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Com crescimento lento, empresas buscam fusões e aquisições

Pesquisa da Deloitte aponta que as companhias no país têm apostado em comprar ou se tornar parceiras de outras para vender mais e ganhar mercado


	Parmalat: compra da área de laticínios da BRF por R$ 1,8 bilhão foi uma das transações feitas no Brasil este ano
 (Giuseppe Cacace/Getty Images)

Parmalat: compra da área de laticínios da BRF por R$ 1,8 bilhão foi uma das transações feitas no Brasil este ano (Giuseppe Cacace/Getty Images)

Luísa Melo

Luísa Melo

Publicado em 23 de junho de 2015 às 09h52.

São Paulo - Em tempos de crise e queda no consumo, como agora, crescer organicamente é uma tarefa desafiadora para as empresas. No país, para fechar seus balanços com saldo positivo, elas têm apostado em aquisições e fusões. É o que aponta uma pesquisa divulgada nesta segunda-feira (22) pela Deloitte, que ouviu 211 companhias.

De acordo com o estudo, nos últimos cinco anos, 23% dos respondentes compraram ativos de alguma concorrente, 21% assumiram o controle de outras corporações, 13% venderam seus ativos e 11% participaram de joint-ventures.

As perguntas da pesquisa tinham respostas múltiplas, ou seja: uma mesma empresa pode ter adotado mais de uma estratégia.

Recentemente, de fato, grandes empresas se tornaram parceiras ou donas de outras por meio de transações bilionárias não só no Brasil, mas em todo o mundo.

Bons exemplos são a aquisição da área de laticínios da BRF pela Parmalat por 1,8 bilhão de reais, a compra da Nokia pela Alcatel-Lucent por 15,6 bilhões de euros e a fusão da Heinz com a Kraft Foods, um negócio de 41 bilhões de dólares. Todas elas foram fechadas no primeiro semestre deste ano.

Segundo o levantamento, esse tipo de operação continua nos planos das companhias. Dos entrevistados, 39% pretendem adquirir concorrentes, 36% aspiram fusões, e 34% almejam comprar ativos de outras organizações.

Com isso, elas buscam principalmente aumentar a receita (resposta dada por 69%), ganhar maior participação de mercado (66%) e entrar em novos nichos (62%).

“Embora as empresas tenham cautela para realizar esse tipo de operação, há um consenso de que as aquisições podem ser uma estratégia eficaz para aplicar recursos e ganhar competitividade em relação aos concorrentes”, afirma Reinaldo Grasson, sócio da área de Financial Advisory da Deloitte, em nota.

Onde conseguir dinheiro?

Financiar esses investimentos via empréstimos e mercado de capitais, porém, parece cada vez mais difícil. Entre os pesquisados, 71% disseram que devem captar recursos por meio do reinvestimento de lucros. Apenas 39% apostam em financiamento bancário e 36% em empréstimos de bancos e fundos de fomento.

Na mesma linha, apesar de 93% das empresas participantes da pesquisa não terem capital aberto na BM&FBovespa, apenas 3% do total disseram que pretendem fazer uma oferta pública inicial de ações (IPO) em 2015.

Entre os motivos para não se lançar na bolsa, os mais citados foram as incertezas sobre o cenário econômico (27%), a preparação para realizar um IPO nos próximos anos (22%) e o alto custo para abertura de capital (16%).

"Em 2014, apenas duas empresas listaram ações na Bolsa, captando R$ 1 bilhão em conjunto. Em 2015, até abril, houve apenas um IPO”, afirma Grasson, em nota.

Ele lembra também que, com exceção de um ligeiro aumento em 2014, o número de empresas que fecharam capital em bolsa supera o número de IPOs desde 2007.

“Isso pode ser um sinal de dificuldade financeira de algumas empresas ou a opção por voltar a um perfil privado, por razões estratégicas ou mesmo diferença de percepção entre o valor da empresa em bolsa e a visão do acionista”, diz. "O cenário pode ser reflexo também da falta de liquidez das ações", completa.

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