Como a empresa do guru Michael Porter foi parar na Deloitte
Envolvida em escândalo após prestar consultoria ao ex-ditador Muammar Kadafi, empresa não conseguiu se recuperar da crise de 2008 e acabou pedindo proteção contra falência
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Michael Porter: guru da gestão corporativa é nome mais famoso por trás da consultoria Monitor, comprada pela Deloitte após pedido de proteção contra falência (Presidência do Peru)
Publicado em 4 de setembro de 2013 às, 13h14.
São Paulo - A Deloitte anunciou hoje a conclusão da compra da Monitor, empresa de consultoria do guru Michael Porter. A transação é o último capítulo de um processo amargo para a Monitor: no começo de novembro passado, a companhia declarou publicamente que não conseguiria honrar seus compromissos financeiros, pedindo proteção contra a falência na corte de Delaware, nos Estados Unidos.
Os ativos foram colocados em leilão e arrematados pela Deloitte por 116,2 milhões de dólares. A modesta quantia dá pistas do calvário enfrentado pela companhia nos últimos anos. Fundada por seis sócios em 1983, a Monitor sempre esteve ligada aos grandes cérebros de Harvard. Um deles, Michael Porter, foi verdadeiramente alçado à fama, ganhando status de guru no campo da gestão corporativa.
A empresa cresceu, ganhou grandes contas e enfrentou concorrentes graúdos, como a McKinsey, Bain Company e The Boston Consulting Group. Mas a crise de 2008 foi severa com a companhia. Com o mercado deprimido, as empresas dedicadas unicamente à consultoria estratégica demoraram para se levantar. Foi o caso da Monitor. Muitas outras passaram a ofertar serviços de assessoria financeira para continuar de pé.
Além disso, a Monitor também teve a imagem arranhada por um episódio controverso: por 3 milhões de dólares anuais, a empresa foi contratada para ajudar a polir a imagem do governo de Muammar Kadafi, ex-ditador da Líbia, entre os anos de 2006 e 2008.
Kadafi, que permaneceu no poder por longevos 42 anos, viu seu comando entrar em crise em fevereiro de 2011, quando a Primavera Árabe chegou ao país. Suas práticas de opressão e violência foram questionadas no mundo inteiro. A Monitor terminou se desculpando publicamente por ter trabalhado para o ex-ditador, que morreu em outubro daquele ano.
No Brasil, a companhia já foi contratada por empresas de peso, como a Nestlé. Agora, seus profissionais passarão a atuar sob a marca "Monitor Deloitte". Serão cerca de 1.200 colaboradores se unindo ao time de 200.000 funcionários da Deloitte.
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