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Os maiores negócios de Lemann, Telles e Sicupira

Compra do Burger King foi apenas a última tacada dos donos da AmBev

Banco Garantia foi o começo de tudo (REGIS FILHO)
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Da Redação

Publicado em 16 de outubro de 2010 às 15h22.

Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 16h40.

São Paulo - Em 1971, o então campeão carioca e brasileiro de tênis Jorge Paulo Lemann fundou o banco de investimentos Garantia. Formado em Economia pela Universidade de Harvard, Lemann já havia passado por uma experiência malsucedida com a corretora Libra. O modelo do Garantia foi o americano Goldman Sachs. Durante mais de 20 anos, o estilo de gestão do Garantia fez escola no Brasil, ao derrubar as paredes dos escritórios, atrelar parte da remuneração dos executivos a bônus e ações, atrair os maiores talentos com ofertas de sociedade, e implantar a meritocracia em troca de resultados. Em meados dos anos 90, porém, os problemas do Garantia vieram à tona. Lemann e seus sócios, entre eles, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, foram acusados de perder o foco ao diversificar excessivamente os negócios. A crise asiática, em 1997, causou um prejuízo de 600 milhões de dólares ao banco. No ano seguinte, o Garantia acabou vendido ao americano CS First Boston por 670 milhões de dólares.
  • 2. Lojas Americanas marca estreia do trio no varejo

    2 /10(LIA LUBAMBO)

  • São Paulo – Em 1981, Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira compram a Lojas Americanas. O modelo de negócios adotado é o do Walmart, a maior rede de varejo do mundo, conhecida pela austeridade com que controla os custos em todos os aspectos para que possa se apresentar como uma rede de descontos.Durante 20 anos, o estilo da Americanas foi admirado e seguido por outros varejistas brasileiros. Em 1994, anunciou uma parceria com o Walmart. No ano seguinte, atingiu seu pico pré-crise.Mas a chegada do comércio online ao Brasil, a mudança no perfil dos hipermercados – que começaram a apresentar uma variedade cada vez maior de artigos -, e as crises do final da década de 90 comprometeram a rede. Em 1998, o consultor Claudio Galeazzi foi chamado para reestruturá-la.A parceria com o Walmart seria desfeita em 1998, como parte da reestruturação, que também envolveu a venda de uma fatia da rede para a francesa Comptoirs Modernes.A Lojas Americanas segue como uma das maiores redes de varejo do país. No ano passado, sua receita líquida foi de 8,3 bilhões de reais – uma alta de 19,5% sobre 2008 -, e seu lucro líquido somou 152 milhões de reais, 70% maior.
  • 3. Brahma marca o início do império em bebidas

    3 /10(FABIO NUTTI)

  • São Paulo – Em 1989, o trio Lemann, Telles e Sicupira deu o primeiro passo daquilo que culminaria na criação da maior cervejaria do mundo. Era a compra da antiga Brahma, que, na época, disputava a liderança do mercado brasileiro com sua então arquirrival Antarctica.Novamente, o modelo da meritocracia e do controle severo de custos foi implantado. O resultado foi um forte crescimento nos anos seguintes. A Brahma foi uma das primeiras companhias brasileiras a se internacionalizar. Em 1994, comprou a Cervecera Nacional, a segunda maior da Venezuela. Meses depois, abriu uma fábrica em Luján, na Argentina.Em 1999, os donos da Brahma deram mais um passo ousado: arquitetaram sua fusão com a Antarctica e criaram a AmBev. A cervejaria nasceu como a terceira maior do mundo em faturamento. Anos mais tarde, o trio alcançou o topo do setor, ao criar a AB InBev.
  • 4. GP Investimentos vira referência no mercado financeiro

    4 /10(JOEL ROCH)

    São Paulo – Em 1992, Lemann, Telles e Sicupira criaram o GP Investimentos, que se tornou uma das referências no mercado brasileiro de private equity. Seu estilo agressivo a transformou em uma máquina de aquisições de empresas. O modelo do GP baseia-se na escolha de companhias estratégicas em cada setor, que são transformadas em veículos de consolidação.Todos os ingredientes do estilo de gestão do trio foram implantados na empresa de private equity, com a meritocracia e o rigor com custos entre eles. Entre os negócios realizados pelo GP sob sua direção, estão a compra da Artex, no ramo têxtil; os parques de diversões Playcenter e Hopi Hari e a rede de supermercados Sé.Em 2003, o GP contava com uma carteira com mais de 3 bilhões de reais investidos. Entre as empresas das quais detinha participação, estavam a América Latina Logística (ALL), Telemar e Gafisa.Progressivamente, Lemann e seus sócios deixaram o dia-a-dia do GP. O comando foi transferido para a segunda geração de líderes da empresa, tendo à frente Antonio Bonchristiano, Fersen Lambranho e Marcelo Peano. Em 2004, Lemann, Telles e Sicupira venderam sua participação no GP – algo como 40% - e saíram da empresa.
  • 5. Trio articula fusão da Brahma com a Antarctica

    5 /10(EVELSON DE FREITAS)

    São Paulo – Em 1999, Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira arquitetam a fusão da Brahma, que haviam comprado em 1989, com a sua maior rival – a Antarctica. Ao nascer, a AmBev era a terceira maior cervejaria do mundo, com faturamento de 6,6 bilhões de dólares, atrás da holandesa Heineken, que faturava 7,3 bilhões.Quando a AmBev foi criada, Lemann, Telles e Sicupira detinham 46% das ações da empresa. Já a Fundação Antonio e Helena Zerrenner, que controlava a Antarctica, ficou com 23% do capital.O negócio não escapou às críticas de concentração. Afinal, juntas, as duas empresas detinham 72% do mercado brasileiro de cervejas, com 37 marcas da bebida. Anos depois, com a fusão com a belga Interbrew e a compra da americana Anheuser-Busch, o trio criou a maior cervejaria do mundo.
  • 6. Os homens que falavam ambevês

    6 /10(DIVULGACAO)

    São Paulo – A fusão da AmBev com a belga Interbrew, em 2004, criou a maior cervejaria do mundo em produção e a segunda maior em faturamento, pouco atrás da então líder: a americana Anheuser-Busch.Lemann, Telles e Sicupira passaram a deter 25% da nova companhia, a InBev. Num primeiro momento, os observadores mostraram-se céticos quanto à possibilidade de os brasileiros influenciarem nos rumos da nova empresa. Rapidamente, porém, ficou claro que eles não apenas iriam fazer isso, como também dar as cartas – a cúpula da InBev foi dominada por quadros saídos da AmBev, tendo à frente Carlos Britto – homem de confiança desde os tempos da Brahma.Para manter o sigilo das negociações, a operação contou com requintes como a criação de uma língua própria: o ambevês. Tratava-se de um código usado pelos três. O trecho abaixo é de um estudo sobre a fusão:[Ben = Larry = Zoe = Allan pref = Allan debt] / EbitdaNele, Ben é a holding de Lemann, Telles e Sicupira; Larry é a cervejaria canadense Labatt; Zoe é a Antarctica; a Allan é a AmBev.
  • 7. Lojas Americanas cria a B2W, gigante das vendas online

    7 /10(LUIS USHIROBIRA)

    São Paulo – Nem só da indústria cervejeira vivem Lemann, Telles e Sicupira. Na área de varejo, os sócios lançaram a Lojas Americanas em uma forte estratégia de consolidação no setor de varejo online.Em agosto de 2005, a Americanas.com – o braço do grupo para o comércio eletrônico – adquiriu a TV Sky Shop, dona do site Shoptime.com, por 126,7 milhões de reais. O negócio mostrou-se uma fonte de ganhos. As sinergias, inicialmente avaliadas em 50 milhões de reais, chegaram a 160 milhões.Mas a grande tacada do trio nesse mercado veio em novembro de 2006, quando a Americanas.com anunciou sua fusão com o Submarino. Nascia a B2W, a maior empresa de comércio eletrônico do país.
  • 8. Lojas Americanas compra a Blockbuster do Brasil

    8 /10(CLAUDIO ROSSI)

    São Paulo – No início de 2007, a Lojas Americanas adquiriu a BWU Comércio e Entretenimento por 186,2 milhões de reais. Trata-se da empresa responsável pelas franquias da Blockbuster, uma das maiores redes de locadoras de vídeos do mundo.A operação foi estratégica para a rede de varejo, que conseguiu conquistar pontos-de-venda em um ambiente de crescente escassez de área disponível nas grandes cidades. O negócio agregou mais de 32.000 metros quadrados de área de vendas à Lojas Americanas, pelos quais passavam, na época, 330.000 clientes ativos.Os estabelecimentos foram, gradativamente, transformados em unidades da Lojas Americanas, e os vídeos da Blockbuster ficaram restritos a alguns espaços.
  • 9. InBev compra a Anheuser-Busch e nasce a AB InBev

    9 /10(REGIS FILHO)

    São Paulo – A indústria cervejeira continua como a que mais se destaca entre os investimentos do trio Lemann, Telles e Sicupira. Em julho de 2008, sua empresa consolidou a posição de maior cervejaria do mundo, ao comprar a americana Anheuser-Busch por 50 bilhões de dólares após uma aguerrida disputa com os antigos controladores.A Anheuser-Busch é dona da Budweiser, a cerveja-símbolo dos Estados Unidos. Políticos e sindicatos americanos se opuseram à transação, evocando motivos nacionalistas. Para quebrar a resistência, o triunvirato da InBev propôs que a nova companhia passasse a se chamar AB InBev – uma referência às iniciais da cervejaria comprada.Carlos Brito, que já comandava a InBev, foi incumbido pelos três de resgatar a Anheuser-Busch. Para trazer a companhia de volta ao azul, o executivo vendeu 9 bilhões de dólares em ativos em 11 meses. Além disso, implantou um rigoroso plano de corte de despesas que gerou 2,2 bilhões de dólares de economia em apenas três meses.
  • 10. Burger King ganha tempero brasileiro

    10 /10(GETTY IMAGES)

    São Paulo – Em 2008, o trio comprou 6,7% da Wendy´s, a terceira maior rede de fast food dos Estados Unidos. Com isso, entrava no ramo de refeições rápidas. Mas o próximo passo dos sócios nesse mercado foi mais ousado: a compra do Burger King, anunciada nesta quinta-feira (2/9). A segunda maior rede de lanches rápidos dos Estados Unidos foi arrematada por 3,26 bilhões de dólares pelo 3G, o fundo de investimentos de Lemann, Telles e Sicupira.Incluindo as dívidas que serão assumidas pelo 3G, o valor da transação sobe para 4 bilhões de dólares. O negócio deve ser concluído no último trimestre do ano.Nos últimos tempos, o Burger King vem perdendo mercado para as rivais. Entre outros motivos, os analistas afirmam que os frequentadores da rede foram mais prejudicados pela crise americana que os dos concorrentes. Os primeiros relatórios de corretoras mostram ceticismo quanto à capacidade de recuperação da empresa.Caberá ao executivo carioca Bernardo Hess a tarefa de reestruturar mundialmente o Burger King. Hess deixou, nesta semana, o comando da América Latina Logística (ALL) para integrar os quadros do 3G.
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