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Câmbio desmotivou Bunge a seguir com fertilizantes

São Paulo - O fortalecimento do real ante o dólar tornou o negócio de prospecção de fertilizantes menos atrativo, o que levou à venda dos ativos da Bunge neste nicho, de acordo com o presidente mundial da companhia, Alberto Weisser, em teleconferência com analistas. Segundo ele, a taxa de câmbio fez com que os custos […]

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h43.

São Paulo - O fortalecimento do real ante o dólar tornou o negócio de prospecção de fertilizantes menos atrativo, o que levou à venda dos ativos da Bunge neste nicho, de acordo com o presidente mundial da companhia, Alberto Weisser, em teleconferência com analistas. Segundo ele, a taxa de câmbio fez com que os custos aumentassem de forma significativa. Além disso, as atividades de prospecção operam em sua capacidade total e qualquer crescimento viria apenas de novos investimentos em minas.

Weisser considera que, diante do novo cenário mundial, em que cada vez mais empresas de grande porte estão se voltando para a mineração, inclusive algumas gigantes governamentais, as expectativas de lucratividade deste setor diminuíram. "Ficamos menos confortáveis em investir neste setor com todos esses novos riscos", disse. Segundo ele, a oferta feita pela Vale também atingiu o "pico das avaliações" realizadas.

O executivo afirmou que a venda dos ativos em minas e da participação na Fosfertil irá permitir que a Bunge concentre seu foco no setor de alimentos. Segundo ele, duas grandes apostas são o setor de açúcar e óleo de palma. No Brasil, o executivo disse que o setor de açúcar é muito mais lucrativo que os outros setores. "O preço do açúcar é formado pelo Brasil, o que faz com que o impacto de qualquer variação cambial seja menos relevante que no setor de fertilizantes, por exemplo", disse ele.

Segundo ele, os ativos levantados pela venda para a Vale, de US$ 3,8 bilhões, não serão utilizados para retomar a compra da Corn Products International (CPO), negócio que foi planejado pela Bunge, mas abandonado no final de 2008. "Os ativos serão direcionados para a área de alimentos e de agribusiness", disse.

Varejo

A Bunge manterá seu negócio de varejo em fertilizantes no Brasil mesmo com a venda de seus ativos relacionados à produção, incluindo nutrientes e a participação da empresa na Fosfertil Fertilizantes Fosfatados, pelo valor de US$ 3,8 bilhões. A Bunge informou, em nota, que firmará um acordo de suprimento com a Vale até 2012, com opção de prorrogação por mais um ano. A Bunge também manterá suas operações de fertilizantes na Argentina e nos Estados Unidos, e sua participação de 50% na joint venture com a Office Cherifien des Phosphates (OCP), no Marrocos.

Sob os termos do acordo, a Vale adquirirá a participação de 42,3% que a Bunge detém na Fosfertil, bem como as minas de fosfato integralmente pertencentes à Bunge e suas instalações produtivas no Brasil. A capacidade anual de produção de rocha fosfática e sua participação na Fosfertil correspondem a aproximadamente 3 milhões de toneladas.

Segundo Weisser, "é um momento oportuno para deixarmos a produção de fertilizantes no Brasil. Para manter o crescimento, teríamos que fazer investimentos de capital significativos. Com as incertezas relacionadas aos preços internacionais e ao câmbio local, acreditamos que será melhor investir em outras oportunidades. Além disso, grandes mineradoras globais estão ingressando no setor e diversificando seus portfólios de mineração. Ficamos felizes que este negócio passe para a Vale, que compartilha com a Bunge o compromisso de longo prazo com o Brasil".

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