Melhores do ESG: hidrovias, portos e ferrovias investem na agenda verde
No terceiro dia de debates do evento promovido pela EXAME, lideranças das empresas Rumo, Hidrovias do Brasil e Santos Port Authority detalharam a agenda ESG no setor de logística
Leo Branco
Publicado em 5 de maio de 2021 às 11h35.
Última atualização em 5 de maio de 2021 às 12h20.
As ações em ESG estimulam a implementação de medidas na direção da inovação e da melhoria do gerenciamento de risco . Dessa forma, os investimentos na área oferecem proteção contra perdas, ainda mais em momentos de crise.
Mais ainda: gerir as companhias tendo no horizonte um cenário de baixo carbono aumenta a qualidade do desempenho financeiro, desde que as ações estejam integradas à estratégia da companhia.
Essas são as principais conclusões a que chegou um estudo da Universidade de Nova York divulgado em fevereiro. Resultado da análise de 1.141 pesquisas, publicadas entre 2015 e 2020, o trabalho foi citado por Fabricio Soler, professor coordenador do curso compliance ambiental e ESG da Trevisan Escola de Negócios, na abertura do painel Modais sustentáveis: tornando o deslocamento mais eficiente, nesta quarta-feira, 5, no terceiro dia de Melhores do ESG: Repensando o valor de tudo , evento 100% online e gratuito promovido pela EXAME ao longo dos meses de maio e junho.
O professor moderou o debate, do qual participaram João Alberto Abreu, diretor-presidente da Rumo , Fabio Schettino, CEO da Hidrovias do Brasil , e Fernando Biral, CEO da Santos Port Authority . Os três executivos apresentaram suas principais ações no campo de responsabilidade social e ambiental e governança.
“A hidrovia é um modal mais limpo e ambientalmente responsável”, lembrou Fabio Schettino. “Temos no Brasil 42.000 quilômetros de rios navegáveis. A hidrovia é dez vezes menos poluente e consome menos combustível do que a rodovia”.
Além disso, alegou, cada comboio empurrado por um empurrador tira 1.500 caminhões da estrada. “O caminhão tem um papel fundamental na capilaridade, na distribuição. O que é uma distorção é um caminhão percorrer 3.000 quilômetros com 40 toneladas, principalmente carga de baixo valor agregado. Temos o agronegócio e a mineração mais eficiente do mundo, mas a logística ainda pode ganhar efetividade”.
Gestão ambiental
Do ponto de vista da gestão do Porto de Santos, afirmou Fernando Biral, o uso do modal marítimo tem, de fato, maior eficiência energética. “Mas não vamos nos acomodar. Estamos trabalhando na deseletrificação do cais. O diesel ainda representa 80% de nossa matriz energética. Queremos poder desligar os motores a combustão enquanto estamos fazendo as operações de embarque e desembarque”.
Como lembrou Biral, “Nossa matéria-prima é o estuário, é a natureza que nos oferece nossas condições de trabalho. O mínimo que podemos fazer é cuidar do meio ambiente”.
Por sua vez, João Alberto Abreu apresentou estatísticas: “O Brasil tem 30.000 quilômetros de ferrovias. São cinco concessões, que respondem por 15% do modal brasileiro. Transportamos aproximadamente 60 milhões de toneladas por ano”.
E deixou claro que a Rumo tem estratégias claras de ESG, medidas com rigor. “ESG é uma filosofia que tem de fazer parte das estratégias, dos processos de decisão das empresas. É a única forma de continuar gerando valor no longo prazo.”
A companhia reduziu as emissões em 10%. “Temos a meta de, até 2025, termos o rastreamento de toda as nossas cargas. É uma agenda muito forte para nós, assim como o trabalho voltado para a segurança”.
A agenda ambiental também entrou na estrutura de capital da empresa. “Ano passado emitimos um green bond de 500 milhões de dólares, que precisam ser investidos em equipamentos e obras que tragam redução de emissão e de impacto ambiental. Mais recentemente emitimos uma debênture cujo custo é reduzido na medida em que metas ambientais são cumpridas”.
Comprometimento
Fernando Biral informou que o Porto de Santos elaborou um relatório de sustentabilidade pela primeira vez. “Também recuperamos a sustentabilidade financeira da companhia e redesenhamos projetos de infraestrutura”, comentou.
Os três concordaram sobre a importância da multimodalidade, focada em processos de maior eficiência e menor emissão de gases causadores de efeito estufa. “Precisamos da multimodalidade, é ela que traz eficiência. Como balancear essa equação é fundamental”, afirmou, por exemplo, Fabio Schettino.
“Temos um absoluto rigor e compromisso com esses temas. Já passou da hora”, finalizou ele, “de as empresas saírem da retórica, olharem para que direção estão caminhando, quais compromissos estão assumindo”.
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