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Dos 800 milímetros aos R$ 80 milhões: como o Vakinha apoiou a reconstrução após a tragédia no RS

A maior campanha solidária do Rio Grande do Sul mobilizou mais de 1,3 milhão de doadores e beneficiou 600 projetos; co-fundador do Vakinha revelou detalhes da operação inédita

Luiz Felipe Gheller liderou a maior campanha solidária da história do Rio Grande do Sul após as enchentes de 2024 (Arquivo Pessoal)

Luiz Felipe Gheller liderou a maior campanha solidária da história do Rio Grande do Sul após as enchentes de 2024 (Arquivo Pessoal)

Guilherme Santiago
Guilherme Santiago

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Publicado em 16 de abril de 2025 às 15h26.

Última atualização em 23 de abril de 2025 às 18h57.

Em maio de 2024, o Rio Grande do Sul enfrentou a pior tragédia climática de sua história. Em três dias, o estado acumulou mais de 800 milímetros de chuva — equivalente a dois meses de precipitação. Enquanto cidades eram alagadas e comunidades perdiam tudo, uma rede de solidariedade se formava.

Apenas quatro dias após o início das enchentes, o site Vakinha liderava o que se tornaria a maior campanha de arrecadação do estado. Foram quase R$ 80 milhões em doação de mais de 1 milhão de pessoas — tudo pela internet.

“Entendemos que era nosso papel liderar esse movimento”, contou Luiz Felipe Gheller, co-fundador do Vakinha, durante um painél no South Summit Brazil 2025, evento de inovação que aconteceu neste mês em Porto Alegre, numa corealização entre IE University, da Espanha, e o governo gaúcho. “Não apenas por sermos daqui do Rio Grande do Sul, mas também porque tínhamos a estrutura, a tecnologia e a credibilidade necessárias", disse o empresário.

A meta inicial era arrecadar entre R$ 3 milhões e R$ 4 milhões. “No fim, arrecadamos R$ 79,7 milhões só nessa vaquinha, além de ajudarmos outras 4,5 mil campanhas criadas paralelamente”, revelou Gheller.

Para o projeto dar certo, foi preciso estratégia. No primeiro momento, a prioridade era salvar vidas e atender necessidades urgentes. “Mandamos barcos, roupas de neoprene e kits de resgate”, relembra Gheller. Na segunda fase, veio a reconstrução: escolas, hospitais, moradias.

"Foi uma comoção nacional. Recebemos doações de todos os estados e até de fora do país”, completou Thiago Cid, diretor de operações do Vakinha.

Planos para o futuro

O Vakinha, hoje o maior site de doação online da América Latina, com 2 mil novas campanhas por dia, decidiu ir além do papel de plataforma. Criou o programa Vakinha por Causas para liderar mobilizações em crises emergenciais e causas estruturais.

Com 16 anos de operação, a plataforma reforça seu papel como agente de impacto social. “Somos uma empresa do setor 2.5”, explica Cid. “Nem só privada, nem só do terceiro setor. Somos negócios com propósito", revela.

O impacto, no entanto, vai além dos números. “A gente viveu um cenário de guerra. Mas também vimos um Brasil solidário, disposto a ajudar. É esse senso de coletividade que queremos manter vivo”, afirmou Gheller.

O documentário sobre a campanha, produzido pelo Vakinha, será lançado em breve. Enquanto isso, o convite segue aberto: "O que você consegue fazer hoje?", desafia Gheller. Para ele, é dessa pergunta que pode nascer a próxima grande mobilização.

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