Este ano, a expectativa é de crescimento de 25% na produção e 14% nas vendas. (Germano Lüders/Exame)
Agência O Globo
Publicado em 7 de abril de 2021 às 12h42.
Última atualização em 7 de abril de 2021 às 12h48.
Mesmo com a paralisação das montadoras nos últimos dias do mês de março, a produção de veículos no país não chegou a ser afetada. Em março, foram produzidos 220,3 mil veículos, um aumento de 5,5% na comparação com o mesmo mês do ano passado. No acumulado do primeiro trimestre, a produção alcançou 597,8 mil unidades, um crescimento de 2% em relação ao primeiro trimestre de 2020.
Apesar de boa parte dos trabalhadores já ter voltado ao trabalho, a Anfavea (associação que representa as montadoras) avalia que há risco de novas paralisações por conta do descontrole da pandemia.
— Há risco por causa da pandemia, já que especialistas preveem um mês de abril dramático - disse o presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes.
No final de março, havia paralisações em 14 montadoras do país, afetando 30 fábricas e 65 mil funcionários em seis estasdos do país. Hoje, cinco montadoras estão paradas, afetando dez fábricas e 5,5 mil funcionários em quatro estados do país. A paralisação este ano durou - ou vai durar - pouco ais de dez dias. No ano passado, em abril, a produção despencou a zero. As montadoras ficaram paradas mais de dois meses e aprodução encolheu 31,6%.
Este ano, a expectativa é de crescimento de 25% na produção e 14% nas vendas.
Mesmo com o fechamento de concessíonárias em cidades que decretaram medidas mais rígidas de distanciamento social e antecipação de feriados, as vendas em março passado cresceram 15,7% em relação ao mesmo mês de 2020. Foram licenciados 189,4 mil carros, comerciais leves, caminhões e ônibus, segundo a Anfavea. Em relação a fevereiro, o crescimento foi de 13,1%. No trimestre, as vendas recuaram 5,4% em relação ao mesmo período do ano passado, atingindo 527,9 mil unidades.
Moraes observa que as vendas cresceram porque março teve três dias úteis a mais que fevereiro, mas também porque o setor aprendeu com a pandemia a utilizar os canais digitais para vendas. O licenciamento online também contribuiu para esse aumento de vendas.
— Tudo isso contribuiu para o número bom mesmo diante desse cenário de pandemia - disse Moraes.
O presidente da Anfavea mostrou preocupação com a situação econômica do país. A confusão em torno do Orçamento Federal, por exemplo, mostrou falta de coordenação entre os poderes Executivo e Legislativo.
— Tem muita gente pensando na eleição de 2022 em Brasília e isso traz ruído político e incertezas - afirmou Moraes.
O executivo disse que o ambiente político e econômico instável prejudica a atração de novos investimentos das matrizes no Brasil.
— Nós somos os maiores embaixadores dos investimentos junto às matrizes. Mas fica difícil explicar o que aconteceu com uma coisa básica que é o Orçamento do país. Tivemos um trimestre relativamente bom, os números são aceitáveis, mas olhando para a frente fico preocupado - afirmou.