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Presidente iraniano Rohani toma posse de 2o mandato

Rohani é criticado por não nomear mulheres ministras e conceder pouco espaço aos reformistas, que o apoiaram

Rohani: para a posse, Irã convidou Federica Mogherini, chefe da diplomacia da União Europeia (Atta Kenare/AFP/AFP)

Rohani: para a posse, Irã convidou Federica Mogherini, chefe da diplomacia da União Europeia (Atta Kenare/AFP/AFP)

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AFP

Publicado em 5 de agosto de 2017 às 11h31.

O presidente iraniano Hassan Rohani presta juramento neste sábado (5) diante do Parlamento, na presença de vários líderes estrangeiros, antes de apresentar seu governo, cuja composição já está sendo criticada por seus aliados reformistas.

Rohani, um religioso moderado de 68 anos, iniciou oficialmente o seu segundo mandato na quinta-feira (3) após a "validação" de sua eleição pelo guia supremo do país, o aiatolá Ali Khamenei.

O Irã convidou alguns líderes estrangeiros, entre eles Federica Mogherini, chefe da diplomacia da União Europeia, que quer desenvolver as relações com o Irã, apesar da pressão dos Estados Unidos para manter o país isolado.

"A violação reiterada dos compromissos pelo governo americano e as novas sanções contra o Irã (...) podem ser destrutivas" para o acordo nuclear, declarou Rohani ao receber Mogherini.

"Todas as partes são responsáveis para preservar o acordo" concluído em julho de 2015 entre Teerã e as grandes potências mundiais, acrescentou.

O emir do Catar, que participou da posse em 2013, não assistirá ao juramento devido à crise com a Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Bahrein e Egito.

Para os iranianos, a questão mais importante é a composição do governo.

Rohani está sendo criticado há dias por não nomear mulheres ministras e conceder muito pouco espaço aos reformistas, que o apoiaram durante a campanha. O atual gabinete tem três vice-presidentes mulheres.

"Os reformistas possibilitaram a eleição de Rohani em 2013 e em 2017 [...] ele deveria ouvir aqueles que o apoiaram", declarou Rasul Montayabnia, vice-presidente do partido reformista Confiança Nacional, segundo o jornal Arman.

Em ambas as eleições, os candidatos reformistas se retiraram da disputa para apoiar Rohani, que nas duas ocasiões foi eleito com a promessa de normalizar as relações com o Ocidente e fortalecer as liberdades culturais, sociais e políticas.

"Rohani criou uma grande expectativa com suas promessas durante a campanha eleitoral e hoje parece estar em retirada", apontou à AFP Ali Shakurirad, chefe do partido reformista Unidade Popular.

Ao não nomear mulheres para cargos ministeriais, ele quis "evitar problemas com os líderes religiosos" e "quaisquer dificuldades" no início do seu segundo mandato, acredita.

O presidente ainda não revelou a lista de seu governo, que deverá ser apresentada em duas semanas e ser submetida ao voto de confiança do Parlamento.

Investimentos estrangeiros

O ministro das Relações Exteriores, Mohamad Javad Zarif, e o do Petróleo, Bikhan Namdar Zanganeh, permanecerão em seus cargos, de acordo com várias fontes.

"Rohani vai conseguir facilmente a confiança do Parlamento para os seus ministros [...] e não acho que haverá mudanças significativas em sua política econômica e social", declarou à AFP Henry Smith, especialista em Irã no grupo de consultores Control Risks.

Rohani encerrou o confronto dialético com a Guarda da Revolução, o exército de elite do país, depois de criticar o seu papel na economia.

"Rohani não está interessado em tirar a Guarda da Revolução do setor econômico. Quer apenas criar um espaço para atrair investimentos estrangeiros e novas tecnologias necessárias para o país", acrescentou Smith.

O acordo nuclear alcançado com as grandes potências em julho de 2015 permitiu o retorno de grandes empresas internacionais.

Mas as sanções americanas e a crescente hostilidade do presidente Donald Trump complicam a tarefa do presidente Rohani, que precisa de bilhões de dólares em investimentos estrangeiros para impulsionar a economia e reduzir o desemprego, que afeta 12,7% da força de trabalho.

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