com certeza continuarão a ser muito procurados”, garante Thais.

A executiva destaca ainda que, em um cenário guiado por três movimentos — a rápida evolução da tecnologia, o aumento crescente das expectativas dos clientes e a busca constante de eficiência operacional —, cabe aos líderes de TI transformar os desafios em soluções. “Há oportunidades para inovação, transformação digital e melhoria na experiência dos clientes”, destaca Thais. Mas é preciso estar sempre atento e atualizado em relação às novidades. “Hoje em dia, a tecnologia evolui de forma cada vez mais veloz, com inovações em questão de semanas.”

Thais Padilha, vice-presidente de Engenharia de Soluções da Salesforce: alerta para o uso responsável da IA generativa (Salesforce/Divulgação)

Momento “difícil”, porém “recompensador”

Na carta de apresentação do ­State of IT, Juan Perez, CIO da Salesforce, reforça esse ponto de vista ao afirmar que nunca houve um momento tão difícil, mas ao mesmo tempo tão recompensador para líderes de TI. “Encarregadas de oferecer inovação, transformar dados em ação e evoluir para atender às crescentes ameaças à segurança, as empresas exigem cada vez mais da tecnologia e de seus líderes”, observa Perez.

De maneira a atender às crescentes demandas dos negócios, a pesquisa da Salesforce revela ainda que as equipes de TI estão adotando a inteligência artificial (IA) e a automação como fortes aliadas, ao passo que a maioria dos líderes anseia por mais investimentos — 69% dos entrevistados esperam ter aumento de recursos nos próximos 18 meses.

Enquanto isso não ocorre, os departamentos de TI estão cada vez mais concentrados em extrair valor dos recursos disponíveis atual­mente. Fato comprovado pela quase totalidade dos pesquisados, que pretendem unir esforços em aspectos como eficiência operacional, aumento de produtividade e redução de custos.

Automação em busca de eficiência

O fato é que a área de TI e seus líderes estão no centro das atenções (e das transformações) dos negócios. As organizações estão cada vez mais priorizando a combinação entre a maximização do valor dos recursos que já têm e a geração de resultados comerciais positivos. Nesse sentido, a automatização do fluxo de trabalho e dos processos está provando ser indispensável nessa busca por um crescimento eficiente para que funcionários possam se concentrar mais em inovação e menos em tarefas repetitivas.

Entre os líderes de TI, 87% esperam mais investimento em automatização em suas organizações nos próximos 18 meses (no Brasil, a taxa é de 89%). A expectativa é reduzir os gargalos. Mais da metade (58%) dos executivos consultados não estão totalmente satisfeitos com o nível de automação atual de suas empresas. O percentual é de 40% no Brasil.

Alguns fluxos de trabalho e processos são mais automatizados do que outros, e o estado atual da automatização deixa espaço para melhorias, especialmente para fluxos de trabalho de RH e na integração de funcionários. Ao mesmo tempo, os departamentos de TI que já abraçaram essa mudança relatam benefícios como o aumento da eficiência operacional e da produtividade dos funcionários. Áreas que automatizam relatórios, por exemplo, economizam, em média, 1,9 hora por semana por funcionário.

E mais: os benefícios da automatização extrapolam o ambiente da própria empresa, já que os consumidores também ficam mais satisfeitos. Não à toa, o atendimento ao cliente está no topo dos departamentos mais beneficiados, seguido de TI e operações.

Prédio da Salesforce em São Francisco, na Califórnia: empresa ouviu 4.000 líderes de TI para o State of IT (Brandon Sloter/Getty Images)

Automatização impõe desafios

De acordo com o estudo, apenas 42% dos líderes de TI estão totalmente satisfeitos com o estágio de automatização de processos de suas organizações. Eles também externam a preocupação com a segurança ao longo da jornada. Sistemas incompatíveis e inadequação de orçamento e capacidade das equipes também são obstáculos, assim como a identificação da solução certa em um cenário cada vez mais saturado de fornecedores.

Para Thais Padilha, da Salesforce, embora segurança de dados, escassez de profissionais e integração de tecnologias emergentes sejam problemas globais, o Brasil enfrenta especificidades como regulamentações locais, a exemplo da Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD), limitações de infraestrutura e condições econômicas.

IA generativa é prioridade

Com o aumento da demanda por seus serviços, líderes de TI elegeram, juntamente com a automatização, a IA generativa como prioridade para impulsionar os negócios. Na opinião de Thais, a demanda por tecnologia seguiu crescendo, mesmo com a desaceleração econômica pós-pandemia. E a IA endossou, mais uma vez, o seu valor para os negócios. “Agora estamos vivenciando uma revolução na maneira de fazer negócios, com empresas buscando desenvolver uma cultura de dados e insights e promover uma compreensão sólida da aplicação da IA”, entende a executiva, que completa: “Ainda cabe o alerta para a preocupação ética com o uso da IA generativa, alinhando progresso e responsabilidade, onde informações de clientes e empresas estejam protegidas”.

Clique aqui para versão completa do State of It.

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