Esse médico já fatura milhões e agora vai levar saúde mental acessível para brasileiros no exterior
Startup foi selecionada para participar de processo de aceleração de instituição do Canadá e quer faturar 25 mil dólares por mês até dezembro
Repórter de Negócios
Publicado em 17 de agosto de 2023 às 13h58.
Última atualização em 17 de agosto de 2023 às 17h21.
O médico cardiologista Leandro Rubio já estava há sete anos na carreira médica tradicional quando entrou em um MBA sobre gestão e saúde. A ideia era aprender mais sobre como liderar equipes dentro de hospitais — que foi o que fez, quando assumiu a equipe de cardio da instituição em que trabalhava em 2019. Mas, ao frequentar áreas de inovação da faculdade em que estava, foi “picado pelo mosquito do empreendedorismo”, como diz.
Rubio então chamou seu vizinho, o especialista em inovação Cristiano Kanashiro, e juntos criaram um marketplace para conectar médicos com clientes. Era bem o início da pandemia, quando o termo “telemedicina” começava a ter algum burburinho. Em seis meses, atingiram 220.000 pacientes apenas com consultas relacionadas à covid-19.
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“Mas então percebemos que as pessoas queriam outros tipos de consultas de forma remota, como nutricionistas, psicólogos e de especialidades”, diz Rubio.
Foi assim que nasceu, em novembro de 2020, a Starbem. A startup oferece atendimentos online com psicólogos, nutricionistas e especialidades como cardiologia, dermatologia e neurologia.
Agora, quase três anos depois, a empresa está mirando os 14 milhões de reais em faturamento e está fazendo um movimento estratégico no exterior. A startup foi a única healthtech selecionada para participar do Toronto Accelerator 2023, um programa de aceleração de negócios na América do Norte da Techstars, uma das grandes aceleradoras mundiais.
Com a participação no programa, a Starbem dá o pontapé inicial para iniciar suas operações na América do Norte, com foco prioritário em levar atendimento online de saúde mental ao grande número de latinos que vivem em território norteamericano, um mercado de mais de 60 milhões de pacientes potenciais.
Como a Starbem funciona
O principal foco da empresa hoje é ajudar as pessoas a cuidarem da saúde mental. Ela faz isso através de uma estrutura de negócio B2B, direto para empresas. A startup entra em contato com o time de recursos humanos (RH) de outras companhias para identificar quem quer oferecer esse benefício aos funcionários.
Depois que a parceria entre a empresa e a Starbem está firmada, os funcionários têm acesso a uma plataforma onde conseguem ter acesso aos teleatendimentos. Para o funcionário, é gratuito. Quem paga é a empresa.
“Do ponto de vista de negócio, a gente escala a operação e consegue dar acesso e atingir uma camada gigantesca e mais humilde da população”.
Entre as especialidades que a Starbem atende estão:
- Psicologia
- Nutrição
- Clínico geral
- Cardiologia
- Dermatologia
- Geriatria
- Ginecologia
- Pediatra
A meta de bater os 14 milhões de reais em faturamento agora vem em duas frentes nacionais. Primeiro, a aposta em telemedicina, que foi regulada em 2020 e que está em pleno crescimento. Dados da Statista, que faz levantamento de mercados, mostra que em 2023, esse setor de saúde digital deve faturar 3,15 bilhões de dólares no Brasil. Depois, a aposta em saúde mental, que é o principal atrativo para a empresa.
Como ela foi parar no Canadá
A Starbem estava se apresentando em um estande na Web Summit Rio quando chamou a atenção do Sunil Sharma, diretor da Techstars em Toronto. Ele viu a movimentação e foi entender o que estava acontecendo. “Conversou comigo, entendeu nossa trajetória no Brasil. E ele adorou nossa história e gostou muito do time. Temos uma pegada bem proativa. Não temos um time muito junior. E ele achou diferente para uma startup”.
Naquele momento, Sharma convidou a Starbem a participar do processo seletivo para entrar no programa de aceleração internacional. Foram mais de 1.600 aplicações, e só 24 aprovados”.
O que a Starbem quer oferecer na América do Norte
Focando nos Estados Unidos e no Canadá, a Starbem vai focar em atendimento para saúde mental dos imigrantes, principalmente da população latina. “São mais de 2 milhões de brasileiros na América do Norte legalizados, sem contar os ilegais”, diz Rubio. “Eles são extremamente vulneráveis. Nosso foco é cuidar da saúde dos latinos, inicialmente dos brasileiros”.
Com a ajuda da aceleradora, já lançaram o aplicativo nos dois países e, neste momento inicial de testes, já venderam cerca de 20 consultas. Agora, darão um próximo passo, oferecendo um serviço de teste gratuito para capturar o cliente.
Para investir nessa estratégia, Rubio se mudou para o Canadá e está comandando a expansão por lá. Está se conectando com outros negócios que atuam em áreas parecidas para aprender mais sobre o mercado e estruturar parcerias.
“Queremos ajudar os imigrantes brasileiros” afirma. “Além de estarem em outro país, é difícil ter uma consulta com psicólogo por aqui. A questão da língua é um obstáculo e cada sessão custa entre 150 e 200 dólares No Brasil, é mais acessível. E vamos conseguir trazer o custo de lá para o atendimento aqui”.
Com a iniciativa, a Starbem quer também beneficiar os psicólogos e nutricionistas brasileiros, que poderão atender fora do país por teleconsulta. O modelo de negócio vai ser por venda avulsa e assinatura. A meta é, até dezembro, estar tendo uma receita mensal de 25 mil dólares americanos.
Quem é a Techstars, que está acelerando a Starbem
Com mais de 3.500 empresas no portfólio que acumulam um valor de mercado de mais de 100 bilhões de dólares, a Techstars é uma das grandes aceleradoras de startups do mundo. Durante os três meses de cada programa, as startups são cercadas por mentores e uma rede de parceiros, investidores e ex-alunos.
“Além das trocas com os mais de 4.000 mentores e a participação nos workshops e treinamentos, também é um momento para iniciarmos uma imersão nos mercados norte-americano e latinoamericano”, diz Rubio.