Não há provas materiais que me incriminem, diz "Chacal"
Ilich Ramírez Sánchez afirmou que a abertura do processo contra ele é "uma manipulação grosseira"
EFE
Publicado em 13 de março de 2017 às 14h11.
Paris - O terrorista venezuelano Ilich Ramírez Sánchez - mais conhecido como 'Carlos, o Chacal' - denunciou que o processo aberto nesta segunda-feira contra ele em Paris, na França, por um atentado em setembro de 1974 é "uma manipulação grosseira", porque "não há provas materiais nem nada" que o incriminem pessoalmente.
"Não há nenhuma testemunha capaz de me identificar", afirmou Ramírez Sánchez ao tomar a palavra durante o exame de uma questão de procedimento com a qual seus advogados questionaram a competência do Tribunal Penal de Paris para julgá-lo.
Além disso, 'Carlos' denunciou que está preso na França desde 1994 "de forma irregular", em alusão à operação dos serviços secretos que permitiu sua captura no Sudão em agosto daquele ano, segundo ele mesmo alega, pelas mãos "da CIA" americana.
Os juízes, no entanto, rejeitaram o pedido de seus advogados de adiar o processo e julgar seu cliente por um júri popular e não por um tribunal composto exclusivamente por magistrados, ao tratar-se de uma questão terrorista.
'Carlos' disse que "na França não há uma verdadeira democracia" e a comparou com a "democracia participativa" que, segundo ele, existe em seu país, a Venezuela, desde a "revolução bolivariana" do já falecido presidente Hugo Chávez.
'Chacal' qualificou as associações de vítimas que se constituíram como acusação particular no julgamento dele de "carniceiros que conseguem dinheiro às custas do contribuinte francês", em alusão às indenizações que poderiam ser geradas em uma sentença condenatória e que seriam pagas pelo Estado francês a título subsidiário.
Ramírez Sanchez, que tem 67 anos e pode ser sentenciado a uma terceira prisão perpétua, se definiu como um "revolucionário profissional".
'Chacal' será amanhã examinado por um médico, a pedido seu, por problemas em um ombro que, segundo ele, podem se agravar se os agentes que o mantém sob custódia o algemarem com as mãos para trás.
O tribunal fez uma revisão das testemunhas que são esperadas durante o julgamento e várias delas apresentaram atestados médicos para não prestarem depoimentos e para que pudessem fazê-lo através de videoconferência.
A advogada do acusado, Isabelle Coutant-Peyre, alertou que não aceitará esta segunda opção, que é "uma declaração virtual", e reivindicou que as testemunhas estejam presentes fisicamente na audiência.
O julgamento será retomado hoje mesmo com a leitura da acusação, que detalha os elementos do atentado com granada na galeria comercial de Drugstore Publicis, no bulevar Saint Germain em Paris, que causou a morte de duas pessoas e ferimentos em dezenas no dia 15 de setembro de 1974.