São Paulo – O mundo dos negócios é implacável: basta que uma empresa dê sinais de fraqueza para que se transformar em alvo potencial de aquisições e fusões. E, com os Estados Unidos e a Europa ainda combalidos pela crise mundial, várias companhias se tornaram candidatas a mudar de dono. No Brasil, as empresas chamam a atenção de possíveis compradores pelo potencial de expandir o mercado que elas lhes trariam, e não pelas dificuldades que enfrentam. Clique nas fotos e veja as principais presas desta temporada de fusões e aquisições.
No início de abril, a Coty surpreendeu o mercado ao apresentar uma oferta hostil de compra da Avon, avaliada em 10 bilhões de dólares – rechaçada prontamente pela Avon, que a considerou “substancialmente aquém” do valor justo. É claro que a negativa faz parte do jogo. A Avon vem se envolvendo em problemas há anos. Além de enfrentar dificuldades nos Estados Unidos, seu principal mercado, a empresa também é alvo de investigações por corrupção e informação privilegiada e substituiu, recentemente, Andrea Jung por Sherilyn McCoy na presidência executiva. A Coty não desistiu ainda e anunciou que obteve uma linha de crédito de 5 bilhões de dólares para continuar no encalço da rival.
A coluna Primeiro Lugar de EXAME antecipou, na edição 1014, que a Cosan negocia a compra da Comgás, responsável pela distribuição de gás natural no estado de São Paulo. A proposta é comprar a fatia da empresa paulista hoje em mãos da British Gas – um negócio avaliado em 2,5 bilhões de reais. Com origem no setor sucroalcooleiro, a Cosan está, cada vez mais, diversificando seus negócios, que já abrangem etanol, lubrificantes, alimentos e logística.
A fabricante brasileira de computadores CCE é outra empresa em vias de ser vendida. Conforme anteciparam o blog Faria Lima, de EXAME.com, e a coluna Primeiro Lugar da edição 1013 de EXAME, a chinesa Lenovo está em negociações avançadas para comprá-la. Os chineses avaliaram a CCE em 1 bilhão de reais, e estão dispostos a ficar com 70% da companhia. Com isso, avançariam sobre o mercado brasileiro, hoje liderado pela americana HP e pela brasileira Positivo.
5. Até o Senado americano entrou no rolozoom_out_map
5/8(Jeff Mitchell/Reuters)
Em novembro do ano passado, a American Airlines não resistiu à grave crise em que se encontra e partiu para a recuperação judicial. Desde então, a companhia aérea trabalha em um plano de reestruturação que prevê, entre outras medidas, o corte de 13.000 funcionários. Em paralelo, a empresa começou a ser assediada pela US Airways. Segundo a imprensa americana, a companhia iniciou contatos informais com sindicatos e credores da American Airlines, a fim de convencê-los de que a fusão das companhias é o melhor caminho. Em seu cálculo, as sinergias seriam de 1,5 bilhão de dólares por ano. A US Airways não descartaria uma oferta hostil – o que levou a senadora republicana Kay Bailey Hutchison, do Texas, a protestar veementemente contra a possível fusão.
Há três meses, a empresa de genética Illumina resiste às investidas da Roche, que deseja comprá-la. O objetivo seria fortalecer a área de medicamentos contra o câncer da Roche, na qual o sequenciamento genético é fundamental para desenvolver novos produtos. A oferta inicial da Roche seria de 5,7 bilhões de dólares em dinheiro. A Illumina, porém, modificou seu estatuto antes do lançamento da oferta, e incluiu as chamadas “pílulas de veneno” para se proteger da investida. Depois dos protestos de praxe, a Roche elevou a oferta para 6,7 bilhões de dólares – e continua no encalço de sua presa.
A portuguesa Cimpor, uma das maiores cimenteiras do mundo, também pode engrossar a lista das empresas com novos donos. No final de março, a brasileira Camargo Corrêa lançou uma oferta para conquistar o seu controle. A Camargo Corrêa já detém 33% da Cimpor, mas busca agora os outros 67%. Se bem-sucedido, o negócio alcançaria cerca de 1 bilhão de euros. Comum nos scripts de histórias como essa, a diretoria da Cimpor afirmou que a proposta é baixa, por subavaliar a empresa e ignorar as sinergias que seriam criadas. De qualquer modo, pelo menos dois acionistas da Cimpor manifestaram interesse em vender suas fatias à Camargo Corrêa: o fundo de pensão do banco Millennium BCP e a Caixa Geral de Depósitos – mas nada foi decidido até agora.
A companhia aérea portuguesa TAP é outra candidata a mudar de mãos. Desta vez, porém, a própria direção da empresa indica que esta seria uma boa solução para evitar que os seus problemas se aprofundem.