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Milei aposta em inflação de 1% até outubro após cortes bilionários em gastos públicos

Governo argentino eliminou 42 mil cargos e reduziu investimentos e subsídios para garantir ajuste de até US$ 40 bilhões, segundo ministro

Milei: A chamada “motosserra”, símbolo da campanha de Milei, resultou em uma economia fiscal estimada em [grifar]US$ 42 bilhões desde o início do mandato (Tomas Cuesta/AFP)

Milei: A chamada “motosserra”, símbolo da campanha de Milei, resultou em uma economia fiscal estimada em [grifar]US$ 42 bilhões desde o início do mandato (Tomas Cuesta/AFP)

Da Redação
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Redação Exame

Publicado em 3 de maio de 2025 às 15h09.

O governo do presidente Javier Milei eliminou 42 mil cargos públicos e reduziu drasticamente investimentos e subsídios para conter a inflação e equilibrar as contas da Argentina. A meta agora é atingir uma inflação de 1% ao mês até as eleições legislativas de outubro, algo não visto desde 2017.

Segundo reportagem do jornal argentino Clarín, o ministro de Transformação e Desregulação do Estado, Federico Sturzenegger, lidera a estratégia de cortes. A chamada “motosserra”, símbolo da campanha de Milei, resultou em uma economia fiscal estimada em US$ 42 bilhões desde o início do mandato, em dezembro de 2023.

O ajuste afetou -- e seguirá afetando -- diferentes áreas: os investimentos públicos caíram 75% em 2024, os subsídios à energia foram cortados em 53% no primeiro trimestre de 2025, e os repasses ao transporte de passageiros sofreram quedas de até 44,5%.

Ao mesmo tempo, as tarifas de energia, sem subsídios, subiram — em média, 156,9% na grande Buenos Aires e até 269,4% na Patagônia.

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No funcionalismo, os gastos com pessoal foram reduzidos em 9,3% em termos reais. Programas sociais, como o Alimentar e o Trabalhar, encolheram 25,3%, enquanto os repasses para hospitais públicos despencaram 51,9%.

Apesar da retórica de austeridade, o governo destinou 50 bilhões de pesos argentinos ao Ministério do Capital Humano, comandado por Sandra Pettovello — valor sete vezes maior que o do Ministério da Economia. Em contraste, o Ministério da Saúde recebeu apenas 7,5 bilhões de pesos para o ano.

Déficit zero, dólar estável e FMI como fiador

A Casa Rosada faz uma aposta dupla: além de debelar a inflação, manter o dólar sob controle em um ano eleitoral. Mas a faixa de variação da moeda é ampla — entre 40% e 60% — o que, segundo Alcadio Oña, que assina a reportagem do Clarín, revela risco de instabilidade e pressão inflacionária.

Milei conta com um colchão cambial de US$ 20,6 bilhões, incluindo US$ 15 bilhões do FMI, que respaldam a política de ajuste.

Esse valor faz parte de um empréstimo total de US$ 20 bilhões e reforça o Fundo como principal credor da Argentina, cuja dívida total ultrapassava US$ 253 bilhões em março.

Em troca, o governo se comprometeu com metas como a acumulação de US$ 5 bilhões em reservas nos próximos meses. Para Sturzenegger, o plano "tirou 10 milhões de argentinos da pobreza".

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