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Prisão de Esteves cria dúvidas sobre futuro do BTG

Na Bovespa, as ações do BTG chegaram a despencar 40% e fecharam com queda 21%


	André Esteves: a Bovespa, as ações do BTG chegaram a despencar 40% e fecharam com queda 21%
 (Lailson Santos/VEJA)

André Esteves: a Bovespa, as ações do BTG chegaram a despencar 40% e fecharam com queda 21% (Lailson Santos/VEJA)

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Da Redação

Publicado em 26 de novembro de 2015 às 07h46.

São Paulo e Brasília - Pelo que se viu nesta quarta-feira, 25, no mercado financeiro, a prisão do banqueiro André Esteves pode custar caro para o BTG Pactual, instituição com R$ 300 bilhões em ativos que ele presidia na condição de acionista controlador até ser preso na Operação Lava Jato.

Apesar de o Banco Central divulgar nota alegando que o BTG "apresenta robustos indicadores de solidez" e o balanço declarar que há R$ 40 bilhões em caixa, o mercado teve uma reação nervosa.

Na Bovespa, as ações do BTG chegaram a despencar 40% e fecharam com queda 21%. Arrastaram junto os papéis de outros bancos, como Banco do Brasil (-6,45%), Bradesco (-4,87%) e Itaú Unibanco (-4,91%).

Gestores e operadores relataram que havia um temor no mercado com a exposição das grandes instituições a títulos privados, fundos de investimentos e outros ativos do BTG Pactual.

"Os bancos são ligados entre si e o BTG é um dos maiores do país", afirmou um gestor. Não se vê no momento, porém, um risco à saúde do sistema financeiro.

Por outro lado, um experiente empresário do mercado considerou a prisão um baque para a credibilidade do setor. "Sem condenar por antecipação, o dano à reputação do banco parece enorme. E na atual conjuntura, mesmo um banco médio em apuros pode gerar marola."

Espalharam-se rumores de que os fundos do BTG sofreram uma onda de saques - que o banco negou e só poderá ser dimensionada nos próximos dias.

Houve relatos de que clientes com investimento sem liquidez (como LCA, LCI e CDB) tentaram, mas não conseguiram fazer resgates. A informação também foi negada pelo banco. Já há consenso que os próximos meses serão duros.

"O BTG não é banco de varejo. Bancos como ele não quebram do dia para a noite. Se tem problema, definha", disse uma fonte do mercado.

O analista da agência de classificação de risco Moody’s, Alcir Freitas, definiu em parte o estado de ânimo que se instalou. "Esteves é um administrador-chave no BTG e uma ausência prolongada poderia ser negativa para o banco", disse, em comunicado. A agência deixou claro que a nota de crédito pode ter impacto negativo caso Esteves fique fora por muito tempo.

Reação

A primeira reação dos demais sócios e executivos do banco foi sinalizar que o BTG pode seguir sem Esteves. "É hora de mostrar o valor da partnership (sociedade)", definiu uma fonte do banco.

O evento promovido pelo BTG no Rio de Janeiro, que seria aberto pelo próprio banqueiro, foi mantido. O conselho de administração aprovou um programa de recompra de ações, que reverteu a queda dos papéis na Bolsa.

Paralelamente, o economista Pérsio Arida, que é sócio do banco, assumiu como presidente interino. Arida foi um dos pais do Plano Real e tem credibilidade. "Foi uma nítida estratégia para preservar a imagem do banco, pois Arida, não é um executivo para o dia a dia", avaliou um empresário do setor.

Para isolar o banco da Lava Jato, os sócios estariam se mobilizando para comprar a parte de Esteves, segundo fonte próxima ao banco. Esteves é o maior acionista com pouco mais de 20% das ações.

Uma fonte do banco afirmou que "ainda é cedo para falar em mudança na partnership". Houve comentários de que o BB compraria o BTG para evitar a quebra se a situação se agravasse, mas os bancos negaram. 

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