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Como garantir matrículas na quarentena? O novo desafio do ensino superior

Pesquisa mostra que interessados em estudar adiaram decisão sobre faculdade; quem está matriculado pode desistir devido à redução de renda.

Sala de aula da Anhanguera, do grupo Cogna (antiga Kroton): as ações dos grandes grupos de educação tiveram as maiores altas da bolsa na quarta-feira  (Germano Lüders/Exame)

Sala de aula da Anhanguera, do grupo Cogna (antiga Kroton): as ações dos grandes grupos de educação tiveram as maiores altas da bolsa na quarta-feira (Germano Lüders/Exame)

Mariana Desidério

Mariana Desidério

Publicado em 7 de maio de 2020 às 06h00.

Última atualização em 7 de maio de 2020 às 06h00.

As instituições de ensino superior não vivem seus melhores dias. A pandemia do novo coronavírus já afetou o período de matrículas do início do ano. Agora, elas têm o desafio de não deixar minguar as matrículas de meio de ano. Enquanto isso, precisam manter os estudantes que já estão matriculados, mas perderam renda e consideram desistir de estudar.

Um estudo realizado pela consultoria Educa Insights mostra que 25% dos alunos ouvidos tiveram sua renda altamente impactada pela crise, o que pode levá-los a interromper os estudos -- 20% deles perderam o emprego e 5% tiveram contrato suspenso ou redução de jornada de 75%. Segundo o levantamento, o estudante com mais chance de desistir e que deve ser priorizado pelas instituições é aquele com a renda mais afetada e que iniciou o curso a menos tempo.

A melhor forma de manter o aluno matriculado, segundo a consultoria, é criar soluções para o pagamento das mensalidades caso a caso, o que não tem sido a regra nas instituições. “Algumas instituições adotaram medidas gerais, com descontos fixos para todos, mas os dados mostram que o mais efetivo é ter uma abordagem personalizada”, afirma Daniel Infante, diretor da Educa Insights. A satisfação com os planos exclusivos de pagamento foi de 58%, ante 32% de avaliação positiva para os planos gerais de auxílio.

O levantamento também aborda o comportamento dos estudantes interessados em iniciar um curso agora. Segundo o estudo, 20% dos entrevistados pretende começar um curso no meio do ano. E 71% deles devem decidir sobre sua faculdade entre maio e junho. Em pesquisa realizada no mês passado, a maioria disse que decidiria sobre o tema em abril, mas a decisão foi adiada devido à pandemia. Na hora de decidir, eles vão levar em conta atributos como preço da mensalidade e ferramentas tecnológicas.

As matrículas no meio do ano já representaram 40% das matrículas no setor. Antes da pandemia eram cerca de 30%. Neste ano, as intenções de matrícula indicam até agora uma redução, para cerca de 20%. “´Será uma captação menor. Por isso, as instituições precisam maximizar a conversão e ser inteligentes no que oferecem ao aluno”, afirma Infante. Os dados indicam que uma boa política de descontos é importante, mas não funciona sozinha. Segundo a pesquisa, o desconto oferecido pela instituição é o mais importante, seguido por recursos como sessões virtuais com professores e eventos virtuais com profissionais formados no curso.

 

Na visão de Infante, a pandemia tem potencial para acelerar os investimentos em tecnologia nas instituições de educação. A pesquisa indica que 78% das instituições fizeram a migração do modelo presencial para o online devido ao coronavírus, sendo que 59% dos alunos classificaram sua experiência com o ensino à distância como positiva. No entanto, 77% dos alunos ainda manteria a escolha por um curso presencial, mesmo tendo passado pela experiência das aulas online. “Essa crise trouxe uma experiência para o professor que não tinha essa vivência e vai ajudar a quebrar barreiras internas em relação ao uso de tecnologia”, afirma.

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