São Paulo - O esmalte foi alçado à categoria de acessório de moda. Um dos fatores que contribuiu para isso foi a crise econômica mundial, segundo Clarissa Ezaki, diretora da fabricante de esmaltes Big Universo. Com a crise, as grandes marcas passaram a investir mais em esmaltes, assim como as consumidoras. As fabricantes brasileiras, por sua vez, começaram a se inspirar em coleções de grandes grifes, como a Chanel.Em 2008 o mercado brasileiro de esmaltes movimentou 250 milhões de reais - aumento de 5,1% em relação a 2007. Em 2009 ele movimentou 330,7 milhões de reais - aumento de 31,9% em relação a 2008 e 14,4% mais unidades que em 2008. Os dados são da Nielsen.

São Paulo - Outro lançamento da Chanel que mobilizou produtores e consumidores no Brasil foi a cor Jade. O esmalte verde-pastel foi muito usado e até copiado por outras marcas. Essa cor é um exemplo do novo momento vivido pelo produto no mundo. As consumidoras passaram a procurar novas cores, além das tonalidades claras e dos vermelhos."Lá atrás o esmalte era um acessório para não atrapalhar o look, as mulheres usavam cores claras e eventualmente o vermelho. Hoje elas primeiro escolhem a cor da mão e depois compõe o look", disse Luciana Marsicano, diretora de personal care da Impala. Além da inovação das cores, algumas marcas citam como fatores que impulsionaram o crescimento a crise econômica mundial e a divulgação em blogs.

São Paulo - Na falta de 92 reais para comprar le vernis Chanel, as brasileiras puderam usar cores semelhantes por cerca de dois reais. A marca Big Universo despontou entre as consumidoras por lançar cores inspiradas nos lançamentos da maison francesa.Quando a Chanel lançou a cor Jade (verde pastel) a Big Universo também lançou sua versão da cor, com o mesmo nome, mesmo sem ter acesso a um único vidro do esmalte importado, apenas por fotos. "Na época foi perfeito, ficamos com a fama de copião, mas todo mundo comprou", disse Clarissa Ezaki, diretora da Big Universo.

São Paulo - A marca Big Universo surgiu nos anos 70, no quintal do avô da atual diretora, Clarissa Ezaki. A fama chegou somente nos últimos anos, especialmente pelos lançamentos parecidos com os da Chanel.Desde 2005 a empresa viva um ciclo de perda de posicionamento, que só foi superado após o lançamento de uma linha de esmaltes foscos, em setembro de 2009. No mês seguinte a empresa lançou sua primeira versão de um esmalte da Chanel, o Jade (de cor verde pastel). A partir de então ela passou a ser procurada pelas consumidoras que queriam uma versão mais barata dos esmaltes da marca francesa.

São Paulo - A marca Speciallitá surgiu em 2001, inicialmente com foco nas vendas para manicures e salões de beleza. Atualmente, ela ocupa um horário nobre da televisão, em um diminuto espaço: as unhas das personagens da novela das sete da Rede Globo. As cores da linha levam o nome das personagens da trama.O negócio de esmaltes da Speciallitá cresceu cerca de 140% entre o primeiro semestre de 2009 e o primeiro de 2010, segundo Vincenzo Barrella, diretor comercial. Atualmente o mercado vive uma pequena acomodação, segundo ele. Além da novela, a empresa também já fez parcerias com lojas de roupas femininas.No início da expansão o setor pensou que pudesse ser uma bolha, segundo o diretor, até perceberem que era um crescimento real e irem em busca de mais funcionários e equipamentos. "Agora quem estava dormindo acorda e quem nem estava entra. A concorrência cresceu", disse.

São Paulo - A Colorama credita o aumento no consumo ao status de acessório de moda que o esmalte ganhou. "Em momentos de crise a mulher precisa continuar tendo sua indulgência e quando o orçamento está apertado ela vai para bens de custo menor", disse Renata Leite, gerente de produto de Colorama. Na maquiagem o fenômeno é conhecido como lipstick factor.A Colorama, comprada pelo grupo L’oreal em 2001, diz ter percebido um aumento da demanda há cerca de dois anos. A empresa investiu em cores e também na retirada de ingredientes relacionados a alergias.

São Paulo - A marca Impala foi comprada pela Mundial há dois anos. Desde então a empresa aplica seus conhecimentos de moda na indústria de esmaltes. A Mundial possui a Eberle Fashion, que fabrica itens para a indústria da moda."Este ano tivemos uma explosão de consumo, desde que lançamos essa coleção matte (de acabamento fosco) no SPFW as nossas vendas explodiram", disse Luciana Marsicano, diretora de personal care da Impala. A marca já investiu em ampliação da linha e contratação de pessoal.

São Paulo - A consumidora brasileira gosta de cores e é aberta a novidades, segundo os fabricantes. Mesmo assim há mais de dez anos a cor ao lado - um branco transparente - é a mais vendida no país, segundo a Risqué.Apesar do "básico" fazer sucesso, a empresa não perde de vista as novidades do mercado. Há cinco anos ela realiza uma parceria com o estilista Reinaldo Lourenço, que dá referências de cores e texturas para a equipe.

São Paulo - O Brasil é o segundo mercado mundial de esmaltes - atrás apenas dos Estados Unidos, segundo a Euromonitor. "Como vivemos em um clima tropical, o Brasil é um mercado de 20 dedos, não é de 10 dedos como na Europa", disse João Carlos Basílio, presidente da associação brasileira da indústria de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos (Abihpec) referindo-se ao fato de as mulheres usarem mais chinelos e sandálias no Brasil do que em países mais frios.O crescimento observado nesse mercado brasileiro desde 2004 ocorreu por causa da incorporação das classes C e D ao consumo, segundo o presidente da Abihpec. Até abril, foram vendidas 65,8 milhões de unidades no país, segundo a Nielsen. A variação em volume de vendas foi de 17,8% na comparação entre o primeiro quadrimestre de 2010 e o mesmo período em 2009. Em termos de valor, o crescimento foi de 32,3%.