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Empresa de segurança capta R$ 160 milhões para tornar a vida do assaltante de celular um inferno

Com faturamento de R$ 1,4 bilhão, o Grupo FS trabalha com cibersegurança para empresas e, há dois anos, começou a atuar também para o consumidor final

Alberto Leite, CEO e fundador do Grupo FS: “O ladrão vai poder trocar a senha, tentar mexer nos aplicativos, mas não vai conseguir mexer nesse software que estará instalado numa área mais profunda do celular. Nós estaremos lá” (Wanezza Soares/Divulgação)

Alberto Leite, CEO e fundador do Grupo FS: “O ladrão vai poder trocar a senha, tentar mexer nos aplicativos, mas não vai conseguir mexer nesse software que estará instalado numa área mais profunda do celular. Nós estaremos lá” (Wanezza Soares/Divulgação)

Daniel Giussani
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 24 de setembro de 2024 às 15h00.

Em tempos de eleições municipais, a segurança nas cidades fica na boca do povo — e dos candidatos. Em grandes metrópoles, como é o caso de São Paulo, as pessoas ficam apreensivas desde crimes graves até furtos de celular. Não é de menos. No ano passado, houve um assalto de celular a cada 1 minuto e 42 segundos no estado paulista — se você não perdeu o celular, pode até se considerar um sortudo.

Em geral, esse tipo de crime acontece por dois motivos. Primeiro, porque abastece um lucrativo mercado no Brasil e para além das nossas fronteiras – a revenda dos dispositivos. Depois, porque também pode dar acesso instantâneo às contas bancárias da vítima (com transferências imediatas e empréstimos fraudulentos), e aos dados contidos no aparelho (incluindo e-mail, Whatsapp, redes sociais). 

Pois tem um maranhense que está de olho nesses dados e quer ajudar as pessoas a terem mais segurança em caso de furto de celular.

Trata-se de Alberto Leite, CEO e fundador do Grupo FS, uma holding de cibersegurança que já fatura 1,4 bilhão de reais — principalmente com o braço de antivírus e proteção para empresas.

Há dois anos, o grupo lançou uma nova frente de negócio, a Exa. Um produto vendido diretamente ao consumidor final, em forma de mensalidade, para proteger as informações e dados dos celulares. Ele inclui um antivírus para dispositivos móveis e um software para subir documentos em nuvem, mas com camadas mais fortes de proteção. 

Com a Exa, a holding já fatura algo na casa dos 350 milhões de reais. Mas quer crescer. E acaba de receber uma grana para isso. A empresa, por meio do Grupo FS, acaba de captar 160 milhões de reais para investir no desenvolvimento de novos produtos da frente de proteção de celulares. 

A captação vem por meio da emissão de títulos de dívida no mercado de capitais (nota comercial), coordenada pelo Bradesco BBI, e finalizada a um custo de CDI mais 1,45% ao ano.

O principal produto a ser desenvolvido é um sistema, chamado internamente de Locker, que consegue ser alocado na memória “mais profunda” do celular, resistente até mesmo a tentativas de resetar o smartphone. 

“O ladrão vai poder trocar a senha, tentar mexer nos aplicativos, mas não vai conseguir mexer nesse software que estará instalado numa área mais profunda do celular. Nós estaremos lá”, diz Leite.

“E a verdadeira dona do celular vai conseguir localização, gravar voz, bloquear a tela, ligar alarme, ficar acendendo e apagando a lanterna do celular”, diz. “O ladrão passará a ser perseguido pelo celular, até desincentivar esse tipo de crime”.

Segundo Leite, trata-se de um projeto que requer muito teste e pesquisa. E muito dinheiro também. Daí a captação de 160 milhões de reais agora. A segunda da história da Exa. A primeira foi em 2022, quando levantaram 100 milhões de reais.

Qual é a história do Grupo FS

A jornada do grupo FS começou em 2009. Leite, já morando em São Paulo, trabalhava em telefonia e olhava para a indústria de cibersegurança, à época muito focada em antivírus para computadores. 

“O crescimento vinha pelo fato da penetração da banda larga dos Estados Unidos na Europa, que ocorreu em 2004”, diz. “Em 2009, começava a ter penetração de novas tecnologias para celulares, e eu identifiquei que seria uma boa oportunidade desenvolver produtos de segurança também para dispositivos móveis”. 

Mas Leite “queimou a largada”, como mesmo diz:

“Na tecnologia, quando você está muito atrasado ou muito adiantado, você está errado”, diz. “Nós estávamos adiantando”.

A alternativa foi apostar em outros produtos de cibersegurança, e com isso, se fortaleceu no país. No início de 2017, o Grupo FS, já estruturado, vendeu uma participação relevante para o fundo de private equity Carlyle — que ficou na companhia até 2020, quando começou um processo de desinvestimento no Brasil.

“Me ofereceram, fiz uma oferta e recomprei a companhia”, afirma. “A partir de então, decidimos redesenhar a empresa. Em 2022, fizemos várias unidades de negócios da empresa, entre elas a unidade de pessoa física”.

Nascia aí a Exa, que fatura num modelo de mensalidade que vai de R$ 6,90 a R$ 19,90 por mês.

Quais são os planos com o aporte

A ideia é ampliar a quantidade de assinantes da ferramenta, ao passo em que desenvolve o novo produto que fará “da vida do assaltante, um inferno”.

Reduzindo a quantidade de furtos, a empresa espera, também, conseguir baixar o preço do seguro de celulares e ter tecnologias para desenvolver esse mercado. 

“Hoje, o seguro é caro devido a alta incidência de fraudes. Custa em média 25% do valor com aparelho, além de mais 25% no uso da franquia. Com nossa tecnologia para identificar eventuais fraudes, estimamos reduzir esse valor para menos de 10% do custo do aparelho”, diz Carlos Alberto Landim, CEO da Exa.

A meta do Grupo FS é crescer algo em torno de 15% neste ano. A empresa tem 1.200 funcionários e cerca de 55 milhões de assinaturas ativas.

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