Mundo

Argentina: pobreza aumenta e atinge 40,1% da população no primeiro semestre de 2023

9,3% dos argentinos vivem em situação de indigência, por não terem rendimentos suficientes para cobrir os gastos com alimentação básica

Argentina: catadores de lixo ao lado de um grafite de Lionel Messi em Buenos Aires (Javier Tovar/AFP)

Argentina: catadores de lixo ao lado de um grafite de Lionel Messi em Buenos Aires (Javier Tovar/AFP)

AFP
AFP

Agência de notícias

Publicado em 27 de setembro de 2023 às 19h41.

Última atualização em 27 de setembro de 2023 às 19h47.

A pobreza na Argentina alcançou 40,1% da população no primeiro semestre de 2023, segundo dados oficiais publicados nesta quarta-feira, 27, a poucas semanas das eleições presidenciais, marcadas pela situação crítica da economia.

Além disso, o instituto estatal de estatística, Indec, informou que 9,3% da população vive em situação de indigência, quando as pessoas não têm rendimentos suficientes para cobrir os gastos alimentares básicos.

Fique por dentro das últimas notícias no WhatsApp da Exame. Inscreva-se aqui 👉 https://t.ly/6ORRo

"Os preços aumentam e a renda das famílias não se recupera. Com o tempo, sempre fica abaixo e com perdas muito importantes de um mês para o outro", explicou à AFP Eduardo Donza, pesquisador do Observatório da Dívida Social Argentina da Universidade Católica Argentina (UCA).

O principal fator que incide na medição da pobreza é a inflação elevada, que fechou em 50,7% no primeiro semestre e continuou subindo para 80,2% até agosto, quando registrou o maior valor mensal em três décadas (12,4%). A medição a 12 meses mostra um aumento de mais de 120% do Índice de Preços ao Consumidor (IPC).

Inflação e trabalho precário

Donza assinalou que, além da inflação, há uma "precarização" do trabalho, o que obriga muitos a buscar uma fonte de renda adicional para chegar ao fim do mês.

A pobreza foi de 36,5% no primeiro semestre de 2022 (com 8,8% de indigência) e de 39,2% no segundo (8,1% de indigência).

"Há uma situação de perda de poder aquisitivo de todos os grupos da população", apontou Leopoldo Tornarolli, pesquisador do Centro de Estudos Distributivos, Trabalhistas e Sociais da Universidade Nacional de La Plata.

Segundo esse especialista, a tendência é de alta e a inflação bastante elevada dos últimos três meses vai gerar, no fim do ano, "outro máximo de pobreza que, inclusive, deve superar o pior momento da pandemia", ao final de 2020, quando o índice chegou a 42%.

"Há famílias com rendimentos menores reais em todos os estratos sociais. Isso significa que alguns que eram classe média se tornam vulneráveis e alguns que eram vulneráveis se tornam pobres", explicou.

Por décadas, a Argentina aparecia entre os países com menor pobreza em comparação com outros vizinhos da região.

"O lamentável é que a tendência mudou", destacou Donza. "Muitos vizinhos nossos melhoraram a situação de suas populações, enquanto a Argentina retrocedeu, partindo de uma situação que, nas décadas de 1940, 1950, 1960 e até 1980, era bastante invejável."

"A Argentina está entrando em uma piora constante e cada vez mais acentuada", opinou.

Nesse sentido, a deterioração da situação econômica tem dominado a campanha eleitoral para as eleições de 22 de outubro.

Nos últimos dias, o ministro da Economia e candidato da situação, Sergio Massa, anunciou subsídios e reduções de impostos para aliviar a perda de renda. Do outro lado, o libertário de extrema direita Javier Milei promete cortes de gastos públicos e a dolarização da economia.

Acompanhe tudo sobre:ArgentinaPobrezaDesemprego

Mais de Mundo

Kamala x Trump: como estão as pesquisas a menos de um mês da eleição?

Zelensky diz que quer que a guerra com a Rússia termine até 2025

Banco Mundial aprova fundo bilionário para Ucrânia, afirma agência

Orlando reabre aeroporto e parques após passagem de furacão Milton