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Criado por um francês, esse negócio de sensores de SC faz sua primeira aquisição — e é em Portugal

Empresa quer ampliar portfólio de produtos, expandir na Europa e dobrar o faturamento ainda em 2023

Guillaume Barrault, da Dynamox: empresário é europeu, mas consolidou seu negócio no Brasil. Agora, vai voltar sua atenção também para o continente de origem  (Dynamox/Divulgação)

Guillaume Barrault, da Dynamox: empresário é europeu, mas consolidou seu negócio no Brasil. Agora, vai voltar sua atenção também para o continente de origem (Dynamox/Divulgação)

Daniel Giussani
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 27 de julho de 2023 às 08h00.

Última atualização em 7 de agosto de 2023 às 14h03.

Ele até chegou a trabalhar na Europa. Passou um tempo na Inglaterra atuando no mercado financeiro, e também na França, país em que nasceu. Mas foi no Brasil que o empresário e engenheiro Guillaume Barrault decidiu construir seu negócio.

Junto com seu sócio Alexandre Ferreira - que conheceu na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) durante um doutorado em engenharia mecânica -, Barrault criou a Dynamox em 2011. A empresa produz e vende sensores sem fio de vibração e temperatura para as indústrias instalarem em suas linhas de produção.

Nestes 12 anos de atuação, abriram mercados e hoje exportam para 22 países. Também contam com escritórios nos Estados Unidos, Austrália, Emirados Árabes Unidos e França. Mas é agora que Barrault volta a olhar com mais atenção para o continente em que nasceu. A Dynamox acaba de comprar a Enging, empresa de sensores de Coimbra, em Portugal.

O objetivo da aquisição é ampliar o portfólio de produtos do negócio de Florianópolis. Hoje, os sensores produzidos pela Dynamox são de temperatura e vibração. Já a Enging faz outros dois, de corrente e tensão elétrica.

O que faz a Dynamox

A empresa de Santa Catarina fornece sensores sem fio de temperatura e de vibração.

“Qualquer coisa que vibra ou que tem variação de temperatura, a gente consegue identificar com nossos sensores”, diz Barrault.”Na indústria de mineração, por exemplo, monitoramos peneiras vibratórias, moinhos”.

Ao instalar esses sensores, as indústrias conseguem monitorar se a linha de produção está correndo bem ou se há algum problema, e identificá-lo com mais velocidade.

Até 2016, o foco do negócio era apenas vender o sensor. A partir de 2017, fizeram uma revisão da estratégia e incluíram o fornecimento de uma tecnologia para analisar os dados captados pelos sensores. É um dashboard de dados que pode ser acessado do computador ou do celular e que permite o monitoramento remoto da linha de produção e também que se faça prognósticos de falhas.

Entre os 500 clientes da Dynamox estão empresas do setor de água, óleo e gás, agronegócio e minerais. A empresa conta com 250 funcionários, sendo cerca de 80 engenheiros.

Um desses clientes é a Klabin, de celulose do Paraná. Por lá, 2.242 equipamentos são monitorados com os sensores e tecnologia da Dynamox.

Recentemente, por exemplo, uma máquina de caustificação (uma etapa que fica no coração das fábricas de celulose, ajudando na produção de licor branco) começou a vibrar de uma maneira diferente da comum. Como o sensor identificou isso, a equipe de manutenção foi ver o que estava acontecendo e identificou que o pé direito estava desalinhado. Fazendo a correção, logo a máquina voltou a funcionar na maneira como fora programada.

Qual foi a trajetória de Guillaume

Entre 2003 e 2006, Guillaume fez um doutorado dividido em dois países: o Brasil e a Austrália. Por aqui, foi na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Durante esse período, conheceu seu futuro sócio, na época um amigo.

Quando o doutorado terminou, ele pegou um avião e voltou para o continente europeu. Trabalhou por cinco anos no mercado financeiro em Oxford, na Inglaterra. Em um momento de “cash out”, resolveu voltar ao Brasil com a esposa e abrir uma empresa.

A primeira empreitada, já com o sócio Alexandre, foi de fabricar aparelhos auditivos. O negócio não foi para a frente, mas os ensinamentos ficaram para a Dynamox.

“Na verdade, a gente criou um aparelho auditivo para empresas”, diz Barrault. “Já sabíamos sobre bateria, domínio de tecnologia de ser sem fio, de captar ruídos, vibrações. Já tínhamos a tecnologia embarcada”.

Nessa jornada, dois clientes também foram importantes para o crescimento da empresa: a paranaense Klabin, de papel, e a Vale em Itabira (MG). Os contratos com essas companhias impulsionaram a receita e o desenvolvimento da Dynamox.

O que significa a aquisição

A aquisição da Enging agora vai além da adição de dois novos produtos no portfólio da Dynamox. A estratégia da empresa é também ampliar sua presença no mercado europeu.

“Já temos um escritório na França, mas a Europa ainda tem uma representação um pouco fraca na receita da Dynamox”, diz Barrault. “Agora, a Enging vai ser representante da empresa na Europa. São por volta de 30 funcionários que vêm para somar no negócio”.

A aquisição também ajudará a empresa a atingir sua meta de dobrar de faturamento em 2023. O número bruto não é revelado.

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